A Fazenda

Parte 2 - A Mudança

Depois que Liz terminou o noivado, decidi voltar para o Texas e ficar com minha mãe, cuidar dos negócios e da fazendo. No escritório fizeram uma festa de despedida, sabia que de qualquer forma, iriam sentir minha falta e eu sentiria a deles.

Não quis levar nada, além das minhas roupas, livros e coisas de higiene pessoal. Tudo que me lembrava Liz tinha ido para o lixo e a casa vendida junto com os móveis, não foi difícil vender, também vendi meu carro já que iria para o Texas, e o dinheiro viria bem a calhar.

Minha mãe estava animada com minha volta, fiquei feliz em ver ela feliz, aos pouco ela se alegrava um pouco mais, mas a fazendo ainda tinha um ar triste, sabíamos que ela sempre se tornaria incompleta sem meu pai. Ela fez questão de arrumar minhas roupas no armário, embalei os ternos em plástico já que aqui claramente não usaria tão cedo.

- Mãe vou a cidade comprar um carro, mais especificamente uma caminhoneta, ainda não acredito que papai nunca comprou - ela me olhou rapidamente e voltou a dobrar minha roupas.

- Ele dizia que era muito difícil dirigir e preferia as carretas dele - rimos.

- Quer algo do mercado, posso pegar já se quiser.

- Claro - ela desceu até a cozinha e voltou com uma lista.

Me despedi e fui até a cidade, não demorou muito consegui comprar a caminhoneta, já consegui sair com ela. Tínhamos bastante dinheiro, mas nunca gostamos de esbanjar isto, porém uma caminhoneta era mais que necessário agora. Passei no mercado e voltei para casa, ajudei minha mãe a guardar as compras.

Troquei de roupa e fui para os estábulos. Tinha um total de seis cavalos, um era todo preto, apenas com uma marca branca na cara, outro era branco com crinas preta, três eram marrons com crinas em um tom de marrom mais escuro e outro era de cor bege. Limpei suas celas, fedia a m***a claro, troquei suas rações e águas, eram coisas que me lembrava perfeitamente de ajudar meu pai quando era mais novo. Ele explicava cada movimento, cada coisa tinha que ser feita de forma perfeita, não perdia um só detalhe. Me recordava que mesmo que o amasse, ficava impaciente com suas explicações e que, apenas as escutava para executar meu trabalho perfeitamente e no final do dia me deixar montar nos cavalos.

Arrumei as ferramentas na parede e aproveitei para fazer uma lista de coisas que faltavam e que precisaria para tocar a fazenda. Ainda precisa encontrar pessoa para ajudar com o gado, já que tínhamos que levar eles para o outro lado da fazenda. Realmente tinha muita coisa a fazer ainda, retornei para casa já estava noite e tinha um cheiro muito bom de comida vindo da cozinha.

- O jantar tá quase pronto – disse minha mãe colocando pratos na mesa.

- Tudo bem mãe, vou só tomar um banho e já desço – beijei sua testa e sai.

Subi, tomei um banho quente um pouco demorado, vesti uma calça moletom e uma camiseta de manga comprida, o aquecedor da casa não deixava que ficasse muito frio aqui dentro, Graças a Deus, pois caso contrário, estaríamos congelando. Desci e minha mãe já tinha posto a mesa, me sentei junto a ela e jantamos, conversamos sobre a fazendo e entre outras coisas. Ajudei ela a tirar a mesa, a lavar a louça e fomos para sala, eu bebia café e ela um chá.

- Os netos da Eliza estão vindo morar com ela – eu a encarei sem entender.

- A senhora conhece a Senhora Eliza Jones? - ela sorriu.

- Claro, ela é nossa vizinha a tantos anos e m*l saia de casa, pois o marido tinha falecido.

- Sabe a história de vida dela pelo visto – ri em silêncio e ela deu um leve t**a no meu braço.

- Nós conversamos, mas ela tem uma neta que é linda, tem quase sua idade – eu a encarei f**o e ela riu.

- Mãe eu acabei de terminar um noivado – ela revirou os olhos e bebeu seu chá.

- Mas ainda não morreu.

- Eu não quero ninguém, estou bem solteiro.

- Como ficou amargo – ela levantou. - Vou dormir, boa noite filho.

- Boa noite mãe.

Ela subiu e eu terminei meu café, subi para o quarto e fiquei deitado na cama pensando no que minha mãe disse, não sobre a neta da Senhora Jones, mas sobre eu ter ficado amargo. Isso era real? Eu tinha ficado amargo? Eu sequer teria coragem de amar novamente?

Meus sentimentos tinham mudado e isso eu não poderia negar. Liz me fez acreditar que ela era a pessoa que estaria comigo até meu último suspiro assim como minha mãe e meu pai. Que seria com ela que realizaria todos meus sonhos e desejos, que ela estaria comigo em casa conquista e quando contou que havia me traído, parecia que tudo isso se apagou, apagou a mim.

No dia seguinte, tinha que ir até próximo a montanha pegar um bezerro que havia fugido, selei o cavalo preto e montei, era como andar de bicicleta, me lembrava tão perfeitamente de como se fazia. Cavalguei até próximo a montanha, não encontrei tal bezerro e o dia estava tão lindo que decidi subir a montanha, o nascer do sol de lá de cima era lindo. Distraído, vi uma menina cavalgando em um cavalo branco, seus cabelos voavam pelo vento, o que me impressionava era a velocidade que ia e o cavalo não estava selado, ela montei nele apenas segundo em umas cordas que não o apertavam.

Pensei mais vezes do que podia contar em uma mão em descer e a correr da minha propriedade, mas era tão lindo e sabia que ela apenas cavalgava, como um mero prazer, um passa tempo que lhe causava tal sensação.

…

Voltei para casa e minha mãe me esperava com um café e um pedaço de bolo, me sentei com ela no sofá que tinha na área da frente de casa.

- Vi um menina cavalgando na fazenda hoje - falei e ela me encarou.

- Tem bastante gente que acaba cavalgando na fazenda além das montanhas, seu pai não levantou a cerca para aquele lado ainda.

- Ele não se preocupava com as pessoas entrando?

- Claro que não meu filho, seu pai conhecia praticamente todos nessa cidade, e aquela parte da fazenda não utilizamos muito - assenti.

- Mas irei providenciar uma cerca, pode em algum momento a senhora ficar sozinha e é perigoso - ela me encarou e sorriu.

- Não tenha pressa.

Terminei meu café e voltei para as tarefas da fazenda.

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