Capítulo 4 - Escola

1989 Words
Armin POV Quase dei um berro ao perceber como estávamos na cama, e isso fez o humanóide em minha frente se assustar tanto quanto eu dando instintivamente um salto para trás. – Por que você estava abraçado em mim?! Murmurei gritado mesmo que minha vontade fosse berrar até que aquele pesadelo se dissipasse. Vi o ser do outro lado da cama com um semblante confuso enfezar suas orelhas. – Foi Armin que abraçou Vikram! Se defendeu cruzando os braços me fazendo rir sem humor. – Impossível! Eu nunca cometeria uma loucura dessas! Apontei certo do que eu estava falando. – Eu sou um rapaz decente, e não esses garotos que acham já estar no mundo futurista da década de 40! Citei lembrando de que alguns garotos da minha sala já se referiam a próxima década como a era da liberdade, quando na verdade tudo é um pretexto para suas libertinagens. Vikram se virou para o outro lado, e por um momento jurei que o vi revirar os olhos, mas sei bem que ele nem deve estar entendendo sobre o que eu estava me referindo, então logo desfiz esse meu pensamento. – Está vendo? É por isso que você não pode ficar aqui! Muito menos perto de mim! Acusei e vi ele voltar seus olhos para mim que pareciam bem mais brandos e tristes. – Mas Vikram bonzinho! Vikram não fez nada! Sua voz se tornara um fiapo ao dizer aquilo, mas mesmo assim eu neguei me sentando na cama e pensando em uma alternativa de tirá-lo de meu quarto sem que ninguém o percebesse. [...] – Ai meu Deus, é hoje que eu morro... Murmurei enquanto enrolava aquele homem esquisito em um lençol qualquer. O que era praticamente impossível com ele me desconcentrando a cada segundo sorrindo com aqueles dentes perfeitos, covinhas nas bochechas e me cheirando como um animal tentando saber mais sobre mim. – Vikram, fica com essa cauda quieta! Disse já sem paciência com ele que me olhou risonho. Toda vez que eu ajeitava o lençol por cima dele seu r**o mexia e o fazia descobrir seu rosto e suas orelhas. – Vikram não consegue! Disse fazendo bico e me encarando com aquelas íris absurdamente azuis. Eu não tinha nenhuma opção além daquela no momento, já que eu não podia manter um completo desconhecido dentro de meu quarto. É exatamente o que nossos pais nos ensinam a não fazer. Ainda mais se esse desconhecido ainda por cima é uma aberração. – Vai ter que conseguir! Irritado eu exclamei tentando de alguma forma amarrar o lençol, mas sua cauda ainda se mexia rebelde. Eu estava a um segundo de agredir ele, mas me contive pois, bater em alguém tão bonito quanto ele, deve ser considerado por Deus um pecado imperdoável. Sim, ele era bonito, eu precisava admitir. Mas aquelas anomalias que ele tinha ainda me deixavam tão... assustado. Ainda não sabia ao certo o que ele era capaz de fazer, então apenas me mantive tentando ficar calmo. Massageei minhas têmporas e suspirei cansado logo pela manhã. – Tudo bem, apenas fique com sua cauda em suas mãos, okay? Pedi calmamente explicando o que ele deveria fazer e ele sorriu assentindo fazendo o que eu falei. Recoloquei o lençol sobre sua cabeça e suspirei olhando para o seu roso no meio e vi seu r**o mexendo sob seu queixo me fazendo abafar um risinho com a cena minimamente cômica. – Apenas me obedeça e assim nós vamos conse- Comecei a explicar, mas fui interrompido por batidas na porta bem características de meu melhor amigo. Vi as orelhas de Vikram subirem e descobrir sua cabeça, e suas pupilas se tornaram bolinhas ínfimas entre as iris dos olhos. – Arrrrrrrmin, abra esta porta! Escuto a voz de Theo agora se pronunciar e arregalo os olhos olhando para Vikram mais uma vez que franziu o cenho olhando por cima de meu ombro e já querendo ir em direção a porta. Impedi ele vendo o mesmo me olhar confuso, ou irritado, não sabia bem discernir. E agora? Onde eu vou colocar ele? Como eu vou explicar isso para Theodore?! Em um fragmento de pensamento eu empurrei Vikram para meu guarda roupas e o coloquei sentado no chão ainda envolvido pelo lençol e ele me olhava sem entender. – Por quê Vikram não pode ficar? Ele pergunta alto demais já não mais com sua voz habitual, e sim em um tom mais grave que fez meus pensamentos tropeçarem por um instante. Nervoso, eu tapo sua boca com minha mão vendo ele me encarar confuso, mas seus olhos sorriram de repente e ao tirar minha mão vi que sua boca também. – Por quê do sorriso? Perguntei em sussurro Irritado por ver que Vikram não ajudava em nada quase me esquecendo de um Theo furioso em minha porta, e vi o sorrisinho dele se alargar. Acabei por perceber que ele realmente tinha um sorrisinho quase que cafajeste, roubando toda a minha atenção para aquele detalhe. – Vikram gosta de Armin! Ele solta baixinho e eu sinto meu rosto ferver em susto. Me levanto rapidamente já fechando a porta do guarda roupas fingindo não ter escutado aquilo. Eu não tinha tempo e nem cabeça para ficar me apegando a esses detalhes agora. – Fique quietinho aí! Digo e ele afirma ainda sorrindo. – Abre logo seu e******o! Meu amigo estava prestes a arrombar a porta quando eu abro e ele me fuzila com os olhos e torce o nariz redondinho. Theo é o tipo de amigo que não tem paciência com muita coisa, mas mesmo assim consegue ser amável e prestativo. Parece controverso, mas é a verdade. – Pensei que eu ia ter que mandar um convite formal para vossa senhoria! Ele reclama invadindo meu quarto e se sentando em minha poltrona cruzando as pernas sem nem mesmo me dar um "bom dia". Reviro os olhos fechando a porta de mãos trêmulas por saber que estava escondendo algo que a qualquer momento podia me entregar. – O que você está fazendo aqui tão cedo, lontra? Perguntei me sentando na borda de minha cama engolindo a seco sabendo que quanto mais tempo ele ficasse maior era o risco de ele descobrir Vikram alí. – Saí cedo porque não aguentava mais papai dizendo que eu tenho que ser um bom exemplo para meu irmão e toda aquela conversa de sempre! Comentou ele de bico torcido então eu suspendi minhas sobrancelhas. – E só por causa disso resolveu madrugar na minha casa?! Perguntei a fim de que ele saísse daqui o mais rápido possível. – Só por isso não, né Min? Temos aula hoje! Ele diz apontando para o uniforme que ele estava usando e eu arregalo os olhos olhando para o relógio acima de minha escrivaninha. Merda... eu já estava atrasado! Segunda-feira depois de um feriado sempre me faz esquecer de que eu sou um estudante. Eu não sabia mais nem pelo que me desesperar. Se me desesperava com Vikram dentro do guarda roupas, ou com Theo prestes a descobrir sua existência, ou com a escola que eu não sei como iria fazer para ir... Droga! Corri para o banheiro já entrando no banho crendo firmemente que eu daria um jeito de deixar Vikram em algum lugar sem que Theo veja. – Theodore Silver, nem se atreva em mexer em alguma coisa! Gritei de dentro do banheiro e, antes de ouvir sua resposta eu escutei ele espirrar. Mas não só uma, quanto dezenas de vezes. E assim que saio do banheiro colocando minhas meias vejo ele com o nariz vermelho e com os olhos sendo coçados pelas suas duas mãos. – Por acaso tem algum gato aqui dentro?! Ele perguntou se levantando com uma careta e olhando embaixo da cama e eu senti meu coração errar uma batida. Mais uma série de espirros fez ele se irritar indo lavar o rosto em meu banheiro comigo indo atrás dele totalmente sem saber o que fazer. Como eu ia saber que Vikram iria dar alergia no pobre coitado do Theo?! – N-Não... Por quê a pergunta? Menti enquanto penteava erroneamente meu cabelo ao seu lado e ele coçava o rosto incessantemente. – Eu só tenho alergia a duas coisas nessa vida... Ele pausou seu momento de coceira para me encarar com os olhos já tão vermelhos quanto o rosto. – ...pepino e gatos. E você odeia pepinos, então só pode ser gato! Ele sai procurando em tudo quanto era gaveta, canto ou móvel e eu entro em um desespero falho quando ele abriu o guarda roupas, já que ele já havia encontrado o garoto. Um silêncio longo se estabeleceu no quarto enquanto Vikram se encolhia no fundo do guarda roupas, em vão, claro. Ele era enorme como um jogador de basquete, como poderíamos não vê-lo? – Armin, acho que isso aqui merece uma explicação sórdida e longa, não é? Ele diz de olhos arregalados apontando para Vikram que estava de orelhinhas baixas pois provavelmente estava com medo de Theo. – Theo, ele não é perigoso... Disse correndo até eles e me pondo entre Theodore - que ainda coçava o rosto - e Vikram que saiu do guarda roupas ficando atrás de mim com medo. Youngjae semicerrou seus olhos que logo se alargaram novamente por perceber do que se tratava. – O que é essa coisa?! [...] – Tá, e você quer que eu acredite que isso aí é humano? Ele diz tomando um xarope antialérgico enquanto eu ajeitava o lençol sobre Vikram mais uma vez vendo que o mesmo olhava para Theo com desconfiança. – Não fala assim, okay? Ele é bonzinho! Reclamei repetindo a mesma expressão que Vikram usara mais cedo vendo o mesmo sorrir pequeno e Theo riu dando de ombros pegando sua pasta da escola. – Bonzinho?! Min, nós nem sabemos se isso aí é seguro! E se ele for radioativo?! Ele fez uma careta e eu olhei para ele entediado segurando o rosto de Vikram entre minhas mãos vendo suas bochechas serem pressionadas pelas mesmas. – Theo, você acha mesmo que isso aqui pode fazer m*l para alguém? Tentei convencer ele mesmo que eu mesmo ainda estivesse deveras inseguro com a presença do híbrido em meu quarto. Mas se eu queria retirar ele daqui então eu tinha que me esforçar na atuação. – Ele está de uniforme escolar... Por quê não levamos ele para a escola com a gente? Ele propôs ironicamente abrindo os braços e eu ri daquela proposta ridícula achando que era uma piada por seu tom irônico, mas ao ver seu rosto sério eu suspendi as sobrancelhas. – Não era piada? Você está falando sério?! Perguntei apontando para Vikram com o polegar e ele assentiu. [...] Isso vai dar errado. Muito errado. Eu nem temia mais pelo que ia acontecer comigo, já que minha morte já era um fato. Eu estava com medo do que poderiam fazer com o pobre Vikram que de nada tinha culpa. Bom, parcialmente, né? Ninguém tirou ele do porão, ele mesmo saiu e se colocou nessa enrascada. Mas ele certamente - por ser tão ingênuo - nem viu o perigo que ele tinha atraído para si mesmo com esse seu ato. Theo arranjou uma touca para pôr na cabeça de Vikram para esconder suas orelhas e passou o rabinho por dentro da calça que também o foi colocada. Ele andava meio esquisito no início e se irritou algumas vezes dizendo que incomodava ou doía, mas logo ele começou a gostar pois viu no espelho como ele havia ficado diferente. No fim ele parecia bem normal, destoando apenas seus caninos pontiagudos inevitáveis. Na hora de sair de casa os seguranças nós olharam estranho provavelmente não se lembrando de ver aquele garoto, mas nada falaram. Já que, se ele estava saindo da casa comigo, é porque entrou comigo também. Ri levemente ao que saímos e eu vi Vikram olhar para a rua esperançoso. Isso vai ser um caos.
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