Ela não se conforma com o sequestro - R

1160 Words
MANU Mas que merda! Eu não acredito que fui sequestrada! Logo eu, tão esperta, não percebi que aquele negócio de pai doente era encenação! s*******m comigo! Eu sou residente, se eu não for pro hospital vou perder meu emprego. — Tu fica aqui, moça. — a tal Beta abriu a porta de uma casa que parece que sofreu com um furação particular. — Desculpa o meu irmão e tudo isso. É que a gente não pode sair do morro assim, pra hospital. Você sabe como as coisas são pra quem tá na mira dos problemas. Eles podem fazer alguma coisa com ela. — contou triste. — Eu sei, mas pelo menos poderiam me deixar ir embora, eu viria vê-la de vez em quando. — entrei, já que não tem outra opção. — Ricky sabe que se tu for embora, tu não volta. Quem é Ricky? O gostosão metido a b***a? Até que o nome combina com a cara dele. — Isso vai acabar com a minha vida. Eu vou perder meu emprego... Meu futuro namorado... E meu pai vai me odiar mais ainda sem notícias minhas. — listei preocupada. — Desculpa. — a garota lamentou. Eu pensei que todo mundo do morro era como aquelas meninas da novela da Bibi. Mas essa não parece andar vulgar daquele jeito. Sentei numa cadeira e tentei não começar a chorar com a minha desgraça. — Tu quer comer alguma coisa? Eu faço. — Eu quero a minha bolsa. Tem roupas minhas e meu celular. Eu nem sei onde ela ficou. deve ter ficado naquela van. Eu nunca mais entro numa van na minha vida. Com o meu celular poderei resolver tudo. Quem sabe eu não peço pra alguém vir me buscar? Sei lá, FBI. Se bem que meu pai nem liga pra isso. Ele me odeia. — Eu vou pedir pros meninos, então. — ela saiu do barraco e fechou a porta. O cara diz que tem dinheiro suficiente pra comprar tudo que eu preciso pra tratar a mãe dele que tá com câncer, mas não tem dinheiro pra deixar o barraco habitável. Parece que ele não hábitos de limpeza! Uma bagunça danada. Não paga uma diarista pra limpar a casa. Porque essa irmã dele não limpa tudo? E esse chão?! Parece que tem anos que ninguém varre! Misericórdia! Eu não vou ficar nessa imundícia. Levantei e procurei uma vassoura. Quando encontrei, comecei a varrer a casa. Tinha uma vassoura! — Não acredito que tô fazendo isso. Limpando minha prisão. p**a que pariu, Manu, custava você ter seguido direto e ido pra casa?! — recolhi uma camisa de cima da TV. — Quem mora aqui, heim?! O homem das cavernas? — levei a camiseta para a área de serviço. — Era só ter passado direto, não dava ouvidos pra menina chorando, sua burra! Agora vou perder meu emprego e o encontro com o Dr. Gostosão. — continuei varrendo. Essa casa deve ser bonita debaixo desta sujeira. — É isso que te preocupa? — alguém perguntou. Olhei pra trás e vi o cara que me sequestrou. Ricky? Deve ser o nome dele mesmo. — Isso e mais um pouco. — continuei concentrada na limpeza. Eu tô tão cansada. Mais de 24 horas sem dormir, a melhor coisa que me aconteceu até agora foi aquele cara ter me apagado. Pelo menos tirei um cochilo. — Se tiver procurando homem, aqui que não falta. — ele foi pra cozinha. Ô meu filho, se tu fosse um homem que preste eu deixava você me pegar, porque gostosura é o que não falta. Mas tu me sequestrou! — Não gosto desses tipos. — continuei varrendo. — Tem quantos séculos que varreram esse casebre? Já devo ter juntado 2 quilos de terra. Dá pra encher os vasos e usar de alteres. — Não tenho tempo pra isso. E se você ainda não percebeu, essa casa está inacabada. Só venho pra cá quando quero trazer alguma mulher. Pior que tem uma parte que não tem reboco nem nada. Acho que ele está transformando em uma mansão. O dinheiro deve ter faltado pra parar a construção. Mas ele poderia ter limpado a parte construída. "Não tenho tempo"... Ahh, me poupe. — Ata. Tá muito ocupado fazendo o quê? Sendo o Presidente do morro? — zombei. — Dono do morro. — ele me corrigiu. Ata. Grande coisa. — Quer dizer que você comprou todo esse amontoado de casas? — me referi ao morro. — Não. Na verdade, "dono" é no sentido da região. Do negócio da região. — explicou, sentando numa cadeira. — E você é especial assim pra ganhar essa honra? — Eles deixam eu ter meu negócio e em troca eu ofereço proteção. — Protege? De quem? Demogorgon? Strigois? — ri. Que papo furado, não acredito que o povo daqui acredita nesse negócio. — Ou você é o Superman? — Você não sabe de nada doutora. Você vive no seu mundinho de rico, andando em rua de rico, com roupas de marca e gente que quer ser melhor que os outros, gente que tem tudo fácil. Aqui as coisas são diferentes. As pessoas batalham pra ganhar o pão, e muitas vezes chega outros querendo acabar com o que eles tem. Por isso a gente tem isso. — mostrou a arma. — E isso é pouco pra o que eles trazem. Você já foi roubada, Doutora? Como se fosse verdade sobre a minha vida... Parei de varrer por um tempo. — Já fui sequestrada e você tá muito enganado também sobre a minha realidade. Eu não vivo nesse mundo de riqueza que você disse. Só que não precisa ter um "dono" pra mandar e desmandar. — Eu não mando e desmando nas pessoas. Só as que trabalham pra mim. Tipo você agora. — Eu não trabalho pra você. Eu fui sequestrada. Isso não é legal. Então você não é uma pessoa legal sequestrando alguém. Vou contar pro povo do morro pra eles te expulsarem. Ele riu. — Foi preciso. E agora você vai trabalhar pra mim sim. — Eu me demito. — soltei a vassoura. — Você não tem essa opção... Qual é seu nome mesmo? — Me chame de "me deixa em paz, eu não aguento mais essa palhaçada". — peguei a vassoura de novo e juntei o amontoado de terra do chão todo. Não é que a casa tem piso!? Ele tá me olhando com um sorriso pensativo. Franzi a testa pra ele, estranhando sua loucura. — Porque você é tão chata?! — Porque você não se joga num buraco e usa a areia que juntei varrendo seu barraco e se enterra? — Só espero que você seja uma médica tão boa quanto você é boa me provocando. — ele levantou e mostrei o dedo do meio quando ele tava saindo. Merda também. Eu quero minha casa. Já basta meu pai, agora aparece um cara que nunca vi na minha vida querendo mandar em mim! Logo eu, Daenerys Targaryen.
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