Alexia
Alexia acorda ouvindo o toque melodioso do seu celular, diferente das amigas que acordavam com toques barulhentos, ela preferia músicas mais calmas. Ela resmunga algo e sem abrir os olhos pega o celular apertando o botão de abaixar volume, o que faz o celular parar de tocar. Ela se despreguiça e nota algo em sua testa. Ela passa a mão e pega o pequeno papel quadrado e amarelo que estava colado em si.
"Marca a minha consulta! - Kate"
Alexia: _ Ela podia muito bem me mandar uma mensagem no celular, mas deixa logo o bilhete na minha testa.
Ela amassa a folha na mão e ataca na lixeirinha ao lado de sua cama. Pega o celular e o abre em "lembrete" e começa a digitar: "Marcar consulta de Kate no sábado". Ela desliga a tela do celular, e se levanta. Sua roupa já estava passada e impecável no cabide na janela, ela gostava de deixar tudo pronto, Pegou o cabide e foi tomar seu banho. Ela levou seu celular deixou o em cima da pia e ligou sua playlist. Alexia tinha tudo programado, na terceira música de sua playlist ela já deveria ter terminado o banho e está saindo do box. Ela tinha tudo cronometrado. Essa era Alexia.
...
Alexia pegou o ônibus, deu bom dia para o motorista e se sentou no primeiro banco solitário e alto perto da porta de entrada do ônibus. Ela coloca seus fones de ouvidos e fecha seus olhos emergindo na música. Para Alexia não importava se você está no fundo do poço ou no seu pior dia, tudo o que você precisa é ter uma boa playlist.
Ela desceu no ponto do ônibus ao lado do edifício onde trabalhava. Ela passa pela porta e chega na portaria onde sorrir para o velho porteiro Roberto.
Alexia: _ Bom dia, senhor Roberto.
Roberto: _ Bom dia, senhorita Alexia. Chega sempre com tão bom humor nos dias da Doutora Judy.
Alexia rir.
Alexia: _ Me conhece tão bem, senhor Roberto. Todos os dias podiam ser dia da Judy.
Roberto: _ Mas se não tivesse dias infernais, a gente não daria valor aos dias bons.
Alexia rir alto com a expressão e empolgação de Roberto ao falar "dias infernais".
Alexia: _ Eu te amo, senhor Roberto.
Roberto: _ Mais tarde aviso quando os bolos de pote chegarem.
Alexia: _ O senhor é o melhor. Até mais tarde.
Alexia sobe no elevador até o 6° andar. O andar do consultório dentário que ela trabalhava. Ao entrar ela suspira aliviada em ver a bolsa de Judy em cima da bancada.
Doutora Judy era a dentista que trabalha Segunda, quarta e quinta. Alexia amava ela, era uma jovem senhora simpática e engraçada. Pra Alexia ela devia ficar lá de segunda a sábado. Mas Doutora Judy dividia o consultório com seu colega de trabalho doutor Sandro. E Alexia odiava ele com toda as forças.
Doutor Sandro era totalmente diferente de Judy. Ele era egocêntrico e grosso. Alexia não sabia como ele tinha pacientes. Mesmo sendo muito bom no trabalho, Alexia sabia que muitos dos pacientes não gostavam do jeito seco e antipático de Sandro, mas ele continuava tendo muitos pacientes assim como a doce Judy. Mas diferente dos pacientes que tinham que o aturar por 30 minutos no máximo, Alexia tinha que aturar ele 3 dias inteiros da semana.
Doutora Judy sai de sua sala e sorrir vendo Alexia no balcão.
Alexia: _ A doutora chegou cedo.
Judy: _ Gosto de chegar mais cedo para conversar contigo. Como foi a mudança para a nova casa?
Alexia: _ Foi tudo perfeito, cansativo arrumar tudo, mas quando vimos a nossa casinha do jeito que queríamos eu e as meninas nos sentimos como dever cumprido.
Judy: _ Aaah, quando eu era jovem eu sempre quis morar com amigas, deve ser incrível ver um monte de mulheres numa casa só. Devem fazer festas e noitadas todos os dias.
Alexia rir do jeito divertido de Judy falar.
Alexia: _ Na verdade não acho que faremos muito isso. Eu e as meninas somos bem tranquilas, e estudamos e trabalhamos tanto que os momentos que temos em casa usamos para dormir e fofocar.
Judy: _ Precisa se divertir mais, se jogar com tudo, encontrar o seu Romeo, ficar bêbada até esquecer seu nome, coisas como isso.
Alexia: _ Dona Judy parece que sua juventude foi bem intensa.
Judy dá uma risada gostosa de escutar. E depois um longo suspiro.
Judy: _ Ah menina, não posso reclamar do que vivi. Fiz muitas coisas que me arrependo, mas não voltaria atrás. Só se vive uma vez.
Alexia sorrir, doutora Judy parecia ser do tipo que não tinha arrependimentos, ela fazia o que queria, era uma mulher doce e sabia.
Um paciente surge na porta.
Alexia: _ Está cedo para as consultas.
Judy: _ Mande o entrar, é o Caleb ele sempre vem cedo por causa do trabalho.
Alexia destranca a porta de vidro coma chave e faz Caleb entrar. Doutora Judy entra em sua sala. Alexia fala com Caleb e logo libera sua entrada até Judy.
...
Alexia passa o dia como sempre, conversando com os pacientes, marcando consultas, deixa marcado a de Kate no dia do doutor Sandro no sábado. Kate também odiava ele, mas Alexia conseguia desconto para ela e Maddy nas consultas. No almoço as quentinhas chegam e Judy e Alexia fecharam o consultório e se sentaram no balcão da recepção, elas comem e conversam um pouco até Roberto ligar e avisar que as garotas que sempre vendem bolos de pote estão lá em baixo na portaria.
Judy: _ O bolo de pote do dia vai ser?
Alexia: _ Pra mim prestígio.
Judy: _ Acho que vou ficar com Ninho e Nutella.
Alexia desce na portaria e pega os bolos. Até o final do dia foi tranquilo. Alexia só ficava sentada o dia todo e na maioria das vezes algum paciente puxava assunto com ela. Ela gostava do seu trabalho, pelo menos nos dias da doutora Judy.
...
Alexia já estava arrumada, calça branca, blusa comprida que ia até suas coxas e atrás um pouco mais comprido listrada preta e branca, e um tênis Adidas pretos. Seus cabelos longos completamente cacheados, cachos dos sonhos, um delineador gatinho e um brilho labial rosado. Ela pega sua bolsa e vai até a estação de trem.
Um segredo de Alexia, sua ida até a faculdade é apenas uma caminhada de 7 a 10 minutos. Mas ela preferia ir caminhando por 3 minutos até a estação de trem pegar o trem das 17:45.
Ela se senta no banco da estação pega seu livro na bolsa, dessa vez leria "Um longa jornada". Alexia sempre conseguia encontrar bons livros no sebo perto de seu trabalho e ela amava ler. Ela abre o livro e deixa o som do violão do músico ali perto invadirem seus ouvidos. O som dele tocando havia virado um dos sons favoritos dela.
Ela já sabia um pouco de sua rotina. Ele ficava a noite tocando de segunda a sexta na estação de trem. Ela uma vez o encontro por acaso quando desceu na estação errada. E ao ouvir seu violão tão harmonioso sentiu seu coração acelerar e perder o fôlego. Era como se ela tivesse se apaixonado a primeira audição. Ele parecia abrir sua alma enquanto tocava, ele ficava focado em seu violão. E a paixão dele era perceptível na música. Alexia passou a sempre descer naquele ponto. Era um ponto anterior da sua faculdade, não era sensato ela descer ali. Mas ela sempre descia, para ouvir pelo menos por alguns segundos a música desse garoto.
Agora que ela morava a 3 minutos da estação era uma desculpa perfeita para estar ali. Ela não precisava pegar trem e na real era um processo bem mais demorado já que eram 17:39. E o próximo trem era as 17:45. Se fosse a pé chegaria na faculdade bem antes. Mas não era isso o que ela queria. E por mais que Alexia sempre fosse racional e não gostasse de perder tempo, aquele era o seu ponto fraco.
Ela leu o seu livro com a trilha sonora vinda do violão do garoto talentoso. E sorrio consigo mesma, ouviria todos os dias ele tocar. A música dele era surreal para ela. Gostava tanto de ouvi-lo que nem contou para as amigas sobre o seu segredo, sabia que não era racional ela ficar ali perdendo tempo sentada na estação completamente a toa. Mas ela gostava naquele momento de não pensar com a cabeça.
O trem chega, ela guarda o livro na bolsa e entra. E logo desce na próxima estação. E sai normalmente na estação na frente da faculdade.
...
A aula tinha sido uma mistura de cansativa, com divertida e normal. Ela já estava acostumada a sua rotina universitária, tinha bons amigos na sala e a maioria dos professores eram legais, não gostava de todas as matérias, mas quem gostava? Quando terminou todas as suas aulas percebeu que já eram 22:00 horas. Encontrou Kate saindo de um dos prédios conversando com uma garota. Kate vê a amiga e se despede de sua companhia.
Kate: _ ALEXIA!!
A morena corre até a amiga.
Alexia: _ Não sei como tem forças pra ficar correndo, estou morta hoje.
Kate: _ Viramos a casa de ponta a cabeça ontem e arrumados tudo de volta. Meu corpo também está todo doido.
Alexia: _ Você não sai às 22:30?
Kate: _ Sim, mas não teria nada de importante no final da aula e minha cabeça estava explodindo. Vamos esperar a Maddy?
Alexia: _ Acho bom, assim ela não precisa ir andando sozinha pra casa. Mas falta 45 minutos pra ela sair da aula. Que tal irmos comprando algo enquanto isso?
Kate: _ Perfeito, hoje o lanche é por minha conta. Vamos pedir o cachorro quente gigante do Sam!!!
Alexia: _ Perfeito, vamos.
As duas cruzam os braços e vão juntas até a praça ao lado da faculdade onde Sam enfrenta uma fila na sua barraca. Era simplesmente o melhor cachorro quente da redondeza. Os alunos fazem fila para comer, era um pouco demorado, mas valia a pena. O preço era barato e o cachorro quente monstruoso, era muito grande e tinha tudo o que alguém poderia pedir.
Kate e Alexia pedem seus cachorros quentes e os de Maddy. Sam era um senhor já de idade e recebia muitos clientes por dia, mas ainda sim ele parecia conhecer e lembrar o nome de todo mundo. Conversava simpaticamente com todos, perguntou para a meninas sobre a loirinha baixinha. Maddy, ele sabia o nome dela, mas sempre a chamava de loirinha, Maddy era muito amiga de Sam, ela o ajudou uma vez quando ele deixou o pacotes de pães caírem no chão que por sorte estavam com plástico. E ele lhe deu um super cachorro quente grátis, desde então ele ganhou uma fã. Maddy sempre que pudia passava lá. Mesmo que não comprasse nada, mas só pra dizer um oi para Sam.
...
Maddy sai e ouve um grito. Alexia e Kate estavam perto do portão da faculdade balançando uma sacola e sorrindo. Maddy sorri e corre até elas.
Maddy: _ Aaah esse cheiro é do que eu tô pensando?
Alexia: _ O cachorro quente monstro do Sam.
Maddy: _ Ah ele arrasa, já faz um tempo que não o vejo, preciso ir lá.
Kate: _ Ele perguntou de você. Loirinha baixinha.
Maddy: _ Ele nunca fala meu nome. É impressionante. Me esperaram aqui?
Kate: _ É nosso primeiro dia morando perto da faculdade, deveríamos voltar juntas.
Alexia: _ Eu concordo e vamos logo porque o cachorro quente do Sam ainda está quentinho e eu quero comer logo.
As três vão juntas conversando até suas casas. Elas se sentam juntas na sala em volta da mesinha de centro. Kate correu até a geladeira pegando um pouco de coca cola que sobrou do dia anterior.
Maddy: _ Temos que fazer um pacto de nunca deixamos faltar coca cola na nossa geladeira.
Alexia: _ Pode faltar tudo. Menos a coca cola.
Kate abre a coca cola fazendo as meninas babarem. E enche os copos das amigas.
Maddy abre o seu embrulho com o grande cachorro quente, mas acaba se atrapalhando e na hora que morde deixa cair muita batata palha.
Maddy: _ NÃO!
Ela reclama e as meninas riem.
Kate: _ Amiga quer que a gente te dê na boquinha?
Alexia: _ Precisa de um babador, amiga?
Maddy revira os olhos e as amigas riem.
Maddy: _ Como foi o dia de vocês?
Alexia: _ Normal, a doutora Judy e eu tivemos um dia agradável. E uma das pacientes nós levou um convite de casamento.
Alexia rir.
Kate: _ Espera, quem convida a dentista e a recepcionista da dentista para o casamento?
Alexia: _ Eu sei lá. Ela é muito simpática, deve ter convidado todos que costuma conversar.
Kate: _ Bom, lá na loja entrou uma funcionária nova, o nome dela é Polly e ela é tão baixinha como a Maddy.
Maddy resmunga.
Maddy: _ Eu não sou tão baixinha!!
Kate: _ Que seja, ela é bem novinha e cheia de energia, lembrou um pouco a gente quando saiu do colegial, achando que a vida trabalhando e recebendo ia ser só luxo. Que com o nosso salário seríamos ricas e ficaríamos viajando pelo mundo.
As três riem.
Maddy: _ Isso lembra a Lizzie, ela começou a assim também, agora a pobre coitada não vê a hora de sair do trabalho do restaurante. Mas hoje foi um dia bom, muito bom. Tivemos um novo cliente.
Kate: _ Gatinho?
Maddy: _ O homem mais lindo que já vi na vida, parece que saiu de algum filme.
Alexia: _ E aí? Você falou com ele?
Maddy: _ Eu atendi a mesa dele, foi o meu dia de sorte. Ele era um colírio para os olhos. Aaah me deu mais 20 anos de vida.
As amigas riem.
Kate: _ Deve ser um gato mesmo, deve agora ir trabalhar louca para vê-lo.
Maddy: _ Iria ser legal, vê homens lindos na minha frente deixaria meu trabalho bem melhor. Mas ele não parece o tipo de cliente que temos lá. Então não é como se eu esperava ver ele de volta. Mas hoje foi meu dia de sorte.
Alexia pensou no seus minutos de descanso na estação ouvindo a bela música do garoto. Ela gostou de poder ouvir por mais tempo a música do garoto. Lembrou de seu estilo rebelde, mas quando ele tocava a melodia era doce e harmoniosa. Como um sonho. Ela queria falar com suas amigas sobre ele. Mas ter esse tipo de paixonite não era seu estilo, então apenas continuou comendo seu cachorro quente em silêncio.
As três terminaram os cachorro quentes e se prepararam para dormir...