Capítulo 2

2267 Words
Garrett Garrett saiu da sua sala VIP enquanto vestia a camisa social, e ouviu Wyatt soltar um riso divertido. Ele sabia exatamente por que Garrett tinha saído dali meio despido — sem os sapatos e ainda abotoando a camisa —, apenas para irritar ainda mais aquele homem. Garrett se virou e olhou diretamente para ele. O sujeito tinha estatura mediana, aparência razoável, cabelos escuros agora bagunçados. Usava roupas da última moda e parecia ser um dos humanos ricos e influentes da cidade. Garrett achava que ele estava muito acima do próprio nível ao ter aquela mulher maravilhosa ao lado dele. Agora, o homem vinha marchando em sua direção, com o claro propósito de acertar um soco — o que, para Garrett, era pura diversão. Ele o observou avançar pelo corredor, punhos cerrados, enquanto terminava de abotoar a camisa com calma. Desviou com facilidade quando o golpe veio. “Ela é minha namorada, seu filho da p**a!” o homem gritou. “Não é mais.” Garrett sorriu e desviou do segundo soco. Ouviu Wyatt rir alto do outro lado. Seu Beta não precisava intervir — o sujeito era apenas humano. “Ouvi dizer que ela te viu transando com outra garota, na sala ao lado.” “O que eu faço é problema meu.” o homem rosnou entre os dentes. “Espero que tenha valido a pena. Ela era mais bonita? Aos seus olhos, pelo menos?” “Isso não te diz respeito!” o humano rebateu, e tentou socá-lo novamente, avançando contra Garrett. Garrett se esquivou com facilidade, o deixando perder o equilíbrio e tropeçar, e deu um chute nas costas do homem, vendo-o cair de cara no chão. O sujeito se ergueu, gritando de raiva, o rosto vermelho e os punhos tremendo, antes de se lançar outra vez contra Garrett. Ele apenas estendeu a mão e o agarrou pelo pescoço, empurrando-o com força contra a parede. “Chega. Você não faz ideia de quem eu sou, nem com quem está mexendo.” disse ele, aproximando-se, o braço pressionando o peito do homem com força o bastante para c********r e dificultar sua respiração. “Wyatt, meu amigo,” chamou o Beta com um leve sorriso, “vamos dar uma olhada nas câmeras da sala VIP dois, sim? Vamos ver se a nova garota dele era mesmo mais bonita do que a que eu acabei de consolar.” Wyatt bufou. “Duvido muito. Eu a vi, de relance.” Garrett ergueu uma sobrancelha para o Beta, que apenas deu uma risadinha. “Tranque as portas da próxima vez, chefe.” disse com um leve dar de ombros. “Me solta, seu b****a!” o humano bufou, tentando se soltar. Garret resmungou. Não havia necessidade de palavrões. “Eu sou o b****a?”, perguntou, enquanto seus olhos voltavam para o homem. “Cuida da linguagem. Eu sou o dono deste clube, e você é quem estava traindo, pelo que eu saiba. Eu estou solteiro e feliz para me envolver. Você, por outro lado, devia ter mantido dentro da calça. Aí talvez sua namorada — hmm, ex-namorada, pelo que ouvi dela, que viu tudo.” “Entendi, chefe,” Wyatt virou o celular para mostrar a gravação do homem transando com uma loira. Ela não era lá essas coisas, pensou ele. “Agora me diz, por que você faria isso, com aquela garota? Quando você já tem uma beleza perfeita do seu lado?” Garrett balançou a cabeça. Não entendia. A namorada daquele sujeito era um dez perfeito; a garota do vídeo era talvez um sete, se tivesse sorte. “Isso não é da sua conta.” murmurou ele, mas seus olhos já não encaravam mais os de Garrett. “Você... é dono daqui?” “Agora é. E sim, eu sou.” Garrett sorriu para ele. “Wyatt, tira esse lixo daqui e bota esse cara na lista n***a do meu clube, junto com a loira também, se ela ainda estiver por aí. n******e ter s**o neste clube. Descobre quem ele é e faz com que ele arque com o custo da limpeza profunda do quarto também.” “Certo, chefe.” Wyatt assentiu. “Você transou neste clube.” o homem rosnou. “É meu clube, e faço o que quiser. Você, por outro lado, teria sido informado das regras na entrada.” Era uma regra: não havia s**o neste clube, especialmente considerando que lobos às vezes eram bem brutos, e não era bom humanos verem aquilo. A sala VIP um era dele e de sua unidade. Ninguém mais podia usar. Sua unidade também era toda emparelhada, então só ele poderia quebrar essa regra — e ele era o Alfa, então podia fazer o que quisesse em seu próprio clube. Demorou apenas alguns minutos até seu Gama, Ryan, e seu Delta, Dallas, chegarem e arrastarem o homem para fora. Ele voltou para sua sala VIP e olhou para sua amante da noite, semi-nua no chão e ainda desmaiada. Sacudiu a cabeça, mas um sorriso pousou nos lábios — ele a havia exaurido, ou aquilo somado ao álcool que ela bebera a tinha deixado inconsciente. “Pega a bolsa dela e descobre quem ela é e onde mora.” Garrett ordenou enquanto encontrava o top dela para colocá-lo de volta, sem se preocupar com a calcinha ou s***ã. “É uma tal de senhorita Harmony Preston.” Wyatt informou, balançando a carteira de motorista dela diante dele. Garrett sorriu ao olhar para ela. Harmony, pensou consigo mesmo, sentando-se no sofá para calçar os sapatos, sem desviar os olhos dela por um instante sequer. Ela tinha sido mais do que boa para ele. Uma pequena humana havia conseguido satisfazer todas as suas necessidades e lidar com ele muito bem. Não era algo fácil de encontrar — ainda mais em uma mulher tão pequena. Devia ter, no máximo, um metro e sessenta e cinco, e não mais que cinquenta quilos toda molhada, mas tinha as curvas de uma deusa. Um corpo perfeitamente desenhado em forma de ampulheta. Mandou Wyatt carregá-la. Ele mesmo não podia ser visto andando por aí com uma garota nos braços — logo todo o bando estaria comentando, e sua mãe cairia em cima dele num piscar de olhos. Não que fosse lua cheia ou algo assim, mas ela aproveitaria a oportunidade para fazer mil perguntas. Estava sempre esperando, rezando todos os dias, para que ele encontrasse sua segunda chance de companheira. Às vezes, isso o deixava completamente louco. Mas, com Wyatt carregando-a depois que Ryan e Dallas removeram o outro homem, a cena pareceria apenas um problema resolvido no andar de cima — nada demais. Assim, nada chegaria aos ouvidos da mãe dele, e ela o deixaria em paz quanto à jovem. Eles mesmos a levariam para casa; era o mínimo que podia fazer por ela, considerando que ela havia satisfeito suas vontades, se entregado completamente, montado nele até gozar, e o deixado tê-la pelo tempo que quisesse — até que ele também tivesse seu final feliz. Um verdadeiro deleite humano. Usou as chaves dela para entrar no prédio e depois no pequeno apartamento. Era um lugar de um quarto só, mas arrumado e aconchegante. Estava decorado com fitas natalinas e uma árvore de Natal, sob a qual havia uma pilha de presentes. Aconchegante, pensou distraidamente. Seguiu Wyatt até o quarto e o observou colocá-la na cama com cuidado, ajeitando sua cabeça no travesseiro. Garrett pegou a manta dobrada aos pés da cama e a cobriu, olhando ao redor do apartamento. Havia algumas fotos nas paredes — dela e da família, quando ainda era criança. Ouviu Wyatt se afastar, e sabia que o Beta estava fuçando o banheiro, curioso com as coisas dela. “Ela usa anticoncepcional, chefe, e parece estar tomando direitinho, pelo que vi.” Wyatt avisou, gritando do banheiro. “Ótimo.” Garrett assentiu. Ela não era sua companheira, e ele não havia se prendido a ela — mas, sendo humana, engravidar seria algo fácil. E ele não tinha intenção alguma de colocar um filho nela. Na verdade, nem tinha ido ao clube procurando por s**o, e também não usara p******o. Isso podia ter se tornado um problema... mas, ao que parecia, estava tudo sob controle. Saiu do quarto dela e olhou as fotos penduradas na parede — havia várias com amigos, e uma em especial com os pais, que parecia ser da formatura na universidade. Deixou a bolsa e as chaves dela sobre a mesa da cozinha, reparando em mais retratos espalhados pelo espaço. Alguns mostravam ela e aquele cara. “Nome dele?”, perguntou a Wyatt. “Damien Blackwell.” “Blackwell... como em Blackwell Industries?” “Isso mesmo.” Wyatt confirmou com um aceno. O namorado dela — ou melhor, ex — era um dos solteiros ricos da cidade. Estava em várias das fotos, o que deixava claro que os dois estavam juntos havia bastante tempo. Garrett balançou a cabeça. Não entendia homens como aquele — que tinham uma namorada linda, perfeita, e ainda assim precisavam buscar algo a mais fora do relacionamento. Aproximou-se da lareira a gás e observou mais fotos no aparador. “Devíamos ir, chefe.” Wyatt comentou. “Mm.” Ele concordou com um leve som, mas algo havia despertado sua curiosidade. Aquele apartamento estava cheio de fotografias — amigos, viagens, lembranças —, mas nenhuma recente dos pais dela. Nenhuma sequer mostrava ela com aquele i****a junto aos pais. Ele tocou uma das molduras e franziu o cenho, depois se virou para as outras. “O que acha dos pais dela, Wyatt?” perguntou, mais por curiosidade do que por qualquer outro motivo. O Beta observou as fotos e franziu a testa. “Nada... humanos, eu acho.” “Não isso. Olha o ambiente e depois olha pra eles.” Garrett passou os olhos pelas paredes novamente. Havia fotos recentes de todos — amigos, festas, até daquele cretino —, mas nada novo envolvendo os pais. Nenhuma imagem deles nos últimos anos. “Provavelmente morreram, por isso não há fotos recentes.” Wyatt disse, depois de dar uma volta e examinar mais de perto as molduras. “Parece que ela se cerca de lembranças nesse lugar.” Garrett suspirou. Provavelmente era isso mesmo, pensou. Só queria confirmar se Wyatt tinha tido a mesma impressão. Mas agora, refletindo sobre o quanto a garota estava bêbada e o fato de aparentemente não ter família... se ela não se lembrasse de nada, era bem possível que continuasse com aquele desgraçado. Talvez por medo da solidão — era provável que fosse filha única e não quisesse ficar sozinha. Por isso se cercava de tantas fotos: lembranças de um tempo em que ainda tinha alguém. Ele assentiu para si mesmo. Não podia permitir que ela continuasse com aquele homem, mesmo que a solidão a empurrasse de volta para ele. Ela merecia algo melhor. Caminhou até a bolsa dela e pegou o celular, tentando ligá-lo — mas estava bloqueado por impressão digital. Voltou ao quarto e pressionou o dedo dela contra o sensor até que destravou. Então, ligou para o próprio número e o salvou, apenas para registrar o contato. Depois apagou o histórico de ligação e colocou o celular de volta na bolsa. “O que está fazendo, chefe?”, perguntou Wyatt, curioso. “Apenas garantindo que ela lembre o que o namorado fez.” Garrett se apoiou no balcão e acessou o sistema de segurança do clube pelo próprio telefone. Encontrou a gravação do ex-namorado dela transando com a loira e enviou o vídeo diretamente para o celular da garota, com a mensagem: ‘Caso tenha esquecido o que ele fez ontem à noite.’ “Ela pode rastrear você com isso.” Wyatt observou. Garrett deu de ombros, lançando um olhar pelo apartamento. “Aquela beleza ali dentro merece coisa melhor.” Seus olhos pousaram em um marcador permanente sobre a bancada, e um leve sorriso curvou seus lábios. Pegou o marcador e começou a andar pelo apartamento, parando diante das fotos emolduradas. Traçou um grande X sobre o rosto do homem em todas elas. Em uma, escreveu “i****a traidor”; em outra, “canalha inútil”; e na que ficava sobre a lareira, rabiscou em letras firmes: “não se esqueça de dar um pé na b***a dele.” Depois recolocou o marcador no porta-canetas e sorriu satisfeito. Ouviu Wyatt rir. “Parece que alguém ficou com uma abelhinha na cabeça.” comentou, enquanto os dois deixavam o apartamento. “Um pouco, talvez.” Garrett admitiu com um aceno. Normalmente, não se intrometia na vida dos humanos — mas aqueles grandes olhos azuis, cheios de lágrimas, haviam o atingido em cheio. E saber que ela estava com o coração completamente despedaçado... ele entendia bem o que era isso. “Almas parecidas, pode-se dizer.” completou, certificando-se de que a porta do apartamento estivesse não apenas fechada, mas trancada antes de sair. “Tomara que ela chute o i****a de vez.” Wyatt assentiu, dando um tapinha nas costas dele. “Vamos, chefe. Hora de voltar para a matilha. Já tive clube demais por hoje — quero me enroscar na minha companheira.” Garrett concordou, recostando-se no banco do carro enquanto seguiam de volta para o território da matilha. Esperava sinceramente que a solidão e a falta de família não a levassem de volta para aquele canalha. Desejava vê-la, algum dia, feliz — com um sorriso no rosto. Ela merecia isso. Talvez encontrasse alguém que realmente a fizesse feliz. Que se casasse, tivesse filhos, uma família só dela.
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