Capítulo 12

2070 Words
Garrett Ficou claro para Garrett que Harmony não fazia ideia de que suas referências haviam sido adulteradas. Ele viu o constrangimento em seu rosto bonito, e então esse constrangimento se transformou em raiva. Também pôde ver quando ela conteve a fúria e tentou manter a calma diante do que ouvia — tentando ser profissional e não perder o controle em seu novo ambiente de trabalho. Ainda assim, ele conseguiu obter a resposta para a pergunta que queria, e isso o deixou satisfeito. Ela tinha visto as filmagens e terminado com aquele canalha traidor. Também gostou de saber que ela o havia esbofeteado — não uma, mas duas vezes. Ele mesmo nunca tivera a chance de golpear sua própria companheira por tê-lo ferido daquele jeito. Recostou-se na cadeira e sorriu ao imaginar Harmony batendo em Damien, mas logo suspirou, perguntando-se quantas vezes aquele homem — não, ele não era um homem — aquele garoto mimado, filho de papai, havia interferido nas verificações de referência dela, arruinando sua reputação. Será que ainda estava fazendo isso naquele exato momento, se não soubesse que ela já havia conseguido um emprego? Garrett pegou o telefone, decidindo verificar novamente as referências dela, apenas para ver que tipo de resposta receberia. Queria saber se o senhor Spencer Williams havia resolvido a situação ou não. Ele era advogado, afinal, e devia saber que o que Damien estava fazendo era ilegal e imoral — e deveria ter denunciado as ações daquele garoto diretamente ao próprio pai. Garrett certificou-se de gravar a ligação, como todas as que eram feitas naquele escritório, embora aquela fosse do seu celular pessoal. Não usou seu nome verdadeiro; escolheu o de um de seus lobos do departamento jurídico — Hamish McCalister. Um nome que Damien Blackwell certamente não reconheceria. Ficou em espera por vários minutos antes de ser atendido pelo próprio Damien Blackwell. Garrett cerrou os dentes — então o garoto ainda estava lá, tentando arruinar a reputação dela. Levou alguns segundos antes de responder: “Desculpe,” disse Garrett, em tom formal. “Eu estava tentando falar com Spencer Williams para uma verificação de referência da ex-assistente jurídica dele, Harmony Preston.” explicou com honestidade. “Devem ter me transferido para o ramal errado.” “Posso fazer isso pelo senhor Williams. Ele está em tribunal hoje.” “Ah, tudo bem.” Garrett fingiu conformidade. “Desculpe ligar tão tarde.” “Sem problema, senhor McCalister. O que gostaria de saber?” Damien perguntou, e Garrett ouviu o sorriso em sua voz — parecia satisfeito por ter atendido à ligação. “Gostaria de saber o quão competente é a senhorita Preston como assistente jurídica. Poderia me falar sobre as habilidades dela no trabalho?” “Eu não a contrataria se fosse você. Além de chegar atrasada ao trabalho, ela flerta com todos os homens daqui. Toca nas pessoas de forma inapropriada e o trabalho dela é medíocre. Eu aconselharia que procurasse uma candidata melhor.” “Ah, isso não é o que o currículo dela indica… um pouco contraditório.” murmurou Garrett, mexendo em alguns papéis sobre a mesa como se estivesse folheando o currículo enquanto falava. “Qualquer um pode escrever o que quiser no papel.” Damien respondeu. “Não acredite em tudo o que lê ali.” “Agora, aqui consta que a senhorita Preston trabalhou no departamento jurídico da Blackwell Industries por pouco mais de quatro anos, isso é verdade?” ele perguntou. “É, mas só porque ela dava um jeito de continuar sem ser demitida. Ameaçava a empresa com processos de demissão injusta se a mandássemos embora.” “Ah, entendo… bem, você é Damien Blackwell, certo?” “Sou, por quê?” “Bem, você não namorou a senhorita Preston pelos últimos três anos?” perguntou ele agora. “O quê?” havia choque na voz de Damien. “Minha esposa lê todas as colunas sociais e comenta sobre tudo. Se me lembro bem, ela mencionou que você tem uma nova namorada recentemente. Ficou até um pouco surpresa com isso. Minha esposa é terrível, mas adora fofocas… Você está apenas falando m*l da sua ex pra mim?” “O quê? Por que eu faria isso?” “Isso seria extremamente antiético da sua parte. Como advogado, devo dizer que não acredito no que acabou de me dizer. Acho que você interferiu na checagem de referência da senhorita Preston ao senhor Spencer Williams. Está claro que a Blackwell Industries não é a empresa que eu imaginava. Vou retirar minhas ações e contar aos meus colegas sobre o seu comportamento vergonhoso. Esse futuro de Damien Blackwell na Blackwell Industries não vale o título que carrega. Espero sinceramente que seu pai ouça sobre isso.” E então Garrett encerrou a ligação. Recostou-se na cadeira e ficou se perguntando o que fazer a respeito daquele garoto ingrato e traidor. Ainda estava ali quando Wyatt entrou na sala. “O que houve, Garrett?” seu Beta perguntou, e Garrett reproduziu a gravação da ligação. Wyatt franziu o cenho. “Por que você fez uma segunda verificação de referência dela?” “Simples curiosidade. Contei à Harmony o que ele havia dito, e ela não fazia ideia do que Damien estava fazendo. Pelo que sei, ela se candidatou a vários empregos antes deste e foi recusada em todos. Agora sabemos o motivo, imagino.” “Ah, então ele ainda anda por aí falando m*l dela, em outras palavras. Embora essa ligação não tenha sido exatamente como a última, foi mais…” ele pensou por um momento. “Moderada.” completou Garrett. “Quantos acionistas conhecemos lá?” “Poucos, no máximo um punhado.” Wyatt se sentou na cadeira à frente dele. “O que está pensando?” “Estou pensando que uma pequena vingança está em andamento.” Garrett assentiu, e era exatamente nisso que estava pensando. “Ele está por aí, com uma nova namorada, feliz e se exibindo, mas destruindo a reputação profissional de Harmony. E por quê? Porque foi pego traindo, e ela apenas deu o troco.” “Parece que você pegou um certo interesse por essa moça, Garrett... Talvez mais do que está admitindo.” “Pare aí mesmo, Wyatt.” Ele se endireitou na cadeira. “Espíritos afins, só isso. Eu sei como é ver a pessoa que você ama — com quem deveria passar o resto da vida, ou casar, nos termos humanos — trair você. É só isso.” “Se você diz, chefe.” Mas Garrett pôde ver a diversão estampada no rosto do Beta. “Vamos marcar uma reunião com... digamos, Rachael Greenbay.” “Oh! Então você está realmente irritado.” Wyatt riu, mas já pegava o telefone, discando o número da mulher. Ela era repórter da coluna social com quem trabalhavam para divulgar notas à imprensa — confiável, competente, mas também adorava uma boa história. E, sendo divorciada de um ex-marido infiel, esse tipo de caso seria exatamente o seu tipo de notícia. “Rachael, aqui é Wyatt Chambers, como vai?” Wyatt praticamente ronronou ao telefone. “Bem, o que posso fazer por você, Wyatt?” ela respondeu de imediato, e Garrett conseguiu ouvir o sorriso em sua voz. “O senhor Owens e eu gostaríamos de oferecer uma exclusiva para as colunas sociais. O que acha disso?” Wyatt perguntou. “Bem, estou intrigada... o próprio senhor Garrett Owens, você disse?” ela retrucou, claramente interessada. “Sim. Você tem tempo para uma reunião?” “Claro. O senhor Owens vai estar presente?” Ela queria confirmar com quem exatamente falaria. “Sim, ele e eu.” Wyatt assentiu. “Então digam lugar e hora.” Rachael riu. “Eu adoro uma exclusiva.” Wyatt olhou para Garrett e sorriu. “Que tal aqui no escritório, em uma hora? Sala de conferências, 12º andar. Vou pedir para a segurança levá-la direto até nós.” “Perfeito. Espero que não me decepcionem, Wyatt.” “Já te decepcionei alguma vez?” Wyatt riu, e ela também deu uma risada antes de encerrar a ligação. A resposta seria não. Rachael era apenas alguns anos mais nova que eles, e os três haviam estudado na mesma universidade. Ela e Wyatt tinham sido amantes ocasionais naqueles tempos. Garrett sorriu para ele. “Vamos pegar as filmagens da boate, garantir que tenham a data e a hora visíveis, e ver o que mais aparece daquela noite com Damien Blackwell. Quero tudo — inclusive as reações da Harmony. Vamos limpar o nome da minha nova secretária.” “Você sabe, Garrett, ele pode contra-atacar dizendo que ela está dormindo com você.” Wyatt comentou, levantando-se da cadeira. “Ele pode dizer o que quiser. Não tem provas — é a palavra dele contra a dela. E o fato de ela tê-los visto juntos vai deixar claro para todos que ele era o mentiroso, o canalha traidor do relacionamento.” “Harmony pode não gostar disso, Garrett. Vai contar a ela?” Ele pensou sobre isso enquanto caminhavam para fora do escritório. “Não. Deixe comigo. Ela ficou horrorizada e depois furiosa. Acho que vai achar satisfatório vê-lo sendo exposto como vingativo — e isso também vai limpar o nome dela diante de todos para quem ele falou m*l. Todos vão ver que ele é c***l e está tentando destruir a reputação dela só pra salvar a própria imagem. E por quê? Porque foi pego traindo. É exatamente assim que quero direcionar a história.” “Rachael vai adorar isso.” Wyatt assentiu. “Vai mesmo. Você fez uma boa conexão com ela anos atrás. Além disso, ela é confiável e vai continuar cavando fundo. Vai sair deste escritório ligando pra todo mundo — à direita, à esquerda e ao centro — pra descobrir mais sobre o que aconteceu e sobre o relacionamento deles.” Não havia necessidade de Damien adicionar insulto à dor de Harmony, como estava fazendo. Então uma pequena vingança ao estilo Garrett era mais do que merecida. “Quem é a garota que está com ele agora?” “A mesma daquela noite, acredito.” “Ótimo, vamos conseguir o nome e os detalhes dela também. Vamos rotulá-la como amante.” Garrett assentiu. “E tem certeza, chefe... que é só essa história de espíritos afins? Nada mais acontecendo com a humana que eu sei que você apreciou muito?” “Ela é minha nova secretária, e só quero limpar a reputação dela, nada além disso.” respondeu, entrando na sala de conferências. “Chame o Clayton, do setor de relações públicas.” “Ele já deve ter encerrado o expediente.” “Traga-o de volta. Pago as horas extras.” Garrett afirmou. Sentaram-se na sala de conferências e puxaram as imagens de segurança da boate naquela noite fatídica. Retrocederam até o momento em que Damien entrou no clube com Harmony em seu braço — e logo atrás dele, caminhando bem de perto, estava aquela mulher loira, Chloe Silverton. Havia muitos momentos em que ele via Damien com Chloe — no bar algumas vezes —, e eles realmente o viram dançando com Harmony, beijando-a na pista de dança, abraçando-a e se comportando, aparentemente, como um namorado carinhoso e devotado, diante de todos ali. Mas também viram quando ele insistia para que Harmony bebesse, mesmo depois de ela recusar e balançar a cabeça. Ele a encheu de álcool, a convenceu a beber a cada oportunidade, chegou a colocar copos em seus lábios e incliná-los até que ela fosse obrigada a beber. Havia filmagens dele e de Chloe se afastando por um corredor e se beijando várias vezes também. Eles assistiram a cena em que ele passava de beijar Harmony para beijar Chloe apenas alguns minutos depois, e então voltava para perto de Harmony como se nada tivesse acontecido. Ele era, de fato, um canalha traidor. Ela tinha ido ao banheiro e, ao sair, procurou por ele — apenas para encontrá-lo naquela sala VIP. Garrett recuperou aquelas ligações do sistema telefônico automatizado: a primeira de Wyatt, que havia sido transferida para Damien Blackwell; sua própria ligação para o senhor Williams; e colocou tudo em um pen drive, junto com a gravação que fizera naquele dia, expondo Damien Blackwell. Ainda estava na sala de conferências quando Rachael foi conduzida por um de seus guerreiros — ou, como ela os chamaria, seguranças. “Rachael, faz tempo. Bom ver você de novo.”
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD