NOVOS DESAFIOS
O cheiro do café fresco pairava no ar, misturado com o som dos pássaros lá fora. Eu estava na cozinha, preparando o café da manhã, quando Eliandre entrou, ainda com o cabelo um pouco despenteado pelo sono.
"Bom dia, minha paixão", ele disse com ânimo energizado.
"Até que sim", respondi, sorrindo. "Estava pensando na minha tia. Ela me pediu pra morar com a gente."
Eliandre me olhou, surpreso. "Sério? Mas ela não está na casa da sua outra tia, como combinado?"
"Então, é uma longa história", eu comecei, coando o café. "Ela passou por uma " Fase de separação" e se mudou para a roça. A ideia era que ela ficasse na casa da minha tia até a cirurgia dela, mas não deu certo. Não sei bem os detalhes, só sei que ela me pediu pra ficar aqui."
Eliandre ponderou por um momento, pegando uma xícara de café. "Entendi. E você, o que acha disso?"
"Eu acho que seria bom, Eliandre", eu disse, olhando-o nos olhos. "Ela precisa de apoio agora, e a sensação de ajudá-la é muito boa. Conversar com você antes era essencial."
Ele sorriu. "Se você acha que é o melhor, então está tudo bem. A gente sempre dá um jeito. Onde ela ficaria?"
"Pensei em arrumar a "cama de solteiro"para ela lá no quarto da massagem", eu expliquei. "Aquele cantinho que seria o meu espaço com Deus."
Eliandre assentiu. "Pode ser. A gente se adapta. O importante é que ela se sinta bem aqui."
A CHEGADA DA MINHA TIA
A chegada da minha tia trouxe uma energia diferente para a casa. Eu tive que mudar minhas coisas do quarto da massagem, reorganizando meus livros e meu espaço de oração para a sala ou até mesmo a cozinha.
Confesso que, nos primeiros dias, a rotina foi um pouco caótica. Com a agitação e a adaptação dela, acabei me esquecendo de acordar às 5 horas da manhã para orar. Isso me incomodou um pouco no início, pois minha oração matinal tinha se tornado um pilar importante na minha vida.
No entanto, eu segui forte com a minha alimentação saudável. A partir desse dia, eu já havia passado de fase e não ligava mais ao olhar para aquilo que eu não podia comer. A disciplina que eu tinha adquirido nos últimos dias estava firmemente enraizada.
Uma tarde, encontrei minha tia sentada na cozinha de frente pra janela,observando as montanhas. Ela estava com um sorriso tranquilo no rosto.
"Está gostando daqui, tia?", perguntei, sentando-me ao lado dela.
Ela virou-se para mim, os olhos brilhando. "Ah, minha querida, estou adorando! Aqui ela estava alegre e contente.
Tia Margarida:É tão bom ter essa paz, esse carinho. Depois de tudo o que eu passei, este lugar é um bálsamo."
"Que bom que você está se sentindo assim", eu disse, segurando a mão dela. "A gente fica feliz em ter você aqui."
"Eu sei", ela respondeu, apertando minha mão de volta. "Sua casa tem uma energia boa. E você, minha sobrinha, está radiante. Nem parece a mesma pessoa que eu vi há alguns meses, tão preocupada com tudo."
Eu sorri, percebendo o quanto eu tinha mudado. A vida, com meus desafios e reviravoltas, estava me ensinando a ser mais forte e mais resiliente. E agora, com minha tia ao meu lado, eu sentia que estava no caminho certo.
Apesar da alegria de ter minha tia em casa, uma nova preocupação começou a surgir. Com a rotina da casa mudada e minha atenção dividida, percebi que meu cantinho com Deus, aquele espaço de oração e meditação que eu tanto valorizava, estava sendo deixado de lado.
Será que eu conseguiria manter minha conexão espiritual em meio a essa nova realidade, ou a chegada da minha tia traria um desafio inesperado para a minha fé? A resposta estava em encontrar um novo equilíbrio, um novo jeito de me reconectar com o sagrado, mesmo com a casa cheia e a vida em constante movimento.