DADO NARRANDO
A boca ainda latejava.
O gosto de sangue misturado com poeira estava grudado na minha língua, e a raiva… essa tava pulsando no meu peito como um tambor de guerra. Fui mancando até a moto sem dizer nada, com o rosto quente, o orgulho destruído e o nome pisado no meio da praça, na frente de geral, inclusive das crianças.
Pior de tudo? Foi ver Sil ir embora com ele.
Mesmo depois de me ver apanhando daquele jeito, ela foi. Não falou nada. Só... foi.
Engoli seco. A humilhação ardia mais que os socos. Mais que o chute na costela. Porque ali eu entendi que, pra ela, eu não era e não significava nada.
Subi na moto com dificuldade, tentando disfarçar o baque, mas dentro de mim estava tudo bagunçado. A visão embaçada, o peito acelerado. Quando liguei o motor, quase achei que ia
