Simon Duarte A cidade era diferente. O ar, o ritmo, até o céu parecia mais distante. Quando chegamos, tudo estava em silêncio. Meus pais tentavam manter a aparência de normalidade, mas eu sabia que aquela mudança não era só geográfica. Era uma tentativa de apagar. De silenciar. De recomeçar sem o que eles consideravam um erro. Mas não era erro. Era puro amor. Nos primeiros dias na nova escola, fui apenas o garoto novo. O que não falava muito. O que desenhava nas bordas do caderno. O que evitava contato visual. Ninguém sabia quem eu era e isso, por um lado, era um alívio. Por outro, uma tortura. Porque, por mais que eu estivesse longe de tudo, o Noah ainda estava em mim. Em cada gesto. Em cada lembrança. Em cada parte do corpo que ainda sentia falta do toque dele. A amamentação, os mo

