Lisa jamais acreditara em lendas. Para ela, histórias de criaturas místicas e portais escondidos eram apenas invenções para preencher noites silenciosas. Mas naquela noite, algo mudou.
O ar estava diferente. Mais denso. A lua cheia pairava sobre o céu como um farol, guiando passos incertos por entre a mata. Seus pés a levavam até uma trilha que nunca antes estivera lá. Um sussurro suave como brisa, urgente como grito ecoava em sua mente, chamando-a. E ela seguiu.
As árvores pareciam observá-la, seus galhos se entrelaçando como mãos ancestrais guardando um segredo. A cada passo, Lisa sentia que deixava para trás não só a cidadezinha adormecida, mas também a si mesma. Um pressentimento crescia em seu peito, como se algo a estivesse esperando algo que já a conhecia muito antes de ela nascer.
No centro da clareira, o ar cintilava. Como se a própria realidade estivesse se desfazendo. Luzes dançavam no ar, revelando silhuetas fugidias. E então, ela os viu: Lobos e Vampiros. Um confronto silencioso se armava diante de seus olhos. Os Lobos irradiavam calor e compaixão. Os Vampiros, sombras vivas, moviam-se com precisão e silêncio perturbador. Os dois lados se encaravam com uma raiva contida, como se a presença dela fosse um catalisador.
Lisa tentou recuar, mas uma força invisível a mantinha ali. Uma voz antiga ecoou dentro da clareira:
–A Escolhida cruzou o limiar. O equilíbrio está por um fio.–
Naquele instante, o mundo mudou. E Lisa percebeu que sua vida jamais voltaria a ser comum.