19. Murilo

1228 Words

Encontrei Dona Lurdes no corredor, com o avental ainda sujo de farinha e o lenço amarrado na cabeça. Ela vinha na direção contrária, segurando uma bandeja com xícara e bolo, o olhar dela, aquele olhar que enxerga mais do que devia, pousou em mim antes mesmo que eu pensasse em desviar. — Ah, não me olha assim, Murilo — ela começou, sem nem respirar. — Tô vendo essa cara amarrada desde cedo. E sei muito bem o motivo. Tentei passar reto, mas ela deu um passo à frente, bloqueando a passagem. A velha podia ter sessenta e tantos anos, mas era mais firme que muito homem armado. — Não começa, Lurdes — avisei, a voz baixa, contida. — Começo sim — ela retrucou, sem medo. — Cê acha que engana quem, menino? Essa casa inteira tá pesando no ar por causa dessa sua mania de controlar tudo. A menina c

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD