17. Bárbara

1192 Words

Depois que Dona Lurdes voltou a cantarolar, eu deixei a cozinha em silêncio, com o gosto amargo do café ainda na boca e o coração apertado no peito. Caminhei até a varanda sem pensar muito, como se o corpo soubesse o caminho pra fugir daquilo tudo. O ar lá fora estava quente, com o cheiro de terra molhada misturado ao som distante do morro acordando, motos passando, gente falando alto, música ecoando de alguma casa mais abaixo. Me apoiei no corrimão e fiquei olhando pra vista, pro labirinto de telhados, pros fios cruzando o céu como teias. Era outro mundo, um que não me pertence mais. Tudo tinha virado de cabeça pra baixo tão rápido que parecia sonho, ou pesadelo. Há dois dias, eu estava no meu apartamento na Barra, com minha rotina bagunçada mas minha. Acordava com o sol batendo na ja

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