O sono foi um refúgio breve e inquieto. Ao amanhecer, estávamos ambos de volta ao hospital, carregando sob nossos olhos a marca de uma noite de angústia. O ar na UTI ainda era o mesmo: gelado, estéril, cortado pelo som mecânico da respiração de João. Mas algo era diferente. Ele ainda estava cheio de tubos, ainda pálido, mas o tom acinzentado de sua pele tinha dado lugar a um branco leitoso. A enfermeira nos recebeu com um pequeno aceno. — A febre baixou significativamente na madrugada — ela informou, sua voz profissional, mas com um fio de esperança. — Os antibióticos estão fazendo efeito. Ele está estável. Estável. Desta vez, a palavra não soou como uma condenação, mas como um milagre. Murilo, ao meu lado, soltou um longo suspiro, seu corpo parecendo perder um pouco da rigidez de aço

