Os dias se fundiram em uma nova rotina, menos sombria, marcada por pequenas vitórias.
Joãozinho saiu da UTI. Foi uma mudança silenciosa e monumental. De volta ao quarto 402, ele ainda era frágil, ainda precisava de soro e monitoramento constante, mas o tubo da respiração havia sumido. Ele conseguia falar novamente, sua voz um sussurro rouco que era a coisa mais linda que eu já ouvira.
— O dragão da infecção fugiu, pai? — ele perguntou a Murilo no primeiro dia de volta.
Murilo, que estava ajustando seu travesseiro, parou. Seus olhos se encheram de um orgulho tão intenso que ofuscou todas as cicatrizes em seu rosto.
— Fugiu, filho. Tu expulsou ele.
A quimioterapia ainda não tinha recomeçado. Seu corpo precisava se recuperar da batalha contra a sepse. Eram dias de cuidados paliativos, de
