Ficamos um tempo em silêncio, só o som do relógio da cozinha marcando os segundos. O clima entre nós estava... estranho. Nem pesado, nem leve, só carregado de coisas não ditas. Eu mastigava devagar, tentando me concentrar no pão, mas a presença dele ali perto me tirava o ar.
Murilo continuava encostado na pia, os braços cruzados, os olhos fixos em mim. Não era aquele olhar frio e ameaçador de sempre, era diferente. Mais atento. E, sinceramente, aquilo me deixava mais nervosa do que se ele tivesse gritado.
— Você tá me olhando desse jeito por quê? — perguntei, sem encarar de volta, mexendo no prato só pra ter o que fazer com as mãos.
— Porque parece que você quer falar alguma coisa — ele respondeu, simples, mas o tom rouco me atravessou.
— Eu? Você que tá aí me encarando faz uns cinco m
