Ele não me olhou. A porta começou a se fechar, o ranger suave da madeira parecendo um adeus definitivo. Mas eu não estava pronta para que ele fosse. Não depois de tudo. Não depois de sentir a tensão entre nós quase palpável, depois de ver aquele vacilo em seus olhos, por menor que fosse. Meu corpo agiu antes que a mente pudesse processar. Num impulso, dei dois passos rápidos para a frente e agarrei o braço dele, impedindo que a porta se fechasse completamente. A pele dele, quente e firme sob meus dedos, me deu um choque. Murilo parou no mesmo instante. O movimento brusco o pegou de surpresa. Ele virou o rosto para mim, os olhos escuros arregalados, a testa franzida em confusão e uma pitada de raiva. — Que porra...? — começou, a voz rouca, carregada de irritação. Mas eu não o deixei t

