Do escritório, a janela dava vista direta pra piscina. Nunca foi planejado pra isso mas, naquele instante, parecia ter sido. Eu estava sentado à mesa, tentando ler os relatórios, o cigarro queimando esquecido entre os dedos, quando o movimento lá fora chamou minha atenção. Aquela água, antes imóvel, começou a se agitar, e por reflexo olhei. Bárbara atravessava a piscina em silêncio, o corpo cortando a água com uma leveza que me fez esquecer o ar por um segundo. O primeiro pensamento foi raiva. Não pela exposição, mas pelo efeito que aquilo teve em mim. Eu, que passava os dias cercado por armas, ordens e silêncio, me senti desarmado em segundos. Aproximei-me da janela, sem pensar. O vidro refletia parte do meu rosto, o lado cicatrizado escondido pela sombra, o outro lado mostrando o

