O jantar foi um evento. Dona Lurdes, com os olhos marejados e um sorriso que não saía do rosto, encheu a mesa como se estivesse alimentando um exército. Havia frango assado, arroz soltinho, feijão com um caldo dourado, farofa crocante e uma salada colorida. Era a comida de casa. O antídoto para a comida insossa e embalada do hospital. Joãozinho estava sentado à mesa, em sua cadeira habitual, apoiado em algumas almofadas. Seus olhos percorreram a mesa com uma expressão de pura maravilha. Ele ainda estava pálido e frágil, mas havia uma luz em seus olhos que ofuscava tudo. Murilo ocupava a cabeceira da mesa, sua presença maciça preenchendo o espaço de uma forma nova. Ele não estava apenas na mesa, ele era parte dela. Parte daquele ritual familiar que havíamos roubado de volta por uma noite.

