Dayane
Gui me acompanhou até o inteiror da casa, lhe ofereci uma bebida e ele aceitou. Seu olhar era diferente, e parecia entender meus sinais.
(...)
— então quer dizer que hoje terei um pouquinho da sua atenção? — brinco bebendo um gole.
— é... acho que sim. — ele ri.
— eu posso perguntar porque hoje? — lhe encaro.
— eu me dei a folga... porque na realidade eu nunca faço isso... — ele diz.
— entendo... e o que você estuda? — me debruço no balcão da cozinha para encara-lo.
— me preparo para fazer medicina.. eu quero ser médico. — ele diz convicto e me assusto.
— médico? — arregalo os olhos — uau, tá explicado tanta concentração em tudo que faz... espero que não se importe, eu tenho reparado muito em você. — digo.
— eu já percebi. — ele sorri tímido — só não entendo porque, mas compreendo. — ele ri novamente.
— tem certeza? o seu sorriso é tão doce... passa uma ingenuidade. — me aproximo lhe olhando fixamente.
— é mesmo? — ele passa a língua em seus lábios.
— é... eu não costumo ser assim com ninguém, mas com você eu não sei... me deu vontade de saber mais.. não sei... — ironizo — qual será a especialidade do doutor? — sorrio.
— eu continuo confuso quanto a isso, a senhora me parece muito fina pra sequer conversar com alguém como eu... Mas, eu penso em cardiologia, ou pediatria...
— senhora? Alguém como você? Meu bem, ninguém me conhece completamente. Eu sei distinguir um bom homem quando o vejo. — percorro meus olhos por seu corpo. — se for cardiologista com certeza será o melhor, já vi que entende de corações... e pediatria, sorte da mãe que for levar o filho e encontrar você.
— eu não consigo acreditar que você me diz essas coisas — ele ri e suspira — eu... eu... eu acho que vou ao banheiro.. — ele se levanta e eu faço nossos corpos se chocarem de pé. E é quando eu derramo meu drink nele.
— Argh que droga... me desculpe. Eu vou te ajudar com isso antes que fique todo melado — me afasto pra pegar um pano e quando me viro ele estava tirando a camisa.
— não precisa se preocupar. — ele diz com seu peitoral a mostra.
— ma-mas você não pode ficar assim melado — me aproximo alisando seu abdômen onde eu havia derramado e ele me olha fixamente.
— não ligue pra isso, eu ainda preciso tomar um banho de qualquer jeito. — ele me encara.
— eu adoraria ajudá-lo, você sabe.
— no banho? — ele ri.
— e onde mais seria? — mordo o lábio e ele coloca sua mão em minhas costas e termina de colar nossos corpos me fazendo ficar a poucos centímetros de sua boca.
— acho que estou perto demais do paraíso. — olho em seus olhos e começo a roçar nossos lábios.
— você é doidinha.. — ele ri — até que ele me beija com firmeza, sua pegada me derreteu toda.
Me envolvi em seus braços, senti seu suor me encostando, ele pressionava seu corpo contra o meu e por dentro meus hormônios gritavam por ele.
Gui me colocou sob o balcão e afastou minhas pernas, colocando seu quadril no meu, eu me perdi toda naquele beijo e não pretendia sair dali, se não fosse ele, que depois de uns 3 minutos se afastou.
— acho que eu não posso... não podemos. — ele diz apreensivo.
— por que não? — respondo preocupada
— acho que já está bem claro... e eu não quero que isso nos atrapalhe... lamento se dei a entender que poderia acontecer alguma coisa. — ele comenta e eu me irrito.
— é você deu sim... qual o problema? — me irrito.
— você sabe o problema, com licença eu preciso ir mesmo. — ele coloca sua camiseta melada e sai pela porta. Abro o portão e eu permaneço irritada ali.
No dia seguinte...
(...)
— então vocês se beijaram? Gente que loucura Day! — Joana diz enquanto estou contando a ela, tudo em sua sala.
— sim... eu nem esperava que ele ainda estivesse por lá. Estava presa no escritório, e quando eu vi que ele estava lá, retomei as investidas, claro. Ele estava mais maleável e ficou todo empolgado comigo na cozinha. Foi um pega que você nem imagina. Mas depois.... Depois ele se afastou.
— eu acho que ele está certo...
— como?
— Pensa minha amiga... você é a proprietária do imóvel onde ele está trabalhando, se o encarregado descobre que ele está se prestando a esse papel de comer a patroa, o que pode acontecer com ele? E você também deveria se comportar como a tal, cade a sua pose? Também perdeu?
— eu não ligo caramba! Por mim mandava todos embora e ficava só ele lá... mas eu sei que sozinho não tem como... enfim, eu acho que ele não entendeu ainda. — completo.
— você que não entendeu. Lamento mas você esta obcecada por ele.. o quer a todo custo!.. só que eu imagino o que se passa na cabeça dele... talvez ele não queira misturar as coisas.. e vocês são pessoas completamente diferentes.
— talvez eu queira diferenciar as coisas. E eu não estou obcecada! Os homens é que babam por mim. Se não fosse ele indo trabalhar lá, onde mais eu o vería? Somos pessoas diferentes, realidades diferentes, classes diferentes e... você tem razão, eu entendi agora. — suspiro irritada.
— e tudo, você disse tudo. É por isso que ele não quer.. e talvez também ja esteja até apaixonado... e o coitado não quer botar tudo a perder! — ela me encara — que bom que você está entendendo.
— apaixonado? — arregalo os olhos — eu não sei se seria isso... mas.. enfim... eu espero que você esteja errada e que... enfim, a gente possa repetir aquilo de novo.
— mas o que? Talvez você ja esteja também. Não fala em outra coisa!
— não... eu não me apaixono assim... eu só... precisava dormir com ele... que é muito gostoso... argh você não imagina como foi bom sentir aquele homem se pressionando em mim... meu Deus... eu só queria sentar naquele monumento. — completo e ela ri.
— conversa com ele então... pra que fique tudo bem claro e vocês possam curtir, com moderação em!
— é, tem razão... na hora do almoço eu vou lá e converso com ele. Agora preciso voltar para a minha sala e adiantar alguns contratos.
As horas passaram lentamente, mas passaram. Eu fui até minha casa e quando cheguei os rapazes já haviam saído pra almoçar.
— Ana cadê o pessoal? Já foram almoçar? — pergunto.
— sim... eles fizeram uma pausa mais cedo. Pra dar tempo de chegar o material e fazer a massa, assim disse Joaquim. Pra não perder o embalo.
— certo...
— algum problema? — ela pergunta.
— não... eu só precisava conversar com o.. — ela me interrompe.
— com o Gui, né?
— é... engulo seco.
— olha Dayane... eu vou te dizer uma coisa de coração menina... eu não tenho tanta liberdade pra isso... mas...
— não me diga que você nos viu ontem? — pergunto.
— é, eu vi. Não de propósito, claro. Quando percebi o que estava rolando eu voltei pro meu quarto. Mas Day, eu não tenho nada com a sua vida, suas escolhas, só peço que pense bem no que está fazendo. Esse rapaz não é como os outros que você já conheceu, vai por mim. Ele pode até não parecer, mas é muito sentimental.
— Meu Deus vocês estão falando como se eu fosse magoa-lo ou sei lá o que! Ana por favor, não entre nesse meio... — me irrito.
— ok... desculpe. Eu só quis ajudar. — ela completa e eu suspiro. Subo para meu quarto e me deito um pouco na cama. Comecei a refletir e viajar nos pensamentos. Quando comecei a cochilar comecei a ouvir os barulhos deles retomando a obra.
Vou até minha sacada e vejo ele todo sério ajudando seu Joaquim. Seu olhar era meio preocupado e instigante.
Desço as escadas e sigo para fora, a fim de conversar com ele.
— com licença, posso conversar com você? — pergunto a ele.
— comigo? — ele me encara e olha ao redor, seu Joaquim nos encara.
— é sobre aquela obra que me mostrou aquele dia, lembra? — disfarço.
— cla-claro, lembro. — ele me encara.
— pode ir. — seu Joaquim responde sério e ele me segue.