Capítulo 6 - Nunca diga nunca.

1291 Words
Victoriano não estava acostumado a ser tratado da forma como Inês o tratou. Sempre foi habituado que os outros fizessem sua vontade, e conhecer alguém que não o fazia, era uma situação nova para ele. Mas Victoriano não estava disposto a baixar a cabeça para nenhuma "Doutorazinha petulante." como ele a chamava. Ele pega o telefone. - Alô?... Quero falar com o Dr. Augusto. ... Aqui quem fala é Victoriano Santos. ... Pois mande ele parar o que estiver fazendo e vir até a minha fazenda! É urgente, mocinha! - ele diz. *** Na pensão de Rosa. A mesma vai até o quarto de Inês, para levar-lhe um lanchinho. - Posso entrar, Inês? - Claro que pode, Rosa! - disse Inês. - Te trouxe esse lanchinho. Já que a senhorita se alimentou pouco hoje. - disse ela colocando a bandeja na cama. - O que tanto você escreve aí? - Estou organizando a ficha de alguns pacientes. - disse Inês. - É engraçado você dizer pacientes! - disse Rosa sorrindo. - Mas é o que eles são, Rosa. - explicou Inês. - Mesmo sendo animais, como eu sou veterinária, eles são os meus pacientes. - Eu entendo. Você parece ser muito apaixonada por seu trabalho. - disse Rosa. - Ah, isso eu sou mesmo! Adoro animais. - Deu pra notar pela sua reação com a galinha! - disse Rosa dando uma risada. Inês também acabou rindo. - É verdade. Às vezes, essa paixão passa do limite! - disse Inês rindo. - Minha prima Margarida me contou como foi o seu primeiro encontro com o Victoriano Santos. - Aquele fazendeirozinho arrogante?!... Pois é, acredita que ele queria passar na frente dos outros?!... Ah, mas eu não deixei barato de jeito nenhum! - disse Inês. - Só tome cuidado, Inês. Mexer com ele é como mexer num vespeiro. - advertiu Rosa. - Ele que não mexa comigo, Rosa. Só porque muitas pessoas aqui abaixam a cabeça pra ele pelo fato de ele ser rico, não significa que eu vá fazer a mesma coisa! - Não o julgue m*l, Inês. Apesar do temperamento difícil, o Sr. Santos é uma boa pessoa. Ajuda muitas pessoas em El Paso. - disse Inês. - Ele é muito é do grosseiro, isso sim! - exclamou Inês. - E machista! *** De volta à Fazenda Santos. Victoriano ainda estava no seu escritório quando seu primo e amigo, Dr. Augusto Rodrigues chega. - Com licença, senhor. - disse a criada. - O que foi, Consuelo? - O Dr. Rodrigues já chegou. - Peça a ele que venha até aqui. - ordenou Victoriano. - Sim, senhor. - disse Consuelo. Em seguida, Augusto adentra o escritório. - Eu não sei por que eu ainda atendo os seus pedidos, Victoriano. Eu estava no meio de uma consulta, sabia? - disse Augusto. - Porque, além de meu primo, você é meu amigo, Augusto! Como vai? - disse Victoriano. Os dois se cumprimentam. - Mas a atendente me disse que o assunto era urgente. O que foi? - perguntou Augusto. - Preciso que seja responsável pelos meus cavalos. - disse Victoriano sem fazer rodeios. - Responsável pelos seus cavalos? Mas e o Dr. Contreras? Ele cuida dos cavalos aqui há anos. - Ele precisou se ausentar. Tirou uma licença. - disse Victoriano. - E a doutora que ficou no ligar dele, eu... Bem... Eu não fui com a cara dela! - Não foi com a cara dela?... O que você fez? - perguntou Augusto. - Por que eu teria que ter feito alguma coisa?! - Porque conheço você. Vamos lá, desembucha! - disse Augusto. Victoriano então, resolveu contar ao primo como se desenrolaram os fatos. - Não me leve a m*l, mas ela teve razão. - disse Augusto. - Está do lado dela, Augusto?! - indignou-se Victoriano. - Só estou tentando ser justo. Você com esse seu jeito turrão encontrou alguém tão turrão quanto você! No caso, turrona. - disse Augusto sorrindo. - Não sei que graça pode ter nisso! - disse Victoriano aborrecido. - E então? Vai aceitar cuidar dos meua cavalos? - Primo, você sabe que eu gostaria de ajudar, mas estou com uma viagem marcada para um congresso, em Londres. E eu não posso faltar. - disse Augusto. - Augusto, não me diga isso! O que vou fazer agora? A competição de Diana é na proxima semana, eu preciso de um veterinário pra acompanhar o desempenho desses cavalos, especialmente o Aquiles, que é o cavalo dela de competição. - Simples, fale com a Dra. Huerta. - disse Augusto. - O que?! Me humilhar pra aquela mulher?! Jamais! - disse Victoriano. - Victoriano, deixe de orgulho, homem! Você precisa de um veterinário, e ela é a única disponível. Fale com ela. - aconselhou Augusto. - Victoriano Santos não se rebaixa a ninguém! Principalmente a uma mulher! Victoriano parecia bem convicto de que não precisaria de Inês. Mas sabe aquela expressão "Não devemos cuspir pra cima..." pois é, Victoriano cuspiu. *** Já era noite, quando Benito entra na casa aflito, Victoriano jantava com suas filhas. - Patrão! Patrão! - Pra que esse escândalo todo, Benito?! - disse Victoriano. - Senhor, a Jasmin. Ela está parindo! - disse Benito. - Ouviu isso, Dianita? - disse Catarina empolgada. - Vamos ter mais um potro! - Sim, Catarina. - disse Diana. - Outro cavalinho! Que legal! - disse Ana. - E qual a razão dessa aflição toda, Benito? Ela já não estava as vias de parir a qualquer momento? - disse Victoriano. - Acho melhor o senhor vim dar uma olhada, patrão. - disse Benito. Victoriano o acompanhou até a baia. Chegando lá, percebeu que a pobre égua fazia força, o potrinho parecia também querer sair, mas ambos não conseguiam. - Mas o que é que está acontecendo com essa égua, Benito?! - perguntou Victoriano. - Eu não sei, patrão. Não seria melhor chamar a veterinária na cidade? - A Dra. Huerta?! Negativo!... Vamos tentar alguma coisa!... Vem, me ajude. Victoriano não queria recorrer a Inês, não depois da briga que tiveram. Já havia passado algum tempo, suas filhas estavam do lado de fora das baias. - A Jasmin não vai morrer, vai Dianita? - pergunta Catarina assustada. - Eu não quero que ela morra, Diana! - disse Ana com lágrimas nos olhos. - Calma, meninas. O papai tá lá com ela, ele vai pensar em alguma coisa. Vai ficar tudo bem. - disse Diana tentando acalmar as irmãs. Porém, todos os esforços de Victoriano e seu empregado foram em vão. Eles não conseguiram fazer nada e a situação se complicava cada vez mais, foi então que Victoriano não viu outra alternativa. - Benito, pegue as chaves da caminhonete e vá a cidade depressa! Traga a Dra. Huerta! - Sim, patrão. Mais do que depressa, Benito foi cumprir as ordens de Victoriano. E logo chegou a cidade. A campainha da pensão de Rosa tocava insistentemente. - Calma, já vai! - disse ela. - Quem pode ser a essa hora, meu Deus?! - ela abre - Benito?! - Boa noite, Rosa. - ele entra apressado. - Mas o que foi, homem de Deus?! Parece nervoso! - É que aconteceu uma emergência na fazenda com uma das éguas do senhor Victoriano. Eu preciso que a Doutora venha comigo pra fazenda! - disse Benito. Rosa vai até o quarto de Inês, que já dormia. - Inês?... Sou eu, Rosa. Abra, por favor. Inês ainda sonolenta, abre a porta. - O que foi, Rosa? Algum problema? - Tem sim, filha. É lá na fazenda do Sr. Santos. Com uma das éguas dele. Ele mandou te chamar. E agora?... O que Inês fará?... Vai ajudar Victoriano, mesmo que ele a tenha destratado?... Ou vai ignorar o pedido dele para dar-lhe uma lição?
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