Com um suspiro angustiado, ela virou as costas para o caos que se desenrolava na sala de estar, ignorando as palavras vazias de conforto de sua mãe e as tentativas inúteis de Adriane em acalmar seu pai. Determinada a escapar daquela atmosfera sufocante, dirigiu-se para sua suíte, onde a escuridão reinava soberana, envolvendo-a em um abraço gélido e sinistro.
Ao entrar em seu refúgio particular, o calor do dia parecia ainda mais opressivo, envolvendo-a como um abraço sufocante. A necessidade de escapar daquela sensação angustiante tornou-se irresistível. Decidiu, então, buscar alívio em um banho reconfortante, permitindo que a água fresca lavasse não apenas seu corpo, mas também sua alma, dissipando as tensões acumuladas e restaurando sua serenidade interior.
Ela, para abrilhantar ainda mais aquela noite, liga o seu computador, vai à pasta de músicas e, graças aos seis anos de curso de Inglês que fizera, coloca para tocar uma playlist com “os cem melhores Blues de todos os tempos”. Enquanto a música começa a embalar seu corpo e sua alma, ela vai despindo-se, imaginando naquele momento estar fazendo um strip-tease, para Larry e para sua mãe, ambos nus embaixo dos lençóis de sua cama.
Calmamente, Sandrine foi tirando peça por peça da roupa sem pressa, jogando cada uma delas em cima da cama. Quando estava nua em pelo, foi embalada pelo ritmo do Blues até dentro do banheiro, ligou o chuveiro cuja água estava sempre morna, entrou e começou a se ensaboar, acariciando a pele de maneira bruta, com uma esponja de banho. E enquanto banhava-se, sua mente começou a imaginar Larry e sua mãe transando loucamente, ela gemendo e ele enfiando sua tora nela, enchendo-a de seiva quente e bruta.
Seu corpo começou a se arrepiar e só o fato de lembrar de Larry e sua mãe trocando olhares devoradores, a encheu de excitação. Essa excitação era tamanha, que o único jeito de amenizá-la foi se masturbando, ali mesmo no banheiro, o que acabou fazendo ao som do Blues. Sandrine pegou o chuveirinho e começou a se masturbar freneticamente enquanto a água do chuveirinho aumentava ainda mais seu desejo, cujo g***o estava duríssimo, acariciando os s***s, imaginando o rapaz que acabara de conhecer, usando e abusando dela de todas as maneiras. Suas masturbações sempre eram melhores do que as transas que ela tinha com Hector, seu namorado, cujo semblante já a incomodava e ela estava evitando-o a todo custo.
Assim que terminou sua sessão solitária de onanismo através de seu orgasmo intenso, saiu do banho com o corpo mais relaxado, trocou-se e desceu para jantar. Enquanto comia, odiava olhar para a cara daquele homem que gastava dinheiro com as mulheres da rua, e dentro de casa era o maior mão-de-vaca, só reclamando de dinheiro e privando-as de uma vida mais confortável, apenas para dar luxo às putas e rameiras que tem a mesma idade que ela, se não forem mais velhas um pouco. Um silêncio enorme reinava durante aquela sala, até que Sandrine resolve quebrar o gelo:
- Aproveitando que você está aqui pai, queria que o senhor liberasse o cartão, pra eu poder comprar umas roupas novas, pois as minhas já estão super velhas.
Charles, que já estava comendo como se descontasse uma raiva inexistente em suas garfadas, para de comer e esbraveja:
- Até você, Sandrine? Já não me basta sua mãe me cobrando dinheiro para roupas novas, agora você também está entrando na fila?
- Se a gente está cobrando é porque está precisando, pai! Deixe de ser assim tão sovina e libere o cartão!
- Sua mãe sabe fazer roupas. Ela e você que se virem!
As palavras do patriarca ecoaram na sala de jantar como um corvo n***o que adentra uma capela solitária, perturbando a paz outrora presente. Sandrine, assentada à mesa, sentiu cada sílaba como se fosse uma adaga perfurando sua alma, embora mantivesse sua face imóvel, como uma estátua macabra em um cenário de desespero. Seu semblante, gélido e inexpressivo, m*l ocultava o turbilhão de tormentos que assolava seu interior.
Enquanto engolia cada bocado de comida, ela percebia uma raiva ardente florescer em seu peito, uma fúria insaciável alimentada pelas transgressões de seu próprio progenitor. Nem mesmo os preceitos sagrados, inscritos nas tábuas divinas, podiam refrear seu ímpeto de clamar contra as injustiças perpetradas por aquele que deveria zelar pelo lar. A imagem do encontro no shopping a consumia, desejando ardentemente confrontar aquele homem que, enquanto ela e sua mãe debatiam-se para sustentar o teto que abrigava suas dores, dissipava fortunas com meretrizes em lojas de joias suntuosas. Contudo, mais do que a ira dirigida ao progenitor, era a decepção que dilacerava seu coração como uma lâmina afiada, despedaçando-lhe a alma em fragmentos de desesperança.
O silêncio funesto era pontuado apenas pelo eco dos talheres sobre o prato e pelo sussurro angustiante de sua própria respiração agitada. Seus olhos, carregados de angústia, encontraram os da mãe, Adrienne, que permanecia como uma estátua de mármore, petrificada pela tensão pairante no ar. Sua expressão era um enigma sombrio, um mistério enevoado de resignação e dor, testemunhando o embate entre a filha e o esposo sem emitir sequer um lamento.
Por fim, Adrienne rompeu o sepulcral silêncio, sua voz trêmula e exausta ressoando como o sussurro de uma alma penada. Ordenou que Sandrine terminasse sua refeição e se recolhesse ao aposento, sem espaço para réplicas ou contestações diante da autoridade materna. Enquanto os passos da filha ecoavam pelo corredor sombrio, a atmosfera pesada da casa parecia adensar-se como uma névoa sinistra, pressagiando tempos ainda mais lúgubres à frente.
Na densa escuridão que envolve o quarto, Sandrine jaz imersa em um mar de pensamentos sombrios, que se agitam como sombras sinistras dançando em torno dela. Os lençóis, mais frios que a sepultura, abraçam-na como se fossem as teias de uma aranha, ameaçando sufocá-la em sua mortalha macabra. Uma luminária agonizante projeta um brilho trêmulo, como se fosse a última luz antes do abismo, lançando sombras monstruosas que dançam e contorcem-se nas paredes, como espectros dançantes em um cemitério esquecido.
O silêncio, que paira mais pesado que um caixão de chumbo, é rompido apenas pelo suave arrastar dos dedos de Sandrine sobre os discos antigos. Cada movimento é uma nota de tensão, uma prenúncio de algo terrível prestes a desencadear-se. O disco "The Greatest Hits Of Pink Floyd", com suas melodias melancólicas como gemidos de almas dominadas pelo LSD é colocado na vitrola, ecoando como se fosse o lamento de uma alma enlouquecida, ecoando pelos corredores de um sanatório.
Cada nota é como um golpe nas feridas da alma de Sandrine, abrindo-as mais e mais, expondo as entranhas de sua angústia. As músicas fluem como um rio de lamentos, carregando-a para além dos limites da razão, em direção aos abismos negros do desespero. Cada acorde é um corte profundo, dilacerando sua mente já fragilizada, e cada verso é um eco dos seus próprios tormentos interiores.
Enquanto a música ecoa, Sandrine sente-se arrastada para um estado de semiconsciência, onde os limites entre realidade e pesadelo se tornam indistintos. Seus olhos, mais pesados que lápides ancestrais, cerram-se lentamente, sucumbindo ao canto sedutor da escuridão. É então, nos recônditos sombrios do subconsciente, que a verdadeira viagem começa - uma jornada pelos abismos de sua própria mente, onde monstros interiores aguardam, prontos para devorá-la viva.
Numa noite enevoada, onde o manto da escuridão se estende como garras de um espectro faminto, Sandrine se vê arrastada para um palco sombrio, onde as sombras dançam ao ritmo de sua própria ansiedade. À sua frente, a macabra Rua Morgue se estende como um túnel para o além, uma senda pavimentada com os fragmentos de pesadelos esquecidos e segredos enterrados.
Erguendo-se na imensidão da noite, está a morada de Madame L'Espanaye e sua filha Adrienne, onde a névoa sinistra se enrosca como dedos de cadáveres em busca de redenção. Mas nesta morada de desolação, as aparências são mais tortuosas que a própria morte.
Madame L'Espanaye e Adriane, longe de serem meras vítimas de um destino c***l, compartilham um vínculo nefasto: ambas se enredam nas teias de um amor proibido, cuja sombra obscurece até mesmo a luz da lua que ousa penetrar as janelas dessa casa condenada. O enredo sinistro deste pesadelo é revelado diante dos olhos de Sandrine como uma tragédia shakespeariana, onde cada ato é manchado com o sangue da paixão e da traição.
É nesse mundo onírico, onde os limites entre a realidade e a ilusão se dissolvem como fumaça de sepultura, que Sandrine se vê mergulhada. Seu subconsciente tece uma narrativa tão complexa quanto um labirinto de pesadelos, onde o desejo se mistura com o desespero e a traição se esconde nas sombras mais profundas da alma. O título que ecoa em sua mente, "OS AMANTES DA RUA MORGUE", ressoa como um sino fúnebre em uma noite sem fim, prenunciando um desfecho tão sombrio quanto a própria morte.
E assim, envolta na melodia funesta do Pink Floyd e nos ecos de suas próprias angústias, Sandrine flutua entre os reinos da realidade e da loucura, navegando pelas correntes turbulentas de seus sonhos mais profundos. É uma odisseia que desafia não apenas as leis da lógica e da razão, mas também as barreiras que separam o mundo dos vivos do domínio dos mortos, onde os mistérios mais arrepiantes aguardam para serem desvelados pelos corajosos ou, talvez, pelos insanos.