Por que Jeongguk não tinha alguém? Pt. I

2383 Words
O cheiro de café forte era possível ser sentido do lado de fora, atraindo ainda mais as pessoas para o estabelecimento. A música tocava em um volume baixo enquanto os clientes entravam e saiam, alguns conversavam, animados em suas mesas, outros apenas liam o jornal daquela manhã ou até mesmo digitavam em seus notebooks ou celulares. Jimin, infelizmente, não era um dos clientes. Ele era o que fazia os clientes felizes. Com um pequeno avental verde por cima de sua camiseta listrada e calça jeans preta, ele carregava uma bandeja com uma xícara de café e um pequeno prato com dois pães de queijo sobre.  Com um sorriso nos lábios, se aproximou da mesa onde havia uma senhora de idade e colocou o pedido ali. — Bom apetite.— Disse sorridente, abaixando levemente sua cabeça para a senhora, que sorriu e agradeceu. Suspirando, o garoto sorridente se aproximou do balcão e colocou seu braço sobre o mesmo, olhando para seu colega de trabalho, que passava um pano úmido sobre a madeira do balcão enquanto ria baixo. Park Jimin, mais conhecido como ‘Jiminnie’, trabalhava em uma cafeteria por período integral. Ele morava sozinho em um apartamento a duas quadras do seu local de trabalho. Seus pais moravam em Daejeon e Park optou por morar em Seul, graças á universidade que desde criança sonhava em ir. Seus pais sempre lhe falavam daquela universidade, dizendo que todos que entravam lá, ganhavam um futuro promissor. O único problema era o preço da mensalidade. A família Park nunca foi uma família que esbanjava dinheiro, sendo assim, Jimin teve que se virar. Aos dezoito anos se mudou para Seul, a cidade dos seus sonhos. Antes de arrumar o trabalho na cafeteria, sempre passava em frente á mesma e se encantava pelo cheiro dos grãos de café sendo triturados. Quando soube que a cafeteria estava com vagas abertas, não pensou duas vezes antes de enviar seu currículo. O pequeno Park Jimin sabia que faltava uma boa quantia de dinheiro, mas não deixava que isso abalasse seus sonhos de ir para a universidade. Ele havia tentado ganhar bolsas, porém nunca era escolhido. Tentou empréstimo do banco, mas sabia que acabaria endividado. Ás vezes ele desejava que nem tudo se baseasse em dinheiro. — Falta muito? — Disse Jin, ainda limpando o balcão, porém dessa vez, olhava para Park. — Sim... — Suspirou, se virando para o amigo. — ‘Muito’ é pouco! — Sabe que não adianta esperar tanto tempo para entrar em uma universidade, não é? Não pode trabalhar aqui para sempre. — Eu sei. Mas também não posso desistir. Eu quero achar um emprego fixo, mas sem um diploma? Acho difícil. — Bufou, colocando o cotovelo sobre o balcão e seu queixo apoiado em sua mão. — Sinto muito por isso, Jiminnie. — Sorriu fraco, confortando o garoto. — Eu também. — Fechou os olhos, irritado. — Eu faria qualquer coisa pela maldita bolsa, qualquer coisa mesmo! — Você pode se arrepender de ter dito isso... — Respondeu brincalhão. Jimin apenas revirou os olhos, sorrindo e voltou ao seu trabalho. De sua mesa, Jeon Jeongguk pode ouvir tudo o que o garoto dizia e um sorriso abriu em seus lábios, logo tendo talvez uma das melhores ideias que já teve em sua vida.   [...] Era quase final de expediente. Park estava exausto, parecia que havia mais pessoas ali do que o normal. Ele havia decorado quase todos os tipos de café que a cafeteria servia apenas com os pedidos de seus clientes. Porém, ele não podia reclamar, estava ganhando dinheiro para fazer aquilo. Se teve uma coisa que Jimin aprendeu, foi que nunca se deve reclamar de algum serviço se você está ganhando algo em troca. Sua mãe que sempre lhe dizia isso, e ele a amava mais do que qualquer coisa, então seguia aquele conselho como ninguém. Quando finalmente – aparentemente – a ultima pessoa presente ali saiu, Jimin finalmente respirou fundo, demonstrando sua exaustão. Ele fechou seus olhos e sentou sobre o balcão, ouvindo a moça do caixa, rir. Park nem se quer disse alguma coisa, apenas aproveitou aquele momento de paz e o som calmo. Abrindo seus olhos lentamente, se aproximou da maquina de café e apertou em um dos botões, observando o pequeno copo de plástico sair da maquina, assim como o cappuccino que havia pedido. Esperou alguns segundos e pegou o copo, tomando um gole do café, enquanto sorria simples. Ele amava aquele cappuccino. Somente quando deu mais uma olhada para o estabelecimento, notou que ainda havia um cliente, que o observava. Rapidamente Jimin arregalou seus olhos e colocou o avental, se atrapalhando ao tentar fazer um laço em suas costas. Jeon teve que segurar a risada. Ele levantou da cadeira e andou a passos lentos de Jimin, que sorria nervoso. — Me desculpe, eu não sabia que o senhor ainda estava aqui. — Se aproximou do homem de terno, que era alguns centímetros mais alto. — Não precisa se preocupar. — Assentiu levemente com a cabeça, segurando seu pulso atrás das costas. Jimin teve que notar o quão sincero era o sorriso que estava nos lábios do homem. — Eu estava esperando que você ficar sozinho. Jimin franziu o cenho e deu um passo para trás, confuso, com medo. — Como assim? — Olhou nos olhos de Jeon, que apenas riu e desviou o olhar para seus sapatos caros. — Você não vai me matar, não é? — Não, nada disso. — Voltou a olhar para os olhos do garoto. — Mas poderia se quisesse... — Sorriu de canto, colocando as mãos em seus bolsos. Jimin engoliu seco. — Mas, não. Eu esperei para outra coisa. Não precisa ter medo. — Disse em um tom doce, que acalmou as palpitações do coração de Park. — Certo. — Disse risonho, ainda nervoso. — Então, o que o senhor deseja? — Pode me chamar de Jeongguk. — Sorriu, erguendo a cabeça. — Seu nome é Jimin, certo? — Ele confirmou. — Eu trabalho na Gallup Jeon, uma empresa famosa aqui em Seul, te explicaria sobre o que é, mas acho que você não está interessado, então vou direto ao ponto. Minha irmã vai se casar em uma semana, e eu prometi que levaria alguém comigo. — Mas... Por que está me contando isso? — Franziu o cenho. — Porque eu quero que você seja meu namorado de mentira por uma semana. — Disse sério. Jimin riu e negou com a cabeça, sorrindo sarcástico enquanto negava com a cabeça. — E o que te faz pensar que eu posso aceitar? — Porque eu posso conseguir sua bolsa para a universidade que você tanto quer, ou posso pagar o que você precisa. — Sorriu, vendo Park perder a fala. — Eu tenho dinheiro, muito dinheiro, Jimin. Eu poderia comprar esse lugar se eu quisesse, mas estou apenas fazendo uma proposta. — E-Eu não... Park realmente não estava acreditando que aquilo estava acontecendo. Não era todo o dia que um estranho oferecia uma bolsa para a sua universidade em troca de ser seu namorado por uma semana. Aquilo era como prostituição. Ele estava se prostituindo? Não! Jimin não era esse tipo de garoto. — Você só precisa fingir ser meu namorado na frente da minha família e me acompanhar no casamento, depois disso está livre. — Completou. Jimin continuava em silencio, sem reação alguma. Ele não sabia o que responder. Por alguns segundos seu coração parecia ter parado de bater e o oxigênio ali presente parecia não ser mais o suficiente. Aquilo havia o pegado de surpresa. — Mas... Por que eu? — Olhou nos olhos de Jeon, com certo ar de desafio. Jeongguk tinha várias respostas para aquela pergunta. Poderia ter dito que achou o sorriso do rapaz encantador. Poderia dizer que sua família o acharia perfeito (o que era verdade, Jimin tinha o perfil de alguém que merecia estar no auge. Ele tinha um sorriso doce, uma postura correta, roupas suficientes no corpo e era educado). Poderia dizer que era porque sentiu que tinha que ser ele. Mas ele preferiu dizer o que achava mais certo, ignorando o quão lindo e encantador Park Jimin era. — Porque parece ser um serviço fácil para você. — Sorriu. — Você tem uma boa postura, um garoto de família, estou certo? Jimin concordou. — Bom, aqui... — Tirou um pequeno cartão preto do bolso, entregando para o garoto a sua frente, que pegou o papel. — Minha proposta está de pé até amanhã á noite, não posso aceitar depois do prazo. — Mas e se eu não tiver uma resposta até amanhã á noite? — Disse receoso. — Então terei que achar outra empresa, digo, outra pessoa. — Suspirou, irritado com o erro. Jimin engoliu seco e concordou com a cabeça, olhando para o cartão em suas mãos. Essa era a deixa para Jeon ir embora, e assim o fez. Se virou e caminhou em direção a porta á passos lentos. Sentia o olhar pesado de Jimin sobre suas costas, porém não ousou olhar por cima do ombro, muito menos se virar. O garçom mordeu seu lábio inferior e fechou seus olhos com força, ainda em duvida. A adrenalina e a ansiedade diziam para dar-lhe uma resposta agora, mas o orgulho e honra diziam para esquecer aquilo. Ele lembrou de sua família. Aquilo não era algo errado, certo? Ele não beijaria Jeongguk, muito menos transaria com ele. Ele só faria o papel de um ator, isso! Um ator! Era apenas um trabalho, e ele receberia sua vaga na universidade de qualquer jeito! Sua mãe que lhe dizia que não se podia reclamar de um serviço se você recebesse algo em troca. E ele receberia algo em troca. Deixando todo o ar sair de seus pulmões, abrindo os olhos rapidamente, ele apertou seus punhos, dando um passo á frente. — Eu aceito. E pode jurar que sentiu um sorriso de canto se formar nos lábios de Jeongguk.   [...] Quando Park foi levado até Gallup Jeon para acertar os termos com o mais velho, se impressionou com o lugar. O prédio inteiro parecia ser de vidro, o chão parecia porcelana e tudo ali parecia conseguir pagar todo o apartamento de Jimin e até mais. Foi então que sentiu o poder de Jeon Jeongguk. Eles entraram no elevador e Park só pode observar a postura intacta de Jeon. A gravata alinhada, o terno bem arrumado, os braços em frente ao corpo, o queixo levantado, um sorriso lindo, tudo apontava para o homem dos sonhos de qualquer um, por que ele precisava pagar alguém para fingir ser seu namorado? No final, ele preferiu guardar todas as perguntas em um baú dentro de sua cabeça, ignorando os fatos. Jeon percebeu o olhar sobre si e olhou de volta para o garoto, vendo o mesmo corar, gaguejando, tentando formar uma resposta. — E-Eu... Você... Seu pai quem fundou a empresa, não é? — Perguntou, sorrindo nervoso. Jeon achou aquilo uma graça. — Sim. — Riu baixo. — Ele deixou a empresa no meu nome depois que morreu. — Sorriu simples. — Eu sinto muito. — Não sinta. Foi á muito tempo. As portas do elevador se abriram e Jeon saiu com Jimin o seguindo. Park não parava um segundo de observar o lugar, ele olhava para cima, para a direita, esquerda, para baixo, até mesmo virava de costas, era tudo tão novo, nunca havia entrado em um lugar assim. Jeongguk apenas observava por cima do ombro, rindo daquilo tudo. Jimin era adorável. Quando finalmente atravessaram o imenso corredor, Jeon abriu a porta de sua sala, dando espaço para o mais novo entrar, e assim ele o fez. A boca de Park se abriu em um perfeito ‘O’, assim como seus olhos que brilharam ao ver a linda sala e a parede de vidro. Era tudo tão novo acontecendo tão rápido, não deu tempo nem de Jimin se acostumar com aquilo, mas ele gostava da sensação de surpresa. — Isso... Isso tudo é seu? — Perguntou, olhando para Jeon por cima do ombro, enquanto sorria. — Era do meu pai, só fiz umas mudanças... — Deu de ombros, entrando na sala, contendo um riso. — Isso é tão... Só a sua mesa pagava o meu apartamento! — Riu divertido. — Obrigado. — Riu baixo, se aproximando de sua mesa. Jimin explorava a sala com toda a sua curiosidade, e Jeon apenas observava aquilo encantado, era como uma criança na sua primeira vez na escola. O dono da empresa se sentou sobre sua mesa e mordeu o lábio inferior enquanto sorria. As pequenas mechas de cabelo que caíam sobre a testa de Jimin o deixavam com um ar selvagem, mas era apenas um disfarce, Jimin era apenas uma criança inocente, ou pelo menos era o que Jeon pensava. — Bom, podemos discutir os termos? — Interrompeu Jeongguk, que arrumava sua gravata sobre o pescoço. — Ah, claro. — Diminuiu o sorriso, se sentando em frente á Jeongguk. — O que eu tenho que fazer? — Bom, o casamento da minha irmã vai ser em Busan, então vamos pegar o voo domingo á noite. — Jimin concordou com a cabeça. — Pelo jeito teremos o jantar de ensaio, por isso temos que ir uma semana antes, o casamento vai acontecer sábado que vem. Jeongguk começou a falar sobre toda a sua família. O nome de sua mãe, seu ‘padrasto’, sua irmã, seu irmão, pessoas relevantes que Jimin deveria impressionar. Contou sobre o noivo de sua irmã, contou como ele deveria se comportar (que na realidade, não mudou muita coisa, Jimin era realmente encantador), disse tudo a respeito de sua família. Park prestou atenção em tudo aquilo com bastante cuidado, ele tinha que ser perfeito. Jeongguk falou que mandaria os números dos ternos para sua secretária e a mesma os enviaria para Busan antes do casamento. Também disse para Jimin usar suas melhores roupas durante aqueles sete dias e, o mesmo concordou sem pensar duas vezes. Jeon parecia feliz com a história que contava e Park se encantava com os sorrisos que o mais velho dava enquanto falava. Ele era incrivelmente bonito e charmoso, e novamente as perguntas vieram mais uma vez; por que Jeon Jeongguk não tinha alguém?
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