Aquele com o quiosque duvidoso

1698 Words
DulcePOV Eu geralmente tiro alguns dias de folga após alguma premiação, mas dessa vez eu estava com vontade de fazer coisas. Estava meio agitada, digamos. A foto que eu tirei com Demi Lovato correu o México inteiro, depois o mundo e estavam todos falando sobre isso por umas cinco horas, então todo mundo começou a falar de um fato mais interessante que nós duas numa festa chata cotidiana. O fato é que eu não esqueci. E depois de continuar recebendo piadinhas e provocações, decidi ignorar o celular por alguns dias, até eles terem outro assunto sobre o qual me encher o saco. Ou eu achar um motivo para encher o saco deles. Fiquei no México mais dois dias, aproveitando para visitar meus pais depois que saí com Christopher. Tentei evitar minhas irmãs, porque elas haviam entrado no jogo de "vamos provocar Dulce só porque ela ficou surpresa e cuspiu um pouco de água". Eles simplesmente não têm mais nada interessante na vida do que me infernizar. Decidi ir para minha casa em Los Angeles por nenhum motivo especial. Na verdade, eu tinha um. Fugir dos idiotas que ficam me atormentando. E surfar. Fazia um bom tempo que eu não surfava por causa das viagens para todo lado e eu queria retomar o tempo perdido nesses dias de folga e gastar a energia que me mantinha agitada. Eu fui à praia na parte da tarde, depois de tirar um cochilo por causa do vôo. Não que eu não consiga dormir em vôo, porque eu consigo, é só que não é a cama mais confortável do mundo. Comi alguma coisa em um restaurante por lá. Era um restaurante de frutos do mar, o que eu considerei bom, apesar de ser mais fã de sushi que de outros pratos com peixe cru. Depois de comer, fui esperar a digestão na areia, onde coloquei uma toalha e sentei em cima. Eu adoro o ar livre da praia, principalmente quando ela não está tão cheia, por ser um dia de semana. Fiquei arrumando minha prancha e todo o resto, e quando a hora finalmente chegou ao fim, eu peguei a prancha e corri para o mar. É uma sensação incrível surfar. Para quem gosta, claro. E eu gosto. Eu totalmente perdia a noção do tempo quando estava na água e eu não me importava quando eu caia ou não conseguia pegar uma onda, porque o simples fato de estar lá já era bastante incrível. Eu só saí quando fiquei muito cansada e m*l podia sentir meus braços. Quando estava voltando para onde havia deixado a toalha, percebi que alguém estava sentado em cima dela. Considerei desviar, sentar em outro lugar e esperar a pessoa ir embora. Ou apenas deixar a toalha lá, afinal, eu tinha outras em casa e ela não faria falta. Mas foi o cabelo azul que me fez mudar de ideia. Enfiei minha prancha na areia e olhei para ela com um pequeno sorriso. "Sempre se apropria da toalha dos outros, senhorita Lovato?" "Sempre fica parada um tempo antes de ir para sua toalha, senhorita Maria?" Ela rebateu com um sorriso. Eu ri. "Certo." Ela foi um pouco para o lado e bateu no espaço ao seu lado. Não era muito, mas eu não me importava. Eu coloquei o calção que usava antes e sentei ao seu lado. "Então, o que faz em uma praia usando jeans e camiseta?" "Estava passando e decidi parar." Ela respondeu. "E você?" "Não estou usando jeans e camiseta." Brinquei. Ela riu e, caramba, foi incrível. Pare com isso, Dulce Maria, não dê mais motivos para seus amigos te encherem o saco. Além disso: Hééééteeeroooo. "Tenho uns dias de folga, então decidi vim surfar." "Você surfa muito bem, estava observando." "É mesmo, senhorita Lovato? A senhorita é uma perseguidora?" "Só para algumas pessoas." Ela piscou para mim, então. Ou eu estava imaginando coisas ou... Não, claro que não. "Então, se não vai fazer nada, o que acha de ir tomar alguma coisa no quiosque comigo?" "O que te faz pensar que eu não vou fazer nada?" "Você está em uma praia usando jeans e camiseta." Ela sorriu. "Muito bem pensado. Eu aceito seu convite." Levantei e rapidamente coloquei minha camiseta dos Beatles, então estendi minha mão para ela e ajudei-a a se levantar, ganhando outro lindo sorriso. Arrumei meu cabelo em um coque antes de ir. Não falamos nada até chegarmos ao quiosque, onde nos sentamos nos bancos do balcão. Coloquei minha prancha encostada no banco ao lado. "Boa tarde, senhoritas." O homem cumprimentou nos entregando um cardápio. Acenei para ela escolher primeiro. Uma de suas sobrancelhas levantou enquanto ela lia e, pela sua concentração, acho que ela não percebeu, devia ser uma mania. Uma mania muito fofa. "Ok, sua vez." Ela me entregou o cardápio e apoiou o queixo na mão. Sorri levemente e comecei a ver minhas opções. Suco, água, refrigerante, hm interessante, cerveja e é isso. "Quer comer alguma coisa?" "Estou bem." Olhei-a com uma sobrancelha levantada. "O que foi?" "Eu escuto muito isso em primeiros encontros. A maioria está quase desmaiando de fome." "Então, isso é um encontro?" Ah, eu vejo onde está meu erro na frase anterior. "Por favor, eu posso fazer melhor que um quiosque duvidoso no meio de uma praia duvidosa... Sem ofensa." Acrescentei para o homem rapidamente. Ele apenas bufou e continuou limpando alguns copos. "De qualquer forma... O que acha de um prato de camarão que também é incrivelmente duvidoso?" Bela saída da pergunta, Dulce, às vezes você é um gênio. "Parece bom. Vou querer um refrigerante." Sorri. Mentes brilhantes pensam iguais. "Dois refrigerantes e um prato de camarão." "Não vai falar que o refrigerante também é duvidoso?" O homem resmungou. "Ah não, eu confio em você quanto a eles." Brinquei, ganhando uma risada dela e um palavrão desagradável dele. Muito educado. "Se você ganhar uma intoxicação alimentar, a culpa não é minha, lembre-se disso." "Vou manter isso em mente." "Então, conte-me um pouco sobre você." Isso vai ser interessante... Eu só tenho que me lembrar que isso não é um encontro. Na verdade, foi um encontro ao acaso numa praia e agora estamos conversando. Só isso. E ela é hétero. Isso mesmo, mantenha isso em mente e tudo vai ficar bem. Você não vai fazer nenhuma bobagem se pensar nisso. "Tipo o que?" O homem voltou com nossos refrigerantes e eu peguei dois canudos de uma caixinha, entreguei-lhe o canudo rosa e fiquei com o azul. Ela sorriu em agradecimentos. Eu tomei um gole antes de responder. "Não sei. Qualquer coisa." "Eu consigo colocar meus pés atrás da cabeça." E eu consegui a proeza de cuspir de novo. Graças a Deus foi no balcão e não nela (ou no homem, porque aposto que ele ia me bater). E quando ela gargalhou por causa do deja vú da situação, eu juro, eu descobri a melhor risada do mundo, é única. E seu sorriso então... HETEROSSEXUALIDADE, Dulce Maria, mantenha essa palavra em mente. HETEROSSEXUALIDADE. "Você deveria parar de me surpreender dessa maneira, algum dia eu vou engasgar em vez de cuspir e quando eu morrer você pode acabar se sentindo culpada." "Ok, desculpa." Ela ergueu as mãos em sinal de rendição, mas riu novamente. "Você conte algo agora." "Bom, eu não consigo colocar meus pés atrás da cabeça." Comentei. "Então, eu não sei fazer coisas tão legais quanto você, mas eu tenho medo de andar de avião e tenho uma coleção assustadora de bichinhos de pelúcia." "Medo de avião? E como consegue viajar o tempo inteiro então?" Dei de ombros. "Eu agarro a poltrona e rezo pra qualquer divindade que exista, então tomo um calmante e durmo o resto da viagem." Nas próximas duas horas eu consegui aprender dez coisas sobre Demi Lovato que nenhum site de fofoca ou nenhum fãnclub jamais descobriria... Ou talvez sim, mas nunca iriam descobrir a magnitude que isso causava em outras pessoas. 1º) Ela tem a risada mais gostosa do mundo. É tão pateta e contagiante e enche o coração de alegria. 2º) Antes de tomar o refrigerante, ela gira a lata uma vez , ajeita o canudo e então toma. 3º) Ela tem o palavreado de um marinheiro. Sério. Foram muitos palavrões. 4º) Ela consegue ser incrivelmente fofa quando fala um palavrão. 5º) Ela ama o Natal. É sério. Não lembro como entramos no assunto, mas ela passou meia hora falando sobre como ela ama o Natal. 6º) Quando o assunto se torna algo mais sério, ela, inconscientemente, passa os dedos por suas tatuagens nos pulsos. Lembro de estar falando sobre a época que eu visitava Anahi no hospital quando percebi ela fazendo isso. 7º) Ela adora observar as pessoas surfando, o que me faz pensar que talvez ela queira aprender a surfar. 8º) Ela pode ser madura e incrivelmente divertida ao mesmo tempo, mas devo admitir que é mais divertida que madura. 9º) Temos uma mania em comum: roer as unhas. E ela costuma fazer isso quando está pensando em algo. 10º) Ela é uma pessoa totalmente capaz de rir da própria desgraça. Ah, e apenas mais um fato sobre ela: 11º) Eu poderia totalmente me apaixonar por essa garota. Mas, honestamente, quem não se apaixonaria? Mas já estou criando um muro em volta do meu coração, porque ela é hétero, e linda, e jamais teria um relacionamento comigo. E eu não quero ter meu coração esmigalhado de novo. Bom, já faz algum tempo, mas ele esteve quebrado em algum momento e não foi divertido. Nós só saímos da praia quando já estava escurecendo e o dono do quiosque estava prestes a nos expulsar de lá. Eu considerei convidá-la para jantar, mas lembrei que ela havia dito anteriormente que já tinha planos. O que era uma pena, porque eu não queria acabar com nossa conversa. O que não era algo bom, pois isso me remetia ao 11º fato, o qual eu quero evitar a todo custo. Então poderia ser uma coisa boa. Mas quando tomamos caminhos separados no estacionamento e eu a observei partir com seu carro enquanto eu amarrava minha prancha em cima do meu, não pude deixar de pensar como seria se o jantar tivesse realmente acontecido.
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