CAPÍTULO 1 - AETHERA: GUARDIÃ DO UNIVERSO

1585 Words
REINO DE AETHORIA Sob o manto n***o cravejado onde o sol era distante, Aethoria pairava: torres de quartzo vivo com tons de ultravioleta, vibrando contra a pele como o roçar de seda gelada. O ar misturado ao éter rarefeito, carregava o cheiro metálico de ozônio e o sabor adocicado de poeira estelar, enquanto nebulosas cor de sangue e esmeralda se contorciam ao redor, exalando um calor úmido que grudava nos pulmões. Aethera para os que ousavam pronunciar seu nome, atravessava os corredores flutuantes. Seus pés descalços tocavam placas de luz sólida que estalavam como gelo sob pressão, enviando ondas de eletricidade azulada subindo pelas pernas. A aura que a envolvia crepitava, um manto de chamas brancas que lambiam o ar com estalidos secos, deixando rastros de faíscas que chiavam ao morrer. O calor dela era palpável: ondas que distorciam o espaço, fazendo as estrelas próximas tremerem como velas ao vento. Seus olhos como ondas do mar em miniatura, iris de plasma dourado rodopiando em núcleos de obsidiana liberavam um zumbido grave, quase subliminar, que reverberava nos ossos de quem se aproximasse. Quando piscava, o som se transformava em um estalo de trovão abafado, seguido pelo cheiro de tempestade iminente. Cada respiração dela sugava o frio do vácuo, expelindo jatos de vapor luminoso que se dissipavam em arabescos de luz, carregando o aroma de metal derretido e flores queimadas. Ao erguer a mão, o tecido do espaço se rasgava com um som de seda rasgada, revelando abismos onde galáxias nasciam e morriam em segundos. Seus dedos, longos e incandescentes, traçavam runas que deixavam sulcos ardentes no ar, cada traço acompanhado por um gemido baixo, como o lamento de um violino cósmico. O toque dela era fogo e gelo ao mesmo tempo: a pele de quem se arriscasse sentiria primeiro o ardor de uma forja, seguido pelo choque de um vento ártico que congelava o suor antes que escorresse.. OS CINCO DOMÍNIOS DE AETHORIA E COMO AETHERA SURGIU Nas noites em que as estrelas de Aethoria se alinhavam em um círculo perfeito, os ventos carregavam um sussurro antigo que ecoava pelos cinco domínios , foi quando surgiu a Lenda da Chama Partida. Contavam que, antes dos domínios existirem, o cosmos era um único coração de luz fria, pulsando em silêncio absoluto. Então veio o Vazio Primordial, uma fome sem forma que engolia o sol como migalhas. Quando o coração cósmico começou a rachar, uma lasca de luz pura se desprendeu e caiu, girando, até se cravar no centro do nada. A lasca não morreu. Ela queimou. E queimou tão forte que o Vazio recuou, contorcendo-se em dor. Daquele fogo nasceu Aethera , a guardiã do Universo. Mas essa guardiã no início era como uma ferida aberta. Seu corpo era a cicatriz do universo, pele de plasma que ainda sangrava luz. Onde suas lágrimas caíam, brotavam domínios: Elyria nasceu do primeiro soluço de alegria; Nyxoria, do grito de raiva; Kaelin, do suspiro de dúvida; Vitalis, do suspiro de alívio. O quinto domínio formou a própria Aethoria que foi o espaço entre suas costelas, onde o coração partido ainda batia. Mas o Vazio não esqueceu. Ele se infiltrou nos domínios como névoa n***a, sussurrando a cada governante: “Você é apenas um fragmento. Volte ao todo.” Lyrien viu suas flores murcharem em ouro morto. Khaos sentiu suas sombras se tornarem correntes. Eriol viu livros se desfazerem em cinzas. Valtor sentiu as árvores pararem de respirar. Aethera sentiu o pior: seu fogo enfraquecendo, sua luz se apagando. Ela caminhou até o centro do círculo estelar, onde o Vazio se reunia em uma única boca sem dentes. Ali, ela não lutou. Ela abriu os braços. E partiu-se de novo. Seu corpo se rasgou em cinco chamas, cada uma voando para um domínio. Em Elyria, a chama se tornou o sol que nunca se põe. Em Nyxoria, tornou-se a escuridão que protege. Em Kaelin, a palavra que nunca mente. Em Vitalis, a raiz que nunca morre. No centro, restou apenas um núcleo pequeno, quase apagado, mas ainda quente. O Vazio avançou para engolir o núcleo. Mas os domínios, agora completos, responderam. Lyrien enviou risos que queimaram a névoa. Khaos enviou sombras que a engoliram. Eriol enviou verdades que a despedaçaram. Valtor enviou vida que a sufocou. E o núcleo enviou o coração de Aethera que pulsou uma última vez. O Vazio explodiu em silêncio. Onde ele estava, nasceu o equilíbrio. Desde então, Aethera não é uma pessoa. Ela é o espaço entre os domínios, o calor que sobra quando todos os fogos se apagam. Quando alguém em Aethoria sente amor sem motivo, ou coragem sem causa, é a chama dela passando é um fragmento que nunca mais se partirá. E nas noites de círculo perfeito, se você ouvir com o coração, ainda pode sentir: o som de um fogo que queima sem consumir, o cheiro de luz recém-nascida, o toque de uma ferida que virou estrela. AETHERA PAIROU SOBRE OS PLANETAS Nas alturas onde o tempo se dobrava como papel, Aethera pairou como um sol em forma de mulher. Seu corpo inteiro era luz líquida, rios de plasma dourado correndo sob pele translúcida que refletia galáxias inteiras. Cada batida de seu coração fazia nebulosas distantes piscarem em sincronia, como se o universo respirasse com ela. Seus olhos, como dois vórtices de ouro líquido, giravam lentamente, varrendo o cosmos. Planetas passavam diante deles como contas de um colar: Marte sangrando ferrugem, Júpiter girando em tempestades de amônia, Saturno cantando com seus anéis de gelo. Ela os via, mas não se demorava. Então, seu olhar parou sobre a Terra, pequena , azul e frágil. Um ponto de luz trêmula no vazio. Ela se aproximou. Não com asas. Não com passos. Apenas vontade. O espaço entre elas se rasgou com um som de seda sendo rasgada. Aethera estendeu a mão e tocou o ar onde a Terra girava. O planeta tremeu levemente, como uma criança acordando de um sonho. Oceanos brilharam mais fortes. Florestas exalaram oxigênio em ondas verdes. Uma criança em algum lugar olhou para o céu e sorriu sem motivo. Aethera não sorriu. Ela brilhou. Luz explodiu dela em ondas suaves, envolvendo a Terra como um abraço de aurora. Onde a luz tocava, guerras paravam por um segundo. Mães apertavam filhos. Flores abriam à noite. Seus cabelos, filamentos de fogo branco, dançavam ao redor da cabeça como uma coroa solar. Cada fio deixava um rastro de estrelas recém-nascidas que caíam em direção à Terra, queimando na atmosfera em chuvas de luz suave. A VISÃO DE AETHERA Enquanto Aethera pairava sobre a Terra e observava a humanidade através de um portal de cristal no jardim das estrelas, Aethera teve uma visão aterradora: A cidades desmoronando em chamas que lambiam o céu, rios de lágrimas pretas correndo por ruas rachadas, mãos estendidas de crianças que se dissolviam em poeira. O ar dentro do portal carregava o cheiro acre de fumaça e sal, e um gemido coletivo subia, vibrando em seus ossos como um tambor distante. Seu peito apertou; luz interna piscou, enviando ondas de calor que distorciam as estrelas ao redor. Uma lágrima de plasma dourado escorreu por sua bochecha, evaporando em faíscas que chiavam ao tocar o chão. Lyrien, o guardião chefe de Elyria, apareceu ao lado de Aethera e disse: — Aethera, você não pode interferir; isso vai contra as leis do Reino. Aethera respondeu, determinada: — Não posso ignorar o sofrimento deles. Preciso ajudar. Lyrien advertiu: — Você perderá sua divindade, sua família... tudo. Aethera replicou: — Já tomei minha decisão. Irei à Terra e não permitirei que nada aconteça aos seres humanos. Vou ensiná-los a usar seus poderes e, juntos, restabeleceremos a ordem divina. — Você realmente quer abandonar sua divindade? — questionou Lyrien. — Sim, Lyrien. A Terra precisa de mim. A escuridão ameaça destruí-la. — Você perderá sua essência divina; sua luz não terá volta — alertou Lyrien. — A humanidade vale a pena. Eu devo protegê-la — afirmou Aethera. Lyrien suspirou antes de continuar: — Devo informá-la que a única maneira de descer à Terra como deseja é renascendo como humana. Para isso, você deve atravessar o portal estelar. Ao fazê-lo, todas as suas lembranças deste reino serão apagadas. — Eu vou me lembrar depois? — indagou Aethera. — Você poderá se lembrar se mantiver o coração puro e o amor incondicional — explicou Lyrien. — Seus poderes e lembranças podem voltar gradualmente. — Compreendi tudo o que você me disse e não mudarei de ideia — respondeu Aethera com firmeza. Lyrien então perguntou: — Está pronta para abandonar sua divindade? — Sim, Lyrien; estou pronta — afirmou Aethera com determinação. Lyrien prosseguiu: — Então escolha sua mãe terrena. Quem será? Aethera fechou os olhos e uma visão de Sophia surgiu em sua mente. — Sophia — sussurrou Aethera. — Ela será minha mãe. Lyrien sorriu: — Você escolheu bem; Sophia possui um coração puro. Guiando Aethera até o portal estelar, Lyrien disse: — Lembre-se, Aethera: sua missão é proteger a humanidade; não esqueça sua essência divina. Quando Aethera atravessou o portal estelar, sua essência cósmica percorreu o caminho até Sophia e penetrou em seu ventre. Ao sentir essa conexão profunda, Sophia levantou-se repentinamente, sendo invadida por uma visão fulgurante enquanto repetia as palavras: — Uma estrela brilhante caindo do céu, Uma voz sussurrando “Aethera”, “Drenalina”... Uma sensação de paz e propósito envolveu Sophia como um abraço acolhedor. O que acontecerá quando Aethera nascer na Terra? Você descobrirá nos próximos capítulos..
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