Sacerdotisa

1592 Words
 O dia começou com um enorme e brilhante sol, com seus raios batendo na janela. Por ser uma janela de vidro, os raios entravam e iluminavam todo o quarto. Me virei para um lado, me virei para o outro e percebi que havia amanhecido. Balancei o corpo de Jony o fazendo acordar. Ele se remexeu para um lado, depois para o outro e então levantou. -Já está na hora de irmos para casa? – ele esfregava os olhos para tentar abri-los. -Não exatamente. – eu estava coberta com um lençol grosso, fazia muito frio pela manhã. Sentada ao seu lado , olhei para o campo verde que havia lá fora. Estava realmente mágico. O verde estava vivo, as flores balançando por conta do vento, passarinhos nas árvores e voando por aí. Mais uma vez me senti hipnotizada pelo sol e o olhei fixamente. -Isa! Isa! – percebi a mão de Jony passando de um lado para o outro no meu rosto , tentando chamar minha atenção. Pisquei meus olhos rapidamente e senti minha cabeça balançando para trás. – Você é tão estranha! – vi ele levantar da cama e seguir para o banheiro. Esfreguei meus olhos e desci. No banco do lado de fora da casa, me sentei e olhei em volta. Me senti bem, viva, feliz. E em uns segundos de paz, a imagem de Erik veio em minha mente. O modo como ele me olhou ao me deixar em casa, aqueles olhos verdes não saiam da minha mente. Foi ai que eu pensei que não eram apenas seus olhos que me faziam repensar nas coisas, o de Jony também. E não podia esquecer do cara estranho que estava atrás de mim. Verde. Era uma cor que eu realmente não poderia esquecer. Pensei por um momento que poderia confiar em Erik e contar tudo par ele, mas eu sabia que antes disso , havia uma pessoa que poderia me ajudar a saber de algumas coisas. Corri para a cozinha. -Bom dia vovó! – Vovó estava na barra do fogão, cozinhando algo. A vi em uma de suas mãos uma colher de p*u e na outra havia uma luva própria para panelas quentes. -Bom dia querida! Foi receber as boas energias do sol? – a cozinha era de tanto um tamanho adequado, havia uma pequena mesa de quatro cadeiras no meio dela, pois não comíamos na cozinha e sim na sala de jantar. Ou então , na mesa enorme que havia do lado de fora. -Sim! – sentei-me em uma das cadeiras e fiquei calada por alguns segundos. Peguei um copo de água e tomei. – Vovó, porque a senhora me chama de pequena sacerdotisa? -Por quê essa pergunta agora meu amor? - sua reação não mudara, ela seguia mexendo calmamente a comida. -Curiosidade. Já escutei esse nome antes e quero saber realmente seu significado. – menti. Eu era boa nisso, mesmo não gostando de mentir para ela. -Bem, - a vi desligar o fogão e sentar –se em minha frente. – sacerdotisa representa uma figura materna, que tem conhecimento, sabedoria, intuição. É como se você soubesse lidar com os problemas que rodeiam seu povo. È isso que uma sacerdotisa faz, protege os seus. Ela pode esconder coisas, que talvez seja até melhor que alguns não saibam, mas no fim, ela sempre sabe o que é melhor a se fazer. Você tem certa semelhança com ela. Não acha? Essa sua intuição, a qual chamamos de impulsividade. Essa sua mania de querer salvar todo mundo e sempre está ao lado do seu irmão. – a fiquei escutando e refletindo que tudo aquilo até que fazia um pouco de sentido. – Esclarecida sua dúvida? – vovó soltou um pequeno sorriso e levantou. -Acho que sim. – tentei soar normal, mas estava preocupada. – A senhora acha que isso realmente existe? Essa coisa de sacerdotisa, rainha, bruxa, magia? -Ora! – ela riu docemente. – Não é porque nunca vimos, que dizemos que existe. Se você acredita, existe. – franzi minha testa. Estava esperando uma resposta do tipo "não seja boba, isso não existe." -Agora eu sei a quem puxei minha bizarrice. – cochichei para mim mesma e sai da cozinha. Fui atrás do Jony. –Jony! – gritei do alto da escada. – Jony! – gritei outra vez e ele não apareceu. -Ele está no celeiro com o pai. – escutei a voz do vovô atrás de mim. -Eu pensei que tínhamos que comer. – me virei e o ajudei a sentar em uma das poltronas enormes e confortáveis que haviam na sala. -Ainda temos tempo. Porque não senta e conversa um pouco com seu velho? – percebi seu olhar me indicando a cadeira a sua frente. -Okay. Eu já posso imaginar o que o senhor quer falar. Já está tudo resolvido, eu vou para a viagem com eles. -Hum, ótimo! Mas não é sobre isso que eu quero falar. -Não? – franzi a testa e me ajeitei no sofá. -Não. Quero falar sobre uma pessoa, chamada Erik. – bufei, sabia que o Jony tinha falado algo mais. -Ai não, isso com certeza foi coisa do Jony. Vovô, não temos nada para falar. Serio. Não tenho nada com ele. -Tudo bem, eu acredito em você. Mas quero que você se abra um pouco mais, se esse garoto te faz bem e te faz sorrir , assim como o Jony disse, acho que há algo de bom nele. – minha expressão havia mudado. -O que o senhor quer dizer com isso vovô? -Você já tem 17 anos, nunca vimos você se relacionar com algum garoto seriamente. Sabemos quantos problemas você tem dentro de casa, e se aparece alguém que te faz bem e te faz sorrir, você não pode simplesmente se fechar. É coisa para aproveitar sabe? Se dê a chance de ser feliz. Pare de pensar um pouco nos outros e pense mais em você. – eu não sabia o que falar, ele havia chegado no meu ponto fraco. Soltei apenas um sorriso, não havia palavras para contestá-lo. -Todos para a mesa? – Vovó chegou em segundos e nos chamou para comer. – Querida, porque não vai até o quarto e chama sua mãe? – afirmei e subi as escadas. -Mãe? – bati na porta. – A vovó está nos chamando para comer. – vi a porta se abrir e percebi os olhos dela tão claros, que havia esquecido de seu cabelo, longo e louro e seus olhos claros, quase verdes. Verde. -Obrigado querida. – ela sorriu. – Bom dia! Está bem? – ela alisou meu cabelo e me abraçou. O que era bastante esquisito, nunca a vi fazer tal coisa. -A senhora está doente? -Não. Na verdade esse lugar até está me fazendo bem. – ela tomou a frente, seguiu o corredor e desceu as escadas. -Deveria frequentar essa casa mais vezes.- falei para mim mesma e logo depois tomei o mesmo caminho que ela. Tomamos um belíssimo café da manhã, e dessa vez sem insultos ou insinuações. O que era estranho, mesmo sem querer, não tinha como não notar que algo estava errado. Após o café, recebi uma mensagem no celular. "Precisamos falar com você. A Sofia está agindo estranho." Eu não tinha a menor ideia de quem era o numero, até ler o nome de Sofia. Provavelmente, era a Alice. Mas, como elas conseguiram meu numero? Pensei por uns instantes e não via porque me preocupar com aquilo. Tentei apenas relaxar durante a tarde. Relaxei. Tirar tempo para ler livros e sentir cheiro de lavanda, era meu passatempo preferido. Contudo, estava chegando a hora de voltar para casa. Mamãe havia ido me chamar no meio do quintal, onde eu estava deitada no gramado. Não demorei muito e em poucos segundos estava no quarto, arrumando minhas coisas. -Já vai voltar? Eu gosto desse lugar. – tomei um grande susto e me virei rapidamente em direção a voz que estava falando. -Que mania de assustar as pessoas. – o vi mexendo em uma das decorações na estante.- Como você consegue entrar assim? Quem te deixou passar. -Você! – ele colocou o boneco no lugar e com uma de suas mãos no bolso, ele virou e me olhou. – Você não está me bloqueando mais de sua mente, sabe que eu existo e quer respostas. No momento, eu aconselho que ajude a Sofia. Você vai saber como ajudá-la. Vocês foram escolhidas. -Eu já te disse que sou péssima com enigmas? – me virei e continuei colocando as roupas na bolsa. -Você é. Mas há alguém que pode te ajudar e você sabe quem. – parei por um segundo e olhei para a janela. Vi seu reflexo atrás de mim. Ele sorriu. -Não, não sei. E escolhidas para que? Eu não sou obrigada a ajudar ninguém, principalmente elas. -Bem, você as ajudou quando fui falar com elas. -Por que eu pensei que você iria fazer m*l a elas. E se você quer saber, hesitei antes de ajudá-la. -Certo. Dá próxima vez, não se meta. – foi a ultima frase que escutei dele e logo depois vi um vulto preto e ele sumiu. Sentei na cama e bufei. Eu tinha que saber do que ele estava falando. Durante a volta da viagem, estávamos vendo a possibilidade de lugares para viajar e como o inverno estava chegando, decidimos ficar com a estação de esqui. A Whistler-Black com Resort. Ela ficava um pouco distante da cidade, mas sabíamos quem e um resort , haveria várias pessoas. Assim ficou decidido e eu já estava criando planos em minha mente.
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