CAPITULO 64

1310 Words
LILY'S POV Desci as escadas apressada, sentindo o cheiro do jantar vindo da cozinha. Encontrei Samantha arrumando a mesa com precisão meticulosa enquanto meu pai, Doug, carregava uma panela pesada e fumegante até a mesa. Na sala, escutei o som de risadas vindas de Samuel, que estava ao telefone. Curiosa para saber quem conseguia arrancar aqueles risos dele, preferi ignorar a presença dele e focar no meu objetivo. “Pai, já pensou sobre o que te perguntei?” minha voz saiu ansiosa enquanto eu me aproximava da mesa. Samantha levantou o olhar, alternando entre mim e Doug. “Pensado sobre o quê?” Segurei a cadeira nervosamente, tentando controlar meu tom. “Eu tenho uma festa na sexta-feira, na casa de um amigo da escola. Perguntei para o pai se eu poderia ir.” Doug suspirou fundo, retirando a tampa da panela. “Ainda não decidi, Lily. Essas festas de jogadores de futebol têm a fama de serem bem... ilegais.” Samantha me encarou com uma expressão séria. “Esse amigo é do time de futebol?” Assenti. “Sim, o John é o quarterback.” Ela franziu a testa, balançando a cabeça. “Essas festas realmente não são para garotas da sua idade.” Olhei para o meu pai, tentando parecer o mais convincente possível. “Eu prometo que vou me comportar. Aidan e Ashley também estarão lá. Não vai ter problema.” Samantha sorriu um pouco. “Aidan é um bom garoto, ele frequenta a igreja. É confiável.” Samuel se aproximou da mesa, curioso. “Quem é confiável?” Samantha respondeu, “Aidan.” Samuel fez uma careta. “Parece que todo mundo só fala desse garoto agora.” Doug, parecendo buscar apoio, se virou para Samuel. “Você sabe que essas festas de jogadores são pesadas demais para garotas como a Lily, certo?” Samuel me olhou e depois voltou-se para Doug. “Ele tem razão.” Ignorei Samuel, focando no meu pai. “Pai, eu já disse que não vou sozinha. A Ashley também vai.” Samuel riu, sarcástico. “Ashley? Agora ficou bom mesmo.” Doug franziu a testa. “O que quer dizer com isso?” Samuel serviu-se de comida, com um ar de superioridade. “Ashley é popular na escola, mas não é amiga da Lily. Isso eu garanto.” Minha irritação transbordou. “Samuel, fica fora disso. Esse assunto não é com você.” Doug levantou uma sobrancelha. “Lily, olha o tom.” Respirei fundo, tentando manter a calma. “Samuel não sabe nada sobre a minha vida.” Samuel, com um ar de quem tinha uma carta na manga, disse, “É engraçado você mencionar Ashley, mas e a Emily? Ela é sua melhor amiga. Se ela fosse, talvez passasse mais confiança.” Doug assentiu. “Isso é verdade. A Emily vai?” Olhei para o meu pai, séria. “Emily não foi convidada.” Samuel deu um sorriso satisfeito. “Provavelmente tem um motivo para isso, não acha, Doug?” Doug suspirou, claramente dividido. “Exatamente.” Samantha interveio. “Vamos jantar antes que a comida esfrie.” Eu estava prestes a desistir quando me lembrei da conversa com Aidan e Ashley. Respirei fundo e decidi tentar uma abordagem diferente. “Pai, se você não se sente confortável, tudo bem. Só pedi porque realmente gostaria de ir e pensei que você poderia confiar em mim.” Doug suspirou novamente, suavizando sua expressão. "Vou pensar sobre isso, Lily. Quero confiar em você, mas você entende minhas preocupações, certo?" Assenti, sentindo um pouco de alívio. "Entendo, pai. Obrigada por considerar." Doug sorriu de volta. “Agora, vamos jantar.” Todos nós nos sentamos, e eu me acomodei em frente a Samuel, que tinha um sorriso provocador. Samantha nos observou por um momento antes de falar. “Alguém gostaria de fazer a oração? Agora somos uma família que congrega junta.” Olhei para ela, chocada. “Você está falando sério?” Doug me lançou um olhar de advertência. “Por favor, Lily.” Todos se sentaram à mesa, e eu me acomodei de frente para Samuel, olhando para ele com desprezo. Samantha, tentando trazer um clima de união, perguntou: "Alguém gostaria de fazer a oração? Afinal, agora somos uma família que congrega junta." Olhei para Samantha, chocada. "Você está falando sério?" Doug olhou para mim com um pedido silencioso nos olhos. "Por favor, Lily." Samuel sorriu, aproveitando a oportunidade. "Eu faço a oração." Todos demos as mãos, e eu respirei fundo, tentando conter minha frustração. Todos deram as mãos e Samuel começou a falar, suas palavras cheias de indiretas sobre más companhias e influências negativas. “Querido Deus, Estamos aqui reunidos para mais um jantar em família e, antes de mais nada, queremos agradecer pela comida deliciosa que temos na mesa. Mas, Senhor, já que estamos todos aqui, queria aproveitar para Te pedir uma coisinha especial: dá uma ajudinha para minha irmã perceber o básico. Que ela entenda a importância de se afastar de gente que não presta. Senhor, ilumina a cabeça dela para que ela pare de querer andar com aquelas amizades que não trazem nada de bom. Que ela veja logo que essas companhias só vão levar a encrenca. Deus, faz ela entender que gente que só sabe fazer bagunça não é boa companhia. Dá um toque nela, por favor! Pai, que ela tenha sabedoria para escolher melhor com quem anda e que perceba logo que más companhias só trazem problemas. Que ela saiba distinguir quem realmente quer o bem dela e quem só quer levá-la pelo caminho errado. Ah, e toca no coração dela para cuidar mais da família, e, quem sabe, até ajudar a lavar a louça depois do jantar, né? Amém." Meu coração batia acelerado enquanto eu apertava a mão de Doug de um lado e a de Samantha do outro, sentindo a raiva e a frustração borbulharem dentro de mim. Samuel abriu os olhos, lançando um olhar direto para mim. Soltei as mãos rapidamente, puxando minha cadeira para mais perto da mesa e começando a comer em silêncio. Samantha sorriu para Samuel. "Foi uma ótima oração." "Foi uma ótima oração mesmo," disse Doug, olhando para Samuel com aprovação. Samuel me olhou, cheio de satisfação. "Só queria que a oração tocasse no lugar certo." Samuel estava aproveitando cada oportunidade para se inserir na minha vida e causar tumulto. Tentei manter a conversa casual durante o jantar, mas a tensão era palpável. Jantamos em silêncio tenso, e, ao terminar, levantei-me. "Vou para o meu quarto." Doug me deteve. "Não, igual à oração, é melhor você ajudar na louça." Samantha olhou para Samuel. "Você também." Doug entregou o pano para mim e desejou boa noite antes de subir para o quarto com Samantha. Encarei Samuel, frustrada. "Você lava, eu guardo." Ele sorriu, satisfeito. "Tudo bem." Lavei os pratos em silêncio, enquanto Samuel enxugava e guardava. A raiva dentro de mim crescia, alimentada pela provocação constante de Samuel e pela hesitação do meu pai em confiar em mim. Terminei o trabalho rapidamente, desejando escapar para a privacidade do meu quarto e me virei para sair. Samuel me chamou. "Lily, espera." Parei, relutante. "O que é?" Ele enxugou as mãos e olhou para mim, seu rosto mais sério do que eu esperava. "Só... cuidado, tá? Não quero que você se machuque." Revirei os olhos, cansada. "Não preciso da sua preocupação, Samuel." Ele deu de ombros. "Mesmo assim, estou aqui se você precisar." Subi as escadas, sentindo uma mistura de frustração e confusão. O que ele queria dizer com aquilo? De volta ao meu quarto, sentei-me na cama, tentando processar tudo. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Aidan. "Falei com meu pai, ele está pensando. Se ele disser não, podemos tentar o seu plano." A resposta de Aidan veio quase imediatamente: "Perfeito. Não se preocupe, vamos dar um jeito."
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