SAMUEL’S POV
Entrei na sala e encontrei minha mãe, Samantha, junto com Doug e Lily, todos conversando animadamente. Lily estava com o rosto vermelho, tentando se justificar para eles.
"Não é um encontro," ela disse, claramente frustrada.
Eu, curioso, entrei na conversa. "O que não é um encontro?"
Samantha me lançou um olhar antes de responder.
"Lily estava pedindo para ir ao cinema com um amigo da escola."
Meu interesse foi imediatamente despertado. "Que amigo?"
Lily, visivelmente irritada, me encarou.
"Não é da sua conta, Samuel." E saiu da sala antes que eu pudesse responder.
Samantha olhou para Doug, um pouco preocupada.
"Parece que irritamos Lily."
Doug deu de ombros, mas com um sorriso.
"Essa é a função dos pais." Eles riram e bateram as mãos em um gesto cúmplice.
"Que amigo é esse da Lily?" perguntei, tentando manter a calma, mas sentindo a irritação crescer.
Samantha respondeu, um pouco hesitante.
"Um tal de Aidan."
Minha expressão se endureceu.
"Vocês estão brincando, né? Vocês não vão deixá-la sair com esse cara."
Samantha me olhou com firmeza.
"Sim, deixamos. Lily foi madura o suficiente para nos pedir permissão, quando poderia ter saído sem avisar. O mínimo que podemos fazer é respeitar isso."
Doug assentiu. "Tenho que concordar com minha esposa."
Eu encarei Doug, incrédulo.
"Doug, você não pode estar falando sério. Deixar sua filha sair com esse cara?"
Samantha pareceu intrigada.
"Por que você está reagindo assim, Samuel?"
Doug também estava preocupado. "Por que Lily não deveria sair com Aidan?"
Olhei para os dois, lutando com a verdade que queria desesperadamente contar. O que aconteceu na festa de Ashley Cooper não era algo que Lily estava pronta para lidar. Ela não contou para o pai que estava lá, muito menos sobre o que aconteceu entre nós durante o jogo dos sete minutos no paraíso, ou como eu a encontrei desacordada em um dos quartos, enquanto Aidan saía de lá com um ar de satisfação. Contar isso traria consequências graves, e eu não queria ser o responsável por isso. Samantha me olhou, esperando uma resposta.
"Por que você está agindo assim?"
Eu respirei fundo, tentando pensar em uma desculpa plausível.
"Porque Aidan é um júnior e Lily é uma sophomore. Isso não faz sentido."
Samantha riu levemente. "Eu já fui uma sophomore e meu primeiro namorado foi um júnior."
Doug fingiu ciúmes, sorrindo. "É mesmo?"
Samantha deu de ombros, ainda sorrindo. "Foi só um namorico, assim como o de Lily também será."
Eu revirei os olhos, frustrado com a situação.
"Depois não digam que eu não avisei."
Subi as escadas irritado, meu coração batendo forte. Tranquei a porta do meu quarto e me joguei na cama, tentando entender como as coisas tinham chegado a esse ponto. O que Aidan fez na festa foi imperdoável, mas contar a verdade significava expor Lily a uma dor que ela não estava pronta para enfrentar. E, para ser honesto, eu também não estava pronto para lidar com as consequências de trazer tudo à tona.
Lembrei-me de como Lily parecia vulnerável naquela noite, de como eu a encontrei desacordada e de como me senti impotente e furioso. O pensamento de Aidan se aproximando dela de novo me enchia de uma raiva que eu não conseguia controlar. Eu precisava fazer algo, mas o quê? Ir até lá e confrontá-lo diretamente? Isso só pioraria as coisas.
O som do meu celular vibrando me tirou dos meus pensamentos. Era uma mensagem de John, meu melhor amigo e companheiro de banda.
"Ei, cara. Vamos nos encontrar para ensaiar hoje à noite? Temos que trabalhar naquela nova música."
Eu precisava de uma distração. Ensaiar com a banda parecia uma boa ideia. Peguei minha guitarra e saí de casa sem avisar, precisava de um pouco de ar e distância daquela confusão.
Quando cheguei a casa de John, ele e os outros membros da banda já estavam lá, mexendo nos instrumentos e ajustando os amplificadores. Entrei e me juntei a eles, tentando deixar a raiva e a frustração de lado.
"Samuel, você parece preocupado," John comentou enquanto afinava sua guitarra. "O que aconteceu?"
Suspirei e comecei a explicar a situação, omitindo os detalhes mais delicados.
"Minha meia-irmã, Lily, quer ir ao cinema com um cara que é um completo b****a. E meus pais estão completamente cegos para isso."
John assentiu, entendendo.
"Isso é complicado. Mas, cara, você tem que achar uma maneira de protegê-la sem causar um drama maior."
"Eu sei," respondi, tocando algumas notas na guitarra para tentar me acalmar. "Mas é difícil quando você sabe que algo está errado e não pode fazer nada a respeito."
Passamos as próximas horas ensaiando, a música ajudando a aliviar um pouco do peso que eu sentia. Mas no fundo da minha mente, a preocupação com Lily e Aidan não desaparecia.
No final do ensaio, John se aproximou de mim.
"Se precisar de ajuda com qualquer coisa, me avisa. Estamos nessa juntos, irmão."
Agradeci e saí da casa de John, me sentindo um pouco mais calmo, mas ainda sem uma solução clara. Quando voltei para casa, a noite já tinha caído. Passei pela sala em silêncio, notando que Doug e Samantha estavam assistindo TV, e subi direto para o meu quarto.
Deitado na cama, olhei para o teto, tentando encontrar uma solução para proteger Lily sem causar mais problemas. No fundo, sabia que precisava falar com ela, mas como abordar um assunto tão delicado?
Finalmente, decidi que no dia seguinte tentaria falar com ela, ser sincero e ver como ela reagia. Com esse pensamento, fechei os olhos e tentei dormir, esperando que o dia seguinte trouxesse alguma clareza e uma maneira de proteger minha Lily da melhor forma possível.
***
Eu estava dormindo profundamente quando senti algo macio me atingindo. Pisquei os olhos, meio grogue, e percebi que estava sendo atacado por pétalas de rosas. Quando finalmente me concentrei, vi Lily em pé ao lado da minha cama, furiosa, jogando o que parecia ser um buquê de rosas em mim.
"Que diabos é isso?" perguntei, levantando-me rapidamente.
Lily me encarou com os olhos faiscando de raiva.
"Isso é o buquê de rosas que Aidan me enviou! Alguém jogou fora, mas eu encontrei quando fui tirar o lixo. Você tem algo a ver com isso?"
Tentei formular uma resposta, mas as palavras não saíam.
"Lily, eu posso explicar."
"Eu não quero ouvir suas explicações, Samuel! Fique fora da minha vida!" Ela estava tão furiosa que quase dava para sentir a eletricidade no ar.
"Lily, ouça," insisti, levantando-me da cama. "Aidan não é o tipo de cara para você."
Ela bufou, irritada. "Eu não quero saber da sua opinião, Samuel."
"Ele não é o tipo de cara que você pensa que ele é," continuei, tentando fazer com que ela entendesse a gravidade da situação.
"Isso não importa," ela rebateu, com a voz tremendo de emoção. "Não seria a primeira vez que eu seria enganada por um homem."
Minha paciência estava se esgotando. "Eu só estou tentando protegê-la, Lily."
Ela me olhou com uma mistura de raiva e dor. "Eu não preciso que você me proteja." Então, ela se virou para sair do quarto.
Num impulso, segurei seu braço e a puxei de volta. Antes que eu pudesse pensar, nossos lábios se encontraram. O choque da minha ação me atingiu ao mesmo tempo que a palma da mão dela atingiu meu rosto em um t**a sonoro. Ela me afastou com força.
"Fique longe de mim, Samuel!" Ela gritou, os olhos brilhando com uma mistura de raiva e confusão, antes de sair do quarto, deixando-me ali, segurando a face onde ela havia me acertado.
Fiquei parado por alguns momentos, sentindo o calor do t**a e a dor da rejeição. As coisas estavam escapando do controle. O que eu tinha feito? Eu sabia que tinha que conversar com ela, mas agora parecia impossível. A frustração e a culpa me consumiam enquanto me sentava na beira da cama, tentando processar o que havia acabado de acontecer.
O buquê de rosas estava espalhado pelo chão, as pétalas vermelhas contrastando com a frieza do ambiente. Olhei para elas, sentindo um peso enorme no peito. Eu só queria protegê-la, mas parecia que todas as minhas ações só pioravam as coisas. Precisava encontrar uma maneira de remediar isso, mas não tinha ideia de como.