A Verdade Bate à Porta

319 Words
Sandra já não dormia. Cada vez que olhava para Davi, seu coração se enchia de amor... e medo. O menino era lindo, doce, e amava o pai como se tivesse vindo mesmo dele. Mas o que a atormentava agora era Pedro. Desde a mensagem, ela vivia em sobressalto. Evitava lugares onde pudesse cruzar com ele, mas, no fundo, sabia que era questão de tempo. E esse tempo chegou numa tarde de chuva. Ela estava na varanda com Davi no colo, quando viu um carro conhecido estacionar do outro lado da rua. O coração disparou. Pedro desceu, com passos lentos, e parou diante do portão. Não disse nada. Apenas olhou para ela e depois para o menino. Sandra não teve forças para negar. Abriu o portão em silêncio. Dentro da casa, os dois sentaram-se frente a frente, com Davi brincando no tapete entre eles. Pedro não tirava os olhos do menino. Havia emoção ali, mas não raiva — e isso surpreendeu Sandra. — Eu sei que é meu — ele disse. — Não precisava me contar. Eu vi nos olhos dele... os meus olhos. Ela tentou explicar, pedir desculpas, justificar. Mas Pedro ergueu a mão suavemente. — Eu não vim brigar. Nem tirar você de ninguém. Eu só... precisava ver. Sandra se emocionou. Não sabia que Pedro ainda sentia algo. Achava que tudo havia sido apagado, superado. Mas então ele falou: — Eu nunca te esqueci. E ver esse menino só me fez lembrar do que perdemos. Mas se você está bem com ele... com o pai que ele conhece... eu vou embora e não volto mais. Ela não respondeu. Não sabia o que dizer. Mas as lágrimas que escorreram silenciosas falaram por ela. Pedro se levantou. Beijou a testa do filho — seu filho — e foi embora. Naquela noite, Sandra sonhou com Pedro. E acordou com uma certeza que até então evitava encarar: Ela também nunca o esqueceu.
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