Dupla traição

1325 Words
Lizandra Eu estava em choque. Será que os meus próprios ouvidos estavam me enganando? A voz feminina que estava gemend0 como uma gata no ci0 e o nome que ela repetia de maneira incessante era o que eu estava pensando ouvir? Talvez fosse melhor ir embora e fingir que nada daquilo estava acontecendo. — Gostos@! Agora foi a vez de uma voz masculina dizer e depois soltar algo muito parecido com um urro, que me deixou completamente en0jada e logo foi se formando em meu interior um sentimento forte de indignação com a situação que estava vivenciando naquele momento. Eu precisava tomar uma atitude, mas os meus pés pareciam estar plantados no chão da extensa varanda. — Vamos levantar, Jú. Estou coberto de suor e preciso tomar um banho. Não havia mais dúvida alguma sobre o dono da voz masculina e eu estava claramente diante de uma dura traição. — Calma, deixa eu arrumar o meu vestido, Sam — Juliana pediu com um sorriso na voz. Consegui ouvir os passos deles e as risadas mais próximas. Eu estava na parte da frente da varanda e deduzi que eles estivessem logo no início da parte lateral, pois rapidamente eles estavam dobrando a "esquina" e aparecendo diante de mim, ainda parada tal qual uma estátua idiot@ traída. — Então, é "Jú" e "Sam"? — perguntei de maneira irônica. Eles estancaram de imediato e de maneira brusca, chegando até mesmo a ser engraçado a forma como eles quase colidiram um com o outro ao perceber a minha presença na varanda. — Não é nada do que você está pensando, Lily! — Samuel foi logo dizendo e levantando a mão, notavelmente tentando se esquivar da culpa. — Claro que não — falei com um sorriso de escárnio — Vocês estavam gemend0 porque é divertido fazer isso pelas minhas costas, não é mesmo? — Nós iríamos te contar, prima — Juliana teve a decência de admitir — Mas você anda sempre tão cansada para encontrar o Sam, que ele não teve oportunidade. Para a cena ficar ainda mais interessante, no instante em que Juliana disse aquilo, Samuel se aproximou dela e passou o braço por seus ombros, que logo o enlaçou pela cintura também, formando o casal de "milhões". — Então, a culpa por vocês estarem tendo um caso pelas minhas costas e me fazendo de idot@ é minha por não ter tempo disponível para o meu namorado? É isso que você quer dizer, Juliana!? — Eu não disse isso! — Juliana protestou — Nós nos apaixonamos e isso simplesmente aconteceu, não foi nada planejado. E não deveria ter acontecido nada entre nós antes do Sam terminar tudo com você, mas há dias ele está tentando fazer isso. Eu me senti ainda pior ao ouvir essa explicação, pois quando Samuel disse há alguns dias atrás que precisava conversar algo muito importante comigo, eu imaginei que ele iria me pedir novamente em casamento e eu tinha até mesmo chegado a conclusão que desta vez eu iria aceitar a sua proposta. Jamais poderia imaginar que aquilo que ele queria dizer na verdade fosse sobre a sua paixão pela minha prima e o desejo deles de ficarem juntos. — Você é uma garota legal e muito gente boa, Lily — Samuel continuou com a humilhação — Mas depois de anos namorando com você, percebi que eu não te amo realmente. — Que bom que você descobriu isso agora, não é mesmo? Imagina que eu tivesse aceitado o seu pedido de casamento de alguns meses atrás e você só descobrisse essa paixão repentina pela Juliana depois de casados? Afinal, o fato dela estar "dando" para você algo que eu não dei não tem nada a ver com isso, não é mesmo? — Não seja tão baixa, Lizandra! O Samuel e eu nos amamos e vamos ficar juntos. — Faça bom proveito, "Jú"... Não permaneci nem mais um segundo naquele lugar e desci as escadas de dois em dois degraus, tentando sair o mais rápido possível daquela varanda e de perto daqueles dois traidores covard€s. A minha prima e o meu namorado. Quem diria que a tímida e introvertida Juliana fosse tão assanhada, pensei com cinismo. Não esperou nem o casamento para entregar-se ao seu grande amor. Hahaha, parece até piada. Caminhei bravamente pelas ruas de São Miguel do Gostoso sem prestar atenção nas várias pessoas que estavam por todos os lados, a grande maioria turistas sorridentes e bronzeados pelas horas nas praias lindas e quentes da cidade. Muita gente bonita e feliz, mas eu não me sentia nenhuma coisa e menos ainda a outra. Eu só queria chegar ao meu quarto e derramar todas as lágrimas que eu estava contendo a muita custo. Mas o meu desânimo cresceu ainda mais quando encontrei Luciano Monteiro, pois tive certeza de que ele iria se oferecer para me acompanhar até a pousada e eu não tinha vontade alguma de falar com ninguém, menos ainda de me forçar a ser simpática com um estranho. — Vejam só, se não é a garota mais linda da cidade aqui na minha frente — Luciano brincou. Eu forcei o meu melhor sorriso e foi apenas isso. Não consegui fazer nada além. — Está indo para casa? — ele perguntou aquilo que eu mais temia — Lucrécia estava à sua procura. Aquelas palavras fizeram soar um alarme em meu cérebro “Ah, não!”. Eu não tinha disposição alguma para falar com a minha tia agora e menos ainda para fazer qualquer coisa que ela venha a me pedir hoje. Só então compreendi que o melhor a fazer no momento é não voltar para casa agora. Mas, para onde eu poderia ir sozinha? Não tinha mais nenhum outro lugar que eu pudesse ir. — Não estou voltando pra casa — falei de maneira sucinta. Luciano pareceu ficar bastante satisfeito com a minha resposta e logo fez a oferta que eu já previa que faria, me convidando novamente para ir com ele ver a queima de fogos e por total falta de opção, eu aceitei. Caminhamos então pelas ruas juntos, mas tentei manter a maior distância possível do Luciano. Não queria que ninguém pensasse que havia algo entre nós, afinal, em uma cidade pequena como Gostoso, tudo era motivo para boatos sobre os moradores. — Onde está o seu namoradinho? — Luciano perguntou, puxando assunto e já começando de maneira errada. — Vou encontrar com ele mais tarde— ele não precisa saber o que aconteceu e posso usar isso como desculpa para ir embora quando for necessário. Luciano insistiu para que eu o acompanhasse a um dos hotéis da orla onde estava acontecendo uma grande festa com artistas famosos nacionalmente, mas eu jamais poderia aceitar algo assim. Eu nem estava vestida para ir a um lugar de alto nível como esse! Quando ele percebeu que realmente não iria me convencer, optou então por continuar na orla onde estavam concentradas muitas pessoas para acompanhar a virada do ano e enquanto ele tomava alguns drinques, eu aceitei apenas um refrigerante. Mas enquanto eu olhava as pessoas e pensava na grande decepção que sofri naquela noite, também me questionava sobre o que iria acontecer a partir de agora, quando todos ficassem sabendo que o meu namorado e a minha prima tinham simplesmente descoberto que se amam e querem ficar juntos. Contudo, em momento algum passou pela minha cabeça que aquilo iria acontecer tão rápido, até que eu vi, como em um pesadelo horrível, o mais novo casal caminhando juntos de mãos dadas diante de todo mundo, sem se importar nem por um segundo em como eu iria me sentir sobre isso. — Aquela não é a sua prima… a Juliana? — Luciano perguntou com um sorriso, que logo se tornou ainda maior ao ver o acompanhante da minha prima — Aquele que está abraçado a ela não seria o seu… — Sim… — confirmei com dificuldade, um bolo se formando na minha
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