PEDRO LEONEL
Todos nós temos um poder nas palavras. Foi isso que eu escutei meu tio falar durante anos e anos.
Camila está do meu lado, tentando ajustar o cinto, eu me aproximo e puxo, ajustando e travando, vejo ele marcar os s***s levemente. A camisa preta escondia bem, e ainda bem, evitava minha curiosidade e minha imaginação.
Ergui a mão e liguei o som, baixo, mas o suficiente. Eu não seria eu se não ouvisse pelo menos uma música por dia. E a que tocava tinha um clima Leonel Maldini, eu gostava de músicas com embalo forte, empolgante.
– Você gosta? – A voz dela me fez olhar para frente, enquanto colocava o carro em movimento, um tanto devagar para não chegar tão rápido na casa dela.
Não quero nem olhar para aquele rostinho, ainda mais dirigindo.
Imagina eu e ela. Juntos. Na manchete de uma tragédia.
– Doces sonhos são feitas disso – Pronuncie a frase e ela desviou os olhos, eu adorava quando ela fazia isso, eu era fascinado quando a atenção era pra mim, mas quando Camila desviava o olhar indicava que eu estava surtindo efeito. – Não gosta da música? Posso trocar.
Cínico do caramba!
– Não, tudo bem.
– Você me parece muito calada.
– Sem assunto.
– Quer ajuda? Arrumo um assunto agora – Vi ela se ajeitar no banco. – Sua perna, o que acontece com ela?
– Acidente – Falou, eu sabia parte da história, bem pouco pra falar a verdade, mas eu sabia que tinha a ver com o pai dela ou algo assim.
Algo que não era tão relevante agora.
– Não dói?
– Às vezes.
– Já foi a algum médico? – Ela ficou pensativa. – Talvez possa ser feito algo.
– É, provavelmente, mas está bom assim.
– Não te incomoda? – Perguntei e só com um olhar ela me disso. - E um detalhe seu, certo? Se você não tivesse esse probleminha a gente não estaria aqui.
– Sério que você disso isso Leonel? Você é muito pretensioso, sabe disso, não sabe? – Perguntou. – Você sabe o que fala, não é nenhum pouco...
– É, não sou bobo, mas eu falo sério – Parei no sinal e olhei para ela e ela pra mim, com aqueles olhos escuros, que não desviavam por nada dos meus. – É um problema seu, eu tenho problema Camila, todos temos, então por que eu vou olhar para o seu problema e esquecer o que você é?
– Você não tem problema – Camila disse baixo e eu sorri. Eu era um grande problema, por dentro e às vezes eu deixava isso passar para fora, de uma maneira bem bruta.
– Você não sabe Camila, mas eu tenho problemas que se as pessoas soubessem, bem, se afastariam. As pessoas se afastam daquilo que não conhece ou não sabem como agir – De imediato lembrei da minha querida mamãe. – E por isso que tem medo de mim? Por achar que eu estou brincando ou querendo te deixar pra baixo?
– Não, não é isso.
– É isso sim, mas relaxa Camila, eu quero algo com você, mas aposto que não é nada que você não vai querer e não vai ser nada que vai te deixar m*l – Eu disse, um tanto mais contente. – Eu tenho uma coisa chamada consciência, se algo estiver impedido ela de ficar limpa, vira um problema pra mim. Por isso que eu vejo bem onde eu vou me enfiar.
Principalmente me enfiar nela.
Mas esse pensamento fica comigo.
Mais pra frente eu falarei com ela, mas não agora.
– Você parece tão certinho – Eu ergui a mão e parei a música. – Mas um certinho legal.
– Legal? Só legal? – Ela realmente me achava certinho? Legal?
Deus foi o senhor que mandou ela, não foi?
Ouvi a risada.
E foi bom.
Tirei uma das mãos da direção e busquei a dela, que estava sobre seu colo e trouxe bem próximo a minha boca, onde beijei o dorso e sorri. Ela pareceu paralisar com o gesto, fez a mesma expressão de quando beijei o lóbulo de sua orelha. Ela gostava. Tenho certeza.
As mulheres que sentem são as melhores.
Era totalmente bom estar nisso.
Mesmo que a duas quadras daqui ela estaria entregue, literalmente.
Aquilo me preocupava. Era como se eu precisava de resultados, rápidos resultados.
– Queria te levar pra sair de novo. Mais uma vez, posso? Você meio que lambuzou minha camisa – Pacífico como o mar, mesmo que por dentro ou estava uma tempestade em alto mar.
EU não demoraria a sair gritando por aí: homem ao mar, homem ao mar!
– Não é uma boa ideia.
– É uma ótima ideia e você sabe disso, já deu pra notar que você não sai muito Camila – Parei o carro e retirei o cinto, me ajeitando e me virando pra ela. – Tenho um lugar ótimo que você, com toda certeza, vai adorar conhecer.
– Onde? – Curiosa.
– Surpresa Camila, surpresa.
Na verdade, verdade das verdadeiras eu ainda teria que pensar nisso.
E bom ela pensar que eu tenho tudo planejado, mesmo que na realidade nem sei meu nome direito.
– Eu posso pensar?– Ah, droga.
Eu odiava aquele tipo de indecisão.
Me aproximei dela e segurei seu rosto entre minhas mãos, agora meus olhos se concentrando na boca dela, vi sua língua sair e umedecer os lábios.
Me aproximei e segurei minha vontade, beijando abaixo do seu queixo e dando um beijo casto em seu pescoço.
– Pode, mas seja rápida – Primeiro, minha boca colou na dela. – Antes que o beijo – Passei minha língua pelos lábios delas, que estavam secos. – Acabe.
Ela abriu a boquinha e reagiu com coragem, puxando meus lábios para os delas. O beijo rápido e profundo.
Eu acho que ela não queria isso, mas continua me beijando como se quisesse mais que um beijo. Eu desço minha mão até chegar na cintura dela, onde eu aperto e fico em êxtase, noto que ela diminui o embalo.
Sinto sua mão no meu rosto, segurando e me puxando ainda mais pra ela.
Porra, Deus do céu!
Enfio minha mão por baixo da blusa e subo, até chegar no seu seio direito, ele está recoberto por um sutiã, quando vou baixar ele, ela puxa minha mão e tira ela de debaixo da blusa.
Fico triste, mas eu trabalho com a língua.
Ela agora segura minha mão, com força.
Pego a outra mão livre e desço novamente para baixo da blusa dela. Só que ela tira a mão do meu rosto e volta a puxar minha outra mão para longe dela.
Sem graça.
Ela agora está segurando as minhas duas mãos, enquanto eu a beijo. Enquanto ela me beija.
Eu paro o beijo e vejo o rosto dela de pertinho.
– Você é linda – Falo e tento puxar minhas mãos para o rosto dela, só que ela segura. - Minhas mãos, pode soltá-las.
Ela balança a cabeça em negativa, se aproximando de mim e colando sua boca na minha.
Aquilo era maldade.
Eu gostava de usar as mãos. Ela segurava firme nelas para eu não fazer nada com ela. Mesmo sem as mãos eu tinha a boca, usá-la era o que me restava.
Aprofundei o beijo e desci minha boca para o pescoço dela, no começo ela se contraiu toda, mas quando consegui me situar, chupei sua carne fortemente, recebendo um gemido fino e sentindo minhas mãos serem liberadas do aperto.
Mas, em contrapartida, ela agora passava a mão e puxava meu cabelo.
E aquilo era um saco.
Era meu ponto fraco... caramba!
Senti meu autocontrole indo embora, rapidamente.
– Camila – Chamei, mas ela não respondeu. Voltei com minha atenção para o rosto dela, ela me olhou nos olhos e tentou se aproximar de mim mais uma vez, mas eu consegui segurar seu rosto entre minhas mãos. – Calma!
Eu havia entrado em estado de excitação.
E pra ela, aquilo poderia ser bom ou não.
– Isso é bom – A voz dela saiu ofegante, eu sorri.
Eu disse essa mesma frase, muitos anos atrás.
Eu tinha que lembrar dos detalhes com ela.
– Você quer que eu pare ou continue? – Ela piscou. Diversas vezes.
Ela ergueu uma mão até meu rosto, onde com as pontas dos dedos, percorreu todo ele. Lentamente, mas com atenção em cada detalhe. Eu senti um breve arrepio com aquilo, olhei para ela que não havia respondido minha pergunta, aquilo me preocupava, mas seu olhar, por coincidência, me acalmava.
Inferno!
Eu precisava pensar em algo coerente.
Era feio até pra mim.
– Camila? – Chamei.
– O que?
– Eu te fiz uma pergunta, responda – Ela sorriu, tímida.
– Leonel, você quer subir e tomar um suco comigo?