O Rato tentou aproveitar a minha pausa pra respirar, mas eu não tava ali pra dar fôlego. Me aproximei de novo, abaixando até ficar cara a cara com ele. O cheiro de sangue misturado com o suor azedo me bateu forte, mas eu não desviei o olhar. — “E onde eu acho o Índio?” — falei baixo, sem pressa, mas com um peso que arrancava o ar do peito dele. — “Eu… eu não sei… ele some… aparece…” A ponta do garfo girou de novo nos meus dedos. Ele arregalou o olho que restava. — “Rato… eu não tô com paciência pra joguinho.” Renan encostou o fuzil na coxa dele, o cano frio pressionando a carne. — “Fala, porra.” — “Tá… tá… ele tá na Baixada. Num galpão… perto da antiga estação… mas eu não sei qual dia ele fica lá.” — a voz dele saiu toda tremida, como se cada palavra fosse custando um pedaço da cor

