📍 NARRADO POR DANIEL VASCONCELOS
O movimento na boca não para nunca. É como coração de corpo vivo: se parar de bater, morre.
Eu fiquei ali, circulando entre o caixa e a contagem, olhando a pilha de dinheiro sujo crescer na mesa, vendo cada pacote de pó sendo pesado na balança digital, cada anotação no caderno de controle.
— “Confere esse lote aí, não confio nesses colombianos.” — soltei pro moleque que tava pesando. O garoto assentiu, nervoso, e tirou duas gramas da sacola que já tava pronta.
No fundo, dois vapores conferiam munição, limpando pistola como se fosse louça de cozinha. O cheiro de óleo e pólvora se misturava com o de maconha que vinha do canto.
Peguei um copo de café preto que tava em cima do freezer, amargo e queimado, e subi de volta pra sala do fundo.
Fechei a porta,
