📍 NARRADO POR DANIEL VASCONCELOS Desci do carro como quem pisa num campo minado. Devagar. Olho afiado. Coração entupido. Glock no coldre. Mas era minha alma que tava armada. Engatilhada com lembrança, raiva e uma saudade que já virou ferrugem. Helena veio atrás. O portão abriu num clique silencioso, tão diferente daquele trinco velho que rangia como se gritasse alerta. Passamos. O jardim… parecia de revista. Florzinha alinhada, grama cortada, até umas pedras decorativas — coisa fina, coisa de gente que nunca viu o inferno de perto. O portão fechou atrás da gente com aquele baque seco de quem selou o destino. A casa respirava poder. Mas era um poder polido, maquiado, engomado. Não tinha mais cheiro de maconha, de arma escondida, de medo soprando nas frestas da janela. Agora

