📍 NARRADO POR DANIEL Eu saí da frente do caixão com os olhos de pedra. Secos. Duros. Como se o choro tivesse cansado de cair e agora tivesse virado carne. Não falei com ninguém. Não olhei ninguém. Minha mãe tentou me tocar de leve, mas eu desviei. Não por raiva. Por sobrevivência. Cada contato era um risco de eu desabar — e eu não podia mais desabar. Não ali. Não agora. Não na frente de quem me viu crescer. Foi Helena quem me segurou. A mão dela pegou no meu braço. Firme. Doce. Mas não como consolo. Como âncora. Ela me olhou de lado, com os olhos marejados, mas sem implorar. Ela sabia. Sabia que eu tava no limite. Ficou ali. Atravessando o silêncio comigo. E às vezes… isso era mais do que qualquer palavra. O padre subiu ao altar. A cerimônia começou. A voz dele

