📍 NARRADO POR DANIEL VASCONCELOS Bruno saiu e o silêncio voltou a pesar, só quebrado pelo zumbido distante do radinho de alguém lá fora. Apaguei o cigarro no cinzeiro, peguei a Glock e enfiei no cós da calça. Hora de ir. Subi os becos devagar, sentindo o morro respirar no meu ritmo. Cada passo ecoava mais pesado que o anterior. Vapores me olhavam rápido e desviavam. Portas se fechavam antes mesmo de eu chegar na esquina. O respeito não se pede — se impõe. Cheguei no portão da casa. Aquele mesmo baque seco quando fechei atrás de mim parecia selar um pacto. Entrei. A sala tava com luz baixa. Na TV, algum filme velho passava, e o cheiro de manteiga quente veio antes da visão. Helena tava largada no sofá, pé em cima da mesinha, um balde de pipoca no colo. Shorts, camiseta larga, cabelo

