A ambulância freou em frente ao hospital com um guincho estridente. Porta abrindo, vozes cortando o ar, maca sendo puxada como quem carrega esperança por um triz. Eu saltei junto, segurando a mão dela. Ou o que sobrou dela. Porque a Luísa que sorria pra mim não tava mais ali. Só um corpo gelado com cheiro de sangue e mar. — “Sala de emergência dois!” — gritou um dos médicos. — “Senhor, precisa ficar aqui fora agora.” — a enfermeira me travou pelo peito. — “NÃO!” — tentei empurrar, me debater. — “EU TÔ COM ELA! EU TENHO QUE VER—” — “Senhor, por favor…” — o enfermeiro mais velho chegou por trás, com uma voz firme. — “Ela precisa de espaço. Se tiver alguma chance, eles vão fazer o que for preciso.” “SE TIVER ALGUMA CHANCE…” As palavras dele foram uma sentença. Uma mentira piedosa.

