📍 NARRADO POR DANIEL O chão já não me doía mais. A dor agora era por dentro. Tão funda que não sangrava — só corroía em silêncio. Minha mãe ainda me segurava. Mas eu não era mais peso. Era só poeira de homem. Um monte de caco chorando no colo dela. — “Filho…” — a voz da Viviane veio baixa, quase um sussurro de cuidado — “os pais da Luísa já tão vindo. Acabei de avisar… eles tão a caminho.” Eu não reagi. Só fechei mais os olhos, tentando fingir que essa frase não existia. Mas ela continuou. — “Você precisa ir pra casa, Daniel…” Minha cabeça se ergueu num tranco. Não gritei. Não precisei. O olhar falou por mim. — “Eu não vou.” — “Amor, eu sei que tá difícil, mas—” — “Mãe…” — cortei, com a voz embargada e firme — “não tem casa. Não sem ela.” Viviane respirou fundo, se ajoe

