📍 NARRADO POR DANIEL VASCONCELOS Mandei chamar o Tico. Os vapores correram e logo o moleque apareceu, passos apressados, mas o mesmo jeito brincalhão de sempre. Tentava esconder com sorriso o que eu já sabia. Fiquei em silêncio um instante, tragando devagar. Depois soltei a fumaça e cortei: — “Fiquei sabendo que teu pai não aparece no morro faz dias.” O sorriso dele vacilou, mas não caiu de vez. Tentou fazer graça, coçando a nuca. — “Que nada, chefe… ele só tá… ocupado. Daqui a pouco volta.” Arqueei a sobrancelha, firme. — “Não mente pra mim, moleque. Tu tá ficando sozinho em casa, não tá?” A marra escorregou. O olhar que antes era de brincadeira ficou preocupado, quase infantil. Ele tentou negar de novo, a voz mais baixa: — “Eu dou um jeito, Terror… não precisa se preocupar. Eu n

