capítulo 54

1179 Words

A ordem tá dada dentro de mim, não preciso nem falar alto. Primeiro, o medo mastiga ele vivo. Depois, a bala. E de algum jeito, nesse caminho, alguém vai abrir a boca e cuspir a trilha até o desgraçado que tirou a Luísa do meu tempo. Ouvi o estalar de porta por trás, leve, de quem aprende a não fazer barulho pra não acordar lobo. Helena desceu de meia, moletom grande, cabelo preso aos trancos, olho meio inchado de quem foi dormir tarde. Se encostou do meu lado no parapeito, pegou a caneca que eu já tinha deixado pronta pra ela sem falar, como sempre. Açúcar demais, como sempre. Soprou, provou, fez careta e sorriu torto. — “Não dormiu de novo, né?” — perguntou sem olhar, como quem diz bom dia. Só balancei a cabeça. Um sim que não precisa de palavra. Ela encostou o ombro no meu, dois seg

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