Estou no quarto de Rosa, pela primeira vez, como convidada. Eu já estive aqui antes espiando pela janela. Não pense que eu sou uma maluca... Ela estava triste e eu sinto necessidade de cuidar dela. Fiquei olhando só no momento em que ela estava chorando e quando ela se acalmou, eu fui embora.
Estou sentada na cama dela enquanto ela escolhe a roupa para combinar com a saia nova. E aí... Ela tirou a camiseta, ficando apenas de sutiã na minha frente.
Por que diabos eu tô sentindo meu corpo queimar? Porque eu tô com falta de ar e por que diabos eu tô sentindo algo no meio das minhas pernas?
Arregalei meus olhos. Ficou mais fácil quando ela finalmente colocou a blusa. Mas ela se olhou no espelho, e aparentemente não gostou. Tirou novamente a camiseta.
- Não! Não faz mais isso na minha frente! - Reclamei. Ela se virou, apenas de saia e sutiã, me olhando confusa.
- Qual é o problema? - Ela questionou. Meu coração estava disparado, e eu podia sentir como se ele estivesse na minha garganta. Que p***a é essa?
- Não sei. Eu tenho sensações... Por todo o meu corpo e eu não consigo entender. - Eu olhava para meu próprio corpo, procurando entender o que estava acontecendo.
- Você... Gosta de mim? - Olhei de volta pra ela.
- Mas que pergunta i****a, Rosa. É óbvio que eu gosto de você, você é minha amiga. - Coloquei a mão em meu próprio pescoço. - Meu coração tá... Esquisito.
Rosa sorriu como se estivesse satisfeita em me ver daquele jeito. Ela vestiu a blusa, e veio andando em minha direção.
- Nunca se apaixonou por ninguém da sua antiga cidade? - Neguei com a cabeça. Eu ainda explorava as sensações diferentes que meu corpo me proporcionava. Eram boas, mas estranhas. - Você já beijou alguém?
- Do que você tá falando? Eu não...
Beijo. Beijo na boca. Aquela coisa que eu vi em filmes de romance e em filmes no PornHub. A maioria deles eram um homem e uma mulher, mas tinham alguns sobre mulheres e mulheres, homens e homens, várias pessoas juntas... Eu não sei como me senti em nenhum deles, porque assisti à título de conhecimento.
- Você é BV! - Ela colocou as duas mãos na frente da própria boca. Veio se aproximando de mim e se sentou ao meu lado, na cama. - Você nunca beijou ninguém, tipo, ninguém mesmo?
- Não, eu... - Eu sou a p***a de um anjo, eu jamais senti sequer vontade de... Tocar alguém.
Por que ela tá tão perto de mim? Porque eu tô olhando pra boca dela como se eu quisesse... Merda! Merda, merda, merda! Eu quero beijar a Rosa!
Me levantei da cama e comecei a andar de um lado pro outro. Eu passei a mão em meu próprio cabelo, e ela ria de mim.
- Você nunca beijou na boca, não acredito! Você é bonita demais pra nunca ter beijado na boca, Billie! - Ela se deitou na cama, deixando as pernas para fora e os pés ainda encostados no chão.
Voltei a me sentar do lado dela, agora, um pouco mais calma.
- É, eu nunca beijei ninguém e eu quero te beijar. - Falei. Não falei isso de forma sexy, ou de forma a tentar convencê-la de me beijar. Na verdade, eu falei como se isso fosse uma p***a de um problema. Porque é exatamente o que é, uma p***a de um problema.
- Fala como se isso fosse uma tragédia. Eu sou tão feia assim? - Ela riu de forma divertida. Eu me virei na cama para encarar o rosto dela, e eu ainda estava sentada.
- Não, não. Você é linda, Rosa... Eu só não queria que... Me causasse essas coisas dentro do peito. Não é certo. - Falei. Ela respirou fundo.
- Blablablá. Quem decide o que é certo e o que é errado?
- Bom, no paraíso? Deus. Aqui? Eu não faço ideia. A polícia? - Ela riu. Me deitei ao lado dela, com as pernas pra fora da cama e os pés no chão, exatamente como ela estava. Nós duas olhávamos para o teto.
- Você devia ter menos medo de viver a vida. - Ela afirmou.
- Não, eu não tenho. - Virei meu rosto para olhá-la. Ela tava fodidamente perto. p***a, essas sensações que ela me causa quando está perto desse jeito...
- Se não tivesse, me beijaria. Eu não negaria um beijo pra minha amiga. - Ela me encarava. Não sei porque continuamos esse assunto, mas lá estava eu, falando com ela, sentindo sua respiração próxima à minha...
Vi uma mecha do cabelo loiro caída em frente ao rosto dela. Aquilo estava me incomodando, então, tirei da frente do rosto dela e a prendi atrás de sua orelha.
Como ela pode ter os olhos tão lindos? A Luz, que era uma das mulheres mais lindas do paraíso, não tinha esses olhos. E sua boca... Como pode ser tão delicada? Como seus lábios podem me atrair tanto? Ela é a p***a de uma humana!
Quando percebi, eu estava aproximando meu rosto do dela, mais e mais. Nossos lábios se roçaram por alguns instantes, e ela fechou os olhos.
Eu acordei do maldito feitiço que ela me lançou. Metaforicamente falando, é claro. Me sentei na cama com os olhos arregalados. Ela abriu os olhos e também sentou, sem entender nada.
- Ei, tudo bem ficar nervosa. E se você não me quiser... - Eu a interrompi.
- O problema não é o fato de eu querer ou não, Rosa. Porque do fundo do meu coração... Eu te quero. - Ela parecia tão confusa. O que diabos eu fiz?
- Então não pode ficar comigo por quê? - Ela questionou. - Quer dizer, eu tô aqui, também quero ficar com você e... - Ela apoiou uma das mãos em minha coxa. Me olhava como se tudo que importasse, naquele momento, fosse eu.
- Eu não posso porque... - Novamente, ela avançou em minha direção.
E dessa vez, eu não estava disposta a desistir.
Os lábios de Rosa roçaram nos meus por um instante. Eu levei uma das mãos até o rosto dela, e era como se eu não tivesse controle sobre meu corpo. Ela chupou meu lábio inferior, e eu retribui o toque, fazendo o mesmo com seu lábio superior. E aí... Foi a vez da língua. Quando senti a língua quente de Rosa entreabri meus lábios, empurrei a minha contra, tomando o beijo pra mim e movimentando da forma como eu queria. Eu disse que aprendo rápido. Um arrepio percorreu meu corpo, e a medida que eu movia meus lábios contra os dela, ela se inclinava na cama, até finalmente estar deitada, ainda com os pés no chão e as pernas para fora da cama. Eu estava quase, quase por cima dela, mas ainda me segurava no colchão para não deixar meu peso sobre ela. Suas mãos acariciaram meus ombros de leve... E o beijo, o maravilhoso beijo, continuava.
Eu senti algo lá embaixo reagir. O beijo era lento, mas profundo, intenso e delicioso. Parei-o quando percebi que, se eu continuasse aí, iria querer tocá-la em mais partes de seu corpo. Partes que antes de ser um anjo caído, eu tinha nojo.
- Você tem certeza que nunca beijou ninguém? - Ela abriu um sorriso. Passou um dos dedos por uma corrente minha, brincando com ela. Eu ainda estava inclinada sobre ela, mas um pouco mais longe, olhando seu rosto.
- Tenho. Você foi a primeira. - Falei. Ela mordeu o lábio inferior e me olhou com um sorriso que deixou suas bochechas vermelhas.
- Você tem um beijo bom. Tenho certeza que, seja lá quem você for beijar na festa, vai ficar muito feliz. - Me sentei de volta na cama, finalmente me separando dela.
- Eu preciso beijar alguém na festa? - Ela soltou uma risada divertida.
- Não necessariamente. Mas se você quiser, sim.
Eu poderia passar a eternidade beijando essa garota. E eu sei o que significa eternidade de verdade. Não é exagero.