#O Vestido da Noiva e o Coração da Família

1235 Words
As ruas estavam calmas naquela manhã, com o sol suave filtrando entre as nuvens como um bom presságio. Lana caminhava ao lado da futura sogra, com os dedos entrelaçados no pequeno caderninho onde havia anotado as referências que sonhava discretamente desde menina — sem nunca imaginar que, um dia, viveria esse momento. Elas entraram na loja especializada em vestidos de noiva. Enquanto a consultora mostrava modelos exuberantes, repletos de bordados e brilho, Lana balançou a cabeça com um sorriso tímido. — Eu prefiro algo mais delicado… Eu não preciso de exuberância, já estou me sentindo especial demais — sussurrou, olhando para a barriga que começava a marcar de forma sutil sob o vestido comum. A sogra sorriu, emocionada com a simplicidade da futura nora. — Você já é exuberante por natureza, minha filha. A sua luz dispensa exageros. Lana então escolheu um modelo de renda francesa, com comprimento abaixo dos joelhos, mangas compridas, modelagem suave, deixando evidente a barriguinha de grávida que começava a florescer. — Esse é o meu vestido — declarou com brilho nos olhos. — Vamos forrar os sapatos com o mesmo tecido — sugeriu a sogra. — Para ficar tudo harmônico. — E a casquete também — completou Lana, decidida. — Eu não quero véu. Quero um casquete forrado com o mesmo tecido do vestido e com flores de seda e cetim imitando orquídeas brancas. Bem discreto. Bem... meu. Depois foram à floricultura. Lá, Lana segurou uma flor de lírio, outra de alfazema, depois miozotes e orquídeas. Aproximou as flores ao rosto e, como se escutasse uma música só dela, sorriu. — Quero um buquê simples. Um lírio no centro, alfazemas ao redor, miozotes e orquídeas brancas. Vou levar um terço de pérolas na mão. Não preciso de mais nada. Estou completa. — Você é poesia, Lana — disse a sogra, tocando o ombro dela com ternura. Lana então organizou os corsages de pulso para a irmã Lena, para a prima Patrícia, para a sogra e para a mãe. Também as lapelas dos homens — Patrick, Louis, Harry e o sogro. Antes de concluir, pensou em Charlotte. — Eu quero que façam um corsage especial para a Charlotte também. Ela não poderá ir, mas... eu quero que ela receba lá no hospital, no mesmo dia do meu casamento. — Que coisa mais linda — murmurou a sogra, emocionada. — Você está me dando três netos. Eu só tive um filho. Agora, graças a você, minha família está crescendo. Você não é apenas a noiva do Patrick. Você é o meu presente. Lana sorriu, os olhos úmidos. — E vocês são o meu lar. As atendentes da loja começaram a desfilar com vestidos em tons pastéis, tecidos brilhantes, babados e rendas exageradas, mas Lana já sabia o que queria. — Eu gostaria dos vestidos das minhas madrinhas em rosa chá — ela disse com firmeza doce. — Algo elegante, discreto e confortável. A Patrícia, minha prima, é animada, mas ainda assim... merece algo mais clássico. E minha irmã... é puro charme, mas sem exageros. A consultora sorriu, pegando os modelos nos tons que Lana pediu. Apontou para um com saia godê na medida e decote suave em coração. — Que tal este para a Patrícia? — Perfeito. Ela vai amar. Tem movimento e romantismo. — Lana sorriu. — E este aqui para a sua irmã? Mais acinturado, com um laço delicado nas costas. Lana tocou o tecido e concordou. — A Patrícia pode usar essa saia godê, ela é magrinha, vai ficar um encanto — disse Lana, olhando para o modelo em rosa chá que a atendente estendia diante dela. — Patrícia é sua irmã? — perguntou a vendedora com um sorriso gentil. — Não, ela é irmã do Henry — respondeu Lana com naturalidade. — Uma fofa, toda animada, ela vai adorar esse modelo mais rodadinho. Tem tudo a ver com o jeito dela. A atendente anotou no caderno com cuidado. — E para as outras duas? Lana apontou para um conjunto de tubinhos elegantes com corte reto e detalhe de renda discreta no colo. — Para a minha irmã Lena e a minha prima Nisse, esses aqui. Elas têm quadril largo, são fluissagem, então nada de volume extra. Tubinho vai valorizar o corpo das duas, e vão ficar lindas e confortáveis. A sogra, ao lado, observava com carinho. — Que atenção você tem com cada uma... Isso mostra o quanto você se importa. Estou encantada. Lana sorriu, humilde. — Eu só quero que todas se sintam bem. E felizes nesse dia. — E vão estar. Porque você pensou em tudo. Até nos detalhes da flor da lapela e no corsage de cada uma — completou a atendente, pegando as fitas champanhe e as flores artificiais que seriam amostras para o pedido da floricultura. — Ah, e não esqueçam — Lana pediu com doçura. — Tem que fazer o corsage da Charlotte também. Eu já deixei o endereço do hospital. Quero que ela receba no mesmo dia, lá mesmo. Ela não vai poder vir, mas quero que saiba que está presente no meu coração. — Que alma linda — comentou a gerente da loja, emocionada. — Você tem uma luz que não se vê todo dia. Lana abaixou os olhos, tímida, enquanto a sogra apertava sua mão com carinho. — Eu ganhei uma filha, não só uma nora — sussurrou ela. E assim, tudo foi encomendado e encaminhado, com os ajustes programados e os horários definidos. O vestido simples e rendado da noiva, os sapatos forrados no mesmo tecido, o casquete delicado com flores de cetim e seda, e os acessórios das pessoas mais importantes de sua vida. Cada detalhe era amor concretizado em tecido, flor e cuidado. Enquanto preenchia os dados para agendamento das provas, Lana também confirmou os corsages para as meninas e as lapelas dos homens. Deixou cada nome anotado, detalhou os tipos de flores e pediu que os arranjos fossem bem amarrados em fitas de cetim champagne. A gerente da loja, observando o jeito prático e sereno com que ela organizava tudo, sorriu com um toque de surpresa. — Moça... posso ser sincera? — Claro — disse Lana, olhando curiosa. — Você é a primeira noiva que eu vejo entrar aqui e não surtar. Já chegou com tudo na mente, escolheu tudo com calma, deixou os nomes anotados, os tamanhos previstos... Quem dera que todas fossem assim. As atendentes riram ao fundo, concordando. — Já teve noiva que chorou porque o vestido era um centímetro maior que o manequim dos sonhos — cochichou uma delas. Lana riu. — Eu acho que o que me faz não surtar é saber que estou me casando com quem eu amo, e não com o vestido ou com a festa. O resto é detalhe. A sogra olhou para ela, visivelmente emocionada. — Meu filho foi abençoado. E eu também. — Agora só falta a gente passar na loja de sapatos e no atelier da casquete — disse Lana, voltando ao foco. — Eu quero o sapato forrado com o mesmo tecido do vestido, e na casquete, orquídeas brancas de seda e cetim. Tudo bem delicado. A gerente já havia chamado até a florista parceira da loja para acompanhar as especificações do buquê e dos arranjos da cabeça. Todos estavam encantados. Quando tudo foi devidamente agendado e deixado sob encomenda, Lana se despediu com um sorriso leve, pronta para o grande dia.
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