Boate Skylux – Área VIP – 23h41
O clima na área VIP estava leve, descontraído, com conversas, risadas e flertes sutis acontecendo em todas as direções. Lana tentava manter o foco nas amigas, mas os olhos de Patrick teimavam em persegui-la. Louis e Harry seguiam o plano: enchendo o CEO de bebida, cutucadas e indiretas.
Mas tudo mudou quando uma presença indesejada cruzou o salão.
Britney.
Ela usava um vestido colado dourado, curto demais para o bom gosto, e uma expressão que misturava ódio e posse. Caminhou como se fosse a dona da boate, ignorando o segurança que tentou barrá-la.
— Eu não acredito no que eu tô vendo! — disse alto, já próxima à mesa. — Então é aqui que você anda se escondendo, Patrick? Você terminou comigo pra ficar com essa horrorosa? Com esse... esse barril de banho?
A mesa inteira silenciou. Lana congelou. Patrick sentiu o sangue ferver. Mas antes mesmo que ele pudesse reagir, Lena se levantou como uma loba em defesa da alcateia:
— Quem é você, querida? — perguntou em tom cortante. — Quem você pensa que é pra vir aqui e querer humilhar minha irmã desse jeito?
— Ah, não! — disse Harry, rindo e levantando seu copo. — A Barbie do Sete Além apareceu! Que saudade...
Britney virou o rosto com raiva.
— Vocês ainda continuam com esse apelido ridículo?
Louis levantou também, arqueando uma sobrancelha.
— Na verdade, agora tem outro. Espeto de Gafanhoto. Bem mais apropriado, né?
— Isso é um absurdo! Isso é humilhante! — gritou Britney, vermelha.
Anice, que já havia sacado o celular, mostrou a gravação.
— Tá tudo aqui, amor. Você ofendendo minha prima. Vai dar um ótimo vídeo viral... e também uma bela prova pra um processo.
— Na empresa você humilhou minha irmã, e ela ficou calada! — completou Lena, se aproximando. — Mas aqui não. Aqui, se você continuar, nós vamos processar você. E se prepare pra abrir sua conta bancária, porque os danos morais vão custar caro. Muito caro.
Britney ficou sem ação. Os olhos azuis faiscando de ódio.
Foi quando Patrick se levantou com postura firme, voz clara e olhos fixos nela.
— Eu não terminei o noivado com você pra ficar com ninguém. Essa mulher linda, que você tentou humilhar, é uma funcionária exemplar na minha empresa. E hoje ela está aqui como minha convidada. Então, se você ainda tem um pingo de bom senso, vá embora antes que eu mande te retirar.
Silêncio.
O segurança, que observava tudo de longe, começou a se aproximar.
Britney sentiu o impacto. Pela primeira vez, Patrick se posicionava com todas as letras. Não apenas defendendo uma funcionária… mas Lana.
Com um último olhar de desprezo, ela girou nos saltos.
— Isso não vai ficar assim.
— Já ficou — disse Patrick.
E com isso, Britney se retirou. A tensão se desfez aos poucos, substituída por olhares cúmplices, sorrisos nervosos e a certeza de que a noite acabava de mudar tudo.
O clima aos poucos voltava à leveza de antes, embora algo novo estivesse no ar. Um respeito consolidado, uma conexão criada. Depois do episódio com Britney, Patrick ainda estava sério, mas seus olhos buscavam os de Lana com uma intensidade que não negava: ele a enxergava de outra forma agora — não apenas como a funcionária eficiente e discreta, mas como a mulher que, diante da humilhação, manteve a postura com dignidade invejável.
Louis, como sempre, tentou aliviar o peso que ainda pairava sobre a mesa.
— Vamos mudar o clima, por favor! A noite é jovem e... nós estamos em ótima companhia. Lana, por que você não nos apresenta oficialmente essas beldades?
Lana sorriu com certa timidez e assentiu, ajeitando discretamente o lenço no pescoço.
— Claro. — Disse com serenidade. — Essa aqui é minha irmã, Lena. E esse é o Sr. Louis — apontou com um leve sorriso — e esse é o Sr. Harry. Eu iniciei na empresa trabalhando diretamente com os dois. Eles são... um caso à parte.
— Eita! — Harry brincou, colocando a mão no peito. — Isso foi um elogio?
— Foi. — Lana riu. — Eles adoram brincar, como deu pra perceber. Mas... numa sala de reunião, vocês ficariam de queixo caído. São os tubarões do financeiro. Impiedosos, frios e certeiros. Eu vi gente tremer com um simples "bom dia" do Louis. Mas fora das reuniões... — ela deu de ombros — são quase humanos.
Todos riram, inclusive Patrick, que pareceu relaxar pela primeira vez desde o escândalo.
— E esse aqui — continuou Lana, voltando-se para Patrick com uma expressão de respeito sincero — é o Dr. Patrick. O meu chefe. Como deu pra vocês verem, ele é alguém que respeita as pessoas, que não gosta de julgamentos precipitados. É um homem justo. E... eu gosto muito de trabalhar com ele.
Patrick baixou ligeiramente os olhos, tocado com a sinceridade daquelas palavras. Sorriu de canto, discreto. Mas havia algo ali que queimava — por dentro.
— Essa é minha irmã Lena — Lana prosseguiu, voltando-se para a irmã que ainda observava tudo com o olhar aguçado de quem não perdoava uma vírgula. — E essa é a nossa prima, Nice. Elas são minha base. E sem elas, eu não teria chegado até aqui.
— Agora sim! — Louis bateu palmas uma vez, fingindo formalidade. — Lena e Nice, é um prazer. Agora que as apresentações foram feitas, posso dizer que vocês duas acabaram de estragar nosso plano.
— Que plano? — Lena arqueou uma sobrancelha, provocativa.
— De deixar o Patrick no chão — completou Harry, rindo. — Mas o feitiço virou contra os feiticeiros. Porque agora somos nós que estamos impactados. Completamente.
— E sem nenhuma chance de defesa — acrescentou Louis, olhando para Nice com um sorriso de canto.
Lena cruzou os braços, mas o sorrisinho no canto da boca entregava que ela não era exatamente imune ao charme sarcástico de Harry.
— Vocês são sempre assim? — Nice perguntou, rindo, descontraída.
— Só quando estamos cercados de mulheres que valem a pena — respondeu Louis sem pensar.
Patrick, em silêncio, observava tudo. Seus olhos, porém, voltavam para Lana. E não importava quantas pessoas estivessem ali, ele só enxergava uma.
A noite parecia ter desabrochado um novo ciclo entre eles. Um ponto de virada invisível, mas poderoso.
E ali, entre trocas de olhares, sorrisos e piadas inocentes, os sentimentos — antes reprimidos — ganhavam espaço para florescer.