Orquídeas e desculpas

524 Words
Conversa de família Ao final do expediente, Lana pegou suas coisas e encontrou o pai, Francisco, na recepção, como sempre faziam às sextas. Ambos foram juntos para casa. No carro, enquanto o pai dirigia, Lana suspirou. Não queria esconder o que havia acontecido. — Papai… preciso te contar uma coisa. Francisco lançou um olhar atento para a filha. — Diga, minha filha. — A noiva do senhor Patrick… ela falou umas coisas meio… xenofóbicas. E o senhor Louis e o senhor Harry fizeram umas brincadeiras… disseram até que apostavam um milhão sobre quem ia namorar comigo. E ela… me chamou por um nome que eu nem quero repetir. Não vale a pena. Acho que foi por inveja. Francisco apertou levemente o volante, atento. — Continue. — Depois… eles mandaram flores, orquídeas — lindas — e bombons suíços, pedindo desculpas. Disseram que só fizeram aquelas brincadeiras para provocar ela. Mas eles também disseram que não podiam deixar a tal da Barbie do 7 Além sem uma resposta. Francisco deu uma gargalhada tão alta que Lana não conseguiu evitar um sorriso. — Barbie do 7 Além?! — riu ele. — Só podia ser brincadeira desses dois meninos! Minha filha, aqueles dois são homens formados, mas quando se juntam… parecem dois moleques. Só fazem travessura. Lana respirou fundo. — Fique tranquilo, papai. Não se preocupe. Shirley mesma me disse que foi só um pedido de desculpas sincero. Eles estavam mesmo arrependidos, mas não podiam deixar a tal Barbie do 7 Além sem resposta. Francisco balançou a cabeça, sorrindo. — Está certo. Mas mesmo assim, tome cuidado, minha filha. Não dê muita confiança. — Não se preocupe, papai. Sei muito bem me portar. Chegando em casa, Lana entrou com as orquídeas e as caixas de bombons nas mãos. Sua irmã, Lena, arregalou os olhos assim que viu. — Minha Nossa Senhora! — exclamou Lena. — Vamos aumentar uns bons quilos com esse chocolate, hein?! Meu Deus! Lana sorriu e largou as coisas sobre a mesa. — Deixa eu te contar o que aconteceu… Sentaram-se no sofá e Lana relatou tudo, desde as falas da noiva do Patrick até a brincadeira dos rapazes e o gesto de desculpas. Quando terminou, Lena estava furiosa. — O quê?! Apostaram UM MILHÃO?! E ainda aquela mulher te chamou de nomes horríveis?! Ah, se fosse eu…! Lana pegou a mão da irmã, com um sorriso calmo. — Ei… calma. Já passou. Eles se desculparam. E eu não vou me rebaixar a esse tipo de gente. Eu sei quem eu sou, sei a educação que recebi. Lena bufou. — Mesmo assim, que abuso! Mas que bom que você foi firme, mana. Só… cuidado com esses dois. Agora que eles viram o que perderam, vão tentar se aproximar. Lana riu. — Pois que tentem. Vão continuar no mesmo lugar: bem longe. Amizade, talvez. Mais que isso… nem pensar. Lena sorriu, orgulhosa da irmã. — É assim que se fala. Agora vamos experimentar esses chocolates antes que você mude de ideia… As duas riram juntas e, naquele momento, Lana sentiu-se ainda mais forte e segura. Ela sabia o que queria. E, principalmente, o que não queria.
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