O Escândalo de Britney

907 Words
A manhã de terça-feira começou ensolarada, mas a energia dentro da empresa era outra. Após o jantar da noite anterior, os funcionários ainda comentavam, entre sorrisos e admiração, sobre a homenagem feita a Lana Alves — a assistente que virou símbolo de honra. Na sala de reuniões, Patrick conversava com Louis e Harry sobre os próximos passos da diretoria. — Os contratos precisam ser revistos com lupa. Já conversei com o jurídico para começarmos auditorias externas — disse Patrick, ajustando os punhos da camisa. Louis assentiu. — E eu quero que reforcem a segurança da Lana. O nome dela virou público. A gente não sabe o que pode vir. Harry, no canto, mexia no celular com uma expressão maliciosa. — Falando em segurança... temos visita. Patrick levantou o olhar. — Quem? Harry girou o celular e mostrou a imagem captada pelas câmeras da recepção: Britney Evans, em um vestido vermelho colado ao corpo, salto alto, óculos escuros e um sorriso debochado no rosto, empurrando a porta de entrada como se fosse dona do prédio. Patrick respirou fundo. — Ela veio causar. — E vai sair causando... danos a si mesma — disse Louis, já se levantando. Na recepção, Shirley se colocou imediatamente entre Britney e os elevadores. — Bom dia, senhorita Britney. Em que posso ajudar? — Pode sair da minha frente, querida. Eu vim falar com o Patrick. E ele vai me receber — respondeu ela, tirando os óculos com um estalo de diva frustrada. — O senhor Patrick está em reunião. E você não tem autorização para subir — respondeu Shirley, calma, mas firme. Clara, que assistia tudo de sua mesa, já discretamente acionava a segurança. Britney deu uma risada seca. — Você acha que pode me impedir de falar com ele? Eu tenho informações que derrubam metade dessa empresa. Vocês acham que vão me jogar pra escanteio como fizeram com o Hamilton? Pois eu tenho prints, contas, nomes, e se ele não me ouvir, eu vou direto pra imprensa. — Já deviam ter ido direto pra polícia — murmurou Clara do canto. — O que disse, querida? — retrucou Britney. — Eu disse que você está gritando demais pra alguém que tem culpa no cartório — Clara respondeu, levantando-se e cruzando os braços. Antes que Britney respondesse, os elevadores se abriram. Louis e Harry surgiram primeiro, seguidos por Patrick, que caminhava devagar, com as mãos nos bolsos e o olhar gélido. — Britney — disse Patrick, com um tom de voz que paralisava. — Patrick. Amor. Finalmente alguém que tem autoridade nesse galinheiro — ela respondeu, tentando recuperar a pose. — Eu vim resolver as coisas. Porque você sabe que tudo isso está indo longe demais. Patrick parou à frente dela, encarando-a nos olhos. — O que está indo longe demais é a sua ousadia em colocar os pés aqui depois de tudo o que foi descoberto. Você recebeu presentes comprados com dinheiro desviado da empresa. Tem registros de contas pagas em seu nome com verba ilícita. Você sabia, Britney. Você se calou. E isso... é cumplicidade. O sorriso dela sumiu. — Eu não sabia de nada. Richard nunca me contou nada. Eu... — Britney — interrompeu Harry, aproximando-se com uma pasta nas mãos. — Aqui tem os comprovantes de transferência, as assinaturas nos contratos ocultos, os prints das mensagens entre você e o contador dele. E uma lista de produtos comprados com cartões vinculados à empresa. Tudo no seu nome. Se você quiser, posso mandar entregar pessoalmente ao delegado que está cuidando do caso. — Isso é perseguição! — ela gritou, agora visivelmente abalada. Patrick se aproximou um passo mais. — Não. Isso é justiça. Nesse momento, os seguranças chegaram. Clara apenas sinalizou discretamente. Os dois homens se posicionaram ao lado de Britney, mas ainda não a tocaram. — Eu ainda tenho amigos na imprensa. Se vocês acham que vão me calar, estão enganados — rosnou ela, agora mais pálida. Louis sorriu de lado. — Pode tentar. Mas quando a matéria sair, lembre-se de explicar por que estava recebendo presentes pagos com verba suja. — E mais uma coisa — disse Patrick, com voz grave. — A próxima vez que você pisar aqui sem autorização, não será retirada pela segurança da empresa... será pela polícia. E se abrir a boca em público pra nos difamar, você mesma estará cavando sua cela. Silêncio. Shirley quebrou com ironia: — A saída ainda é a mesma, flor. Com os dentes cerrados e o rosto em chamas, Britney girou nos saltos, empinou o queixo e saiu escoltada, com os olhares dos funcionários a acompanhando como uma avalanche silenciosa de julgamento. Quando as portas se fecharam atrás dela, Lana apareceu no corredor, vinda do setor de auditoria. Patrick a viu e se aproximou imediatamente. — Você ouviu? — Parte — respondeu ela, calma, mas com os olhos atentos. — Ela está mais desesperada do que perigosa. — E mesmo assim, ainda merece cautela — disse ele, tocando levemente sua mão. — Eu tô bem, Patrick. Eu tenho você. E a verdade. Isso basta. Ele sorriu de leve. — É. Isso basta. Harry, atrás deles, deu um assobio discreto. — Se fosse novela, agora entrava a vinheta: “Justiça foi feita!” Clara gargalhou. Shirley piscou para Lana e sussurrou: — Quando a mulher certa chega... a sujeira levanta sozinha. E Lana sorriu. Porque, no fundo, ela sabia. A sujeira ainda viria. Mas agora... ela não andava mais sozinha.
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