####Na Clínica, o Amor e a Preocupação Crescem

2530 Words
A sala de espera da clínica obstétrica era ampla, de tons suaves, com uma música instrumental leve ao fundo. Lana apertava levemente a mão de Patrick, com um sorriso sereno, embora por dentro um nervosismo a consumisse. Era o dia do ultrassom de rotina — mas também o dia em que tudo poderia mudar. Patrick, de terno escuro e expressão atenta, não desgrudava os olhos dela. Ele sabia que a gravidez não estava sendo simples, mas também sabia que Lana era forte. Forte até demais. A médica apareceu na porta, com a prancheta nas mãos e um sorriso acolhedor no rosto. — Bom dia, casal. Vamos ver como estão esses dois coraçõezinhos? — disse com um tom gentil, chamando-os para entrar. Lana deitou-se na maca, com a blusa levantada até a altura dos s***s, o ventre já arredondado e visível. Patrick ficou ao lado, segurando a mão dela e tentando disfarçar a ansiedade. O gel frio tocou a barriga, e logo o som do coração dos bebês preencheu a sala, como tamborzinhos ritmados e vivos. — Olha só esses dois aqui! Estão crescendo bem... — disse a médica, com um brilho nos olhos. — Tamanhos normais, movimentos dentro da média, frequência cardíaca ótima. Patrick soltou o ar, emocionado. Aquilo o atingia sempre — o milagre da vida. Eram os filhos deles, o amor deles, se formando dentro dela. E ele sentia uma necessidade visceral de protegê-los. — Eles estão bem mesmo? — perguntou ele, com a voz carregada de sentimento. A médica fez um som de “sim” com os lábios, mas logo sua expressão ficou mais séria. — Os bebês estão bem, sim. Mas a mãe... nem tanto quanto eu gostaria. Lana arqueou uma sobrancelha. — O que houve? — Sua pressão continua instável, Lana. E, além disso, seus exames mostram que a taxa de glicose subiu novamente. Vamos precisar encarar isso com seriedade. Você está desenvolvendo diabetes gestacional. Patrick apertou mais os dedos dela. — E o que isso significa? — perguntou ele, direto, preocupado. — Significa que ela precisa de cuidados redobrados. Dieta rígida, atividades físicas de baixo impacto — especialmente caminhada e hidroginástica —, acompanhamento constante. Emoções fortes devem ser evitadas, assim como esforço físico. O estresse pode agravar tudo — inclusive a pressão alta. Lana assentiu, compreensiva, mas Patrick estava tenso. — Mas ela está se alimentando bem. A dieta que a mãe dela montou é super equilibrada... — Sim, sim — interrompeu a médica —, a dieta está ajudando. Mas o que está puxando tudo para baixo é o estresse da rotina. Eu entendo que ela seja ativa, que trabalhe, mas... isso precisa parar agora. Lana olhou para Patrick e depois para a médica. — Parar? — Sim, Lana. Você precisa deixar o trabalho. Sua vida e a dos seus filhos está em risco. Não é uma sugestão, é uma necessidade médica. Decisões, Cuidados e um Amor que Protege Lana engoliu seco ao ouvir o alerta da médica. Ela não estava acostumada a depender de cuidados. Era responsável, firme, sempre havia colocado as necessidades dos outros acima das suas — e agora estava sendo desafiada pela vida a mudar completamente sua postura. — Mas... doutora, eu trabalho. Estou trabalhando há pouco mais de um ano. Não é um trabalho pesado, eu juro. Eu fico sentada a maior parte do tempo — tentou argumentar, mesmo sabendo, no fundo, que a médica não falava por capricho. Patrick se adiantou, firme, porém calmo: — E eu sou o seu patrão. E estou oficialmente te dispensando, Lana. Ela o olhou, surpresa. — Patrick, isso não justifica... — Justifica sim — ele rebateu com suavidade, mas com uma convicção inabalável. — A sua vida... e a vida das nossas filhas é o que importa agora. Você vai ter tempo para descansar, cuidar de você, organizar o enxoval, preparar o quarto das meninas... até porque a Britney não vai ter condições de fazer a decoração como tinha prometido, e... também finalizar os preparativos do nosso casamento. Ela suspirou, engolindo o nó na garganta. A médica aproveitou para intervir com equilíbrio: — Quanto ao casamento... pode prosseguir, sim. Mas, como profissional, eu recomendo que esperem algumas semanas para verificar se a pressão estabiliza e como o corpo vai reagir ao controle da glicemia. Emoções muito fortes nesse momento podem, sim, agravar o quadro. A prioridade é a saúde dos três. Patrick assentiu. Mas, como quem se preocupava com todos os aspectos da rotina, questionou com seriedade: — E... o sexo? Há alguma restrição? Lana arregalou os olhos. — Patrick! — Amor — ele disse, com carinho, mas com os olhos voltados à médica —, é uma pergunta importante. Eu só quero saber se há algum risco. A médica sorriu com respeito. — Não, Patrick. A pergunta é válida, sim. E a resposta é: não há contra indicação direta, desde que não haja desconforto ou contrações durante o ato. O ideal é evitar posições que pressionam o abdômen ou causem fadiga excessiva. A relação afetiva, inclusive, pode contribuir para a estabilidade emocional. Só reforço que qualquer sinal diferente, como dor, sangramento ou m*l-estar, deve ser comunicado imediatamente. Lana ficou visivelmente corada, mas compreensiva. — E quanto aos medicamentos? Vou precisar tomar alguma coisa? — Vamos iniciar o controle apenas com dieta e exercícios leves, como hidroginástica e caminhada. Mas se a glicose continuar subindo, pode ser necessário metformina, que é segura na gestação. Nada de insulina por enquanto, tá bom? Ela assentiu. — Eu estou seguindo uma dieta que minha mãe organizou com ajuda da nutricionista. Posso continuar? — Pode sim, mas eu vou pedir que você avise à nutricionista que está com diagnóstico de diabetes gestacional, para que ela adapte o cardápio. Vamos evitar picos de glicose. Refeições pequenas a cada 3 horas, muita fibra, índice glicêmico baixo. Nada de sucos artificiais, frituras ou doces, tá? Patrick anotava tudo no celular. Cada orientação. A médica continuou: — Também vou pedir um exame de curva glicêmica completa e um controle de pressão domiciliar, com aferições duas vezes ao dia. E... repouso. Nada de dirigir, nada de carregar peso. E se sentir dor de cabeça, visão turva, inchaço repentino... direto para o hospital. Lana respirou fundo. Ela sabia que não poderia desafiar a vida. As crianças que cresciam dentro dela eram parte de algo maior — um elo entre ela e Patrick, entre o amor e a responsabilidade. Patrick apertou a mão dela com doçura, e completou: — A partir de hoje, sua única função é ser a mãe das nossas meninas... e minha futura esposa. O resto... deixa comigo. Ela sorriu, emocionada. — Tá bom... Mas eu ainda quero dar palpite no vestido do nosso casamento. — Claro. Desde que esteja sentada e com as pernas pra cima. Todos riram, inclusive a médica, encerrando a consulta com leveza. Três Corações, Uma Casa e Muitas Promessas A médica sorriu com ternura, ao ver o brilho emocionado nos olhos do casal, e fez um lembrete sutil: — O senhor disse "meninas", mas está esquecendo que temos duas meninas... e um menino aí. Lana arregalou os olhos, surpresa. — Um menino? A médica deu uma risadinha. — Sim, vocês vão ser pais de trigêmeos: duas meninas e um menino. Já tínhamos visto indícios antes, mas hoje deu para confirmar bem. Os três estão com batimentos normais, crescimento proporcional, mas o corpinho do garotão estava escondido atrás das manas nas últimas imagens. Hoje ele resolveu dar as caras. Patrick colocou as mãos no rosto, atônito, depois deslizou uma delas até a barriga da Lana, cheio de orgulho. — Um príncipe. Meu Deus... um príncipe e duas princesas. A nossa família tá se formando de verdade, amor. Lana sorriu, mas logo ficou pensativa: — Nós vamos precisar procurar uma casa, né? Uma casa grande. Os nossos bebês vão querer espaço. E a minha cobertura só tem quatro suítes: a minha e mais três. Isso já vai ser a nossa e a dos bebês... Ela encarou Patrick com um olhar travesso. — E eu ainda quero mais filhos. Patrick riu, mas sem ironia. Seu olhar era de pura admiração. — Você quer mesmo? — Quero sim. Eu e minha irmã fomos só nós duas... Eu sempre sonhei com uma casa cheia. Só que, por favor, né, amor... que não seja assim de ninhada, como você fez agora. Porque, convenhamos, dessa vez você caprichou demais! Patrick ergueu as sobrancelhas com humor fingido. — Eu?! Eu não tenho culpa, amor. É você que é poderosa demais! A médica riu junto com eles. — Eu diria que os dois são férteis demais. Esse tipo de gestação espontânea de múltiplos não é tão comum. Algum de vocês tem histórico familiar? Lana lembrou: — Ah, sim. A minha irmã comentou... A nossa tia, no Brasil, teve dois pares de gêmeos. A família da minha mãe tem esse gene forte. A médica anotou, satisfeita. — E da sua família, senhor Patrick? — Do lado do meu pai... acho que sim. Tenho alguns primos gêmeos, na geração anterior. Mas nunca pensei muito nisso. — Então está explicado — disse a médica com naturalidade. — Quando há histórico dos dois lados, a chance de gestações múltiplas aumenta bastante. E, sinceramente, com o quadro de vocês dois... essa pode não ser a última vez. Lana levou a mão à barriga, fingindo desespero: — Ai meu Deus, então eu tenho que me preparar psicologicamente. Eu já sou toda grande. Que tamanho eu não vou ficar numa próxima gestação? Ela olhou para o marido com expressão cômica. — E as estrias já estão começando a aparecer, viu? Patrick puxou a mão dela e a beijou com doçura. — São cicatrizes do amor, Lana. Eu acho suas estrias lindas. Cada uma delas é a marca da mulher incrível que você é... e da nossa história sendo escrita no seu corpo. Ela sorriu com os olhos marejados, emocionada pela sensibilidade dele. Era mais do que um parceiro — era um homem que via nela não apenas a beleza, mas o milagre que ela carregava. A médica completou, encerrando a consulta com serenidade: — Agora vamos focar em manter a saúde e o equilíbrio. As recomendações estão feitas, e com esse apoio todo do seu lado, Lana, tenho certeza de que os seus bebês vão nascer bem. Mas a senhora tem que colaborar também, viu? Lana assentiu, com as mãos na barriga. — Eu prometo, doutora. Por eles... por nós... por tudo isso que estamos construindo. Patrick a ajudou a se levantar da maca, e saíram de mãos dadas da sala, com o som suave do coração de três vidas ecoando como hino de uma nova era. A visita à Brittany e aos recém-nascidos Ainda na saída do consultório, enquanto caminhavam pelo corredor do hospital, Lana apertou suavemente a mão de Patrick e disse com um sorriso sereno: — Amor... já que nós estamos aqui no hospital, que tal aproveitarmos para visitar a Brittany? Ver as crianças... ver como ela está. Segundo a Lena e a Nisse, ela está bem melhor. Eu... eu gostaria muito de ver com os meus próprios olhos. Patrick assentiu com ternura. — Claro que vamos, meu amor. Vamos sim. Vai ser bom pra ela também nos ver. Vai ser bom levar boas notícias. Lana sorriu e colocou a mão sobre a barriga, acariciando com carinho. — É... vamos dar a notícia de que nós vamos ter duas meninas e um menino. A nossa turminha está crescendo. Ela vai ficar feliz. — Feliz e surpresa — respondeu Patrick, rindo baixinho. — Acho que ninguém esperava por esse trio logo de cara. Eles caminharam lentamente em direção à ala onde Brittany estava internada. O hospital parecia mais calmo naquele fim de manhã, e o clima no ar era de esperança. Havia flores frescas nos corredores, sons suaves ecoando do berçário, e o leve aroma de desinfetante misturado ao perfume de vida nova. Quando se aproximaram do quarto da Brittany, a enfermeira os reconheceu e sorriu. — Senhor Patrick, dona Lana... que bom vê-los! Ela está acordada e estável. Acabou de amamentar um dos bebês e agora está descansando, mas tenho certeza de que vai adorar vê-los. — Podemos entrar por alguns minutos? — perguntou Lana, com voz doce. — Claro, mas com calma. Ela ainda está se adaptando emocionalmente, mas hoje teve uma manhã tranquila. Patrick agradeceu e segurou a porta para Lana passar. Quando Brittany os viu entrando, seus olhos se iluminaram. Ela estava sentada na cama, com travesseiros atrás das costas e uma manta leve sobre as pernas. Os cabelos presos num coque alto e simples, o rosto um pouco pálido, mas muito mais sereno do que nas últimas semanas. — Lana! Patrick! — exclamou, emocionada. — Que surpresa boa! — Oi, Brit... viemos te ver e trazer novidades — disse Lana, se aproximando com carinho. Brittany estendeu os braços e elas se abraçaram com afeto e cuidado. — Você está tão melhor, Brit... seu olhar está vivo — disse Lana, emocionada. — Estou me sentindo melhor. A Lena e a Nice me animaram muito ontem. E as crianças estão indo bem. Lana, eles são tão pequenos mas tão fortes. — Você é forte. E eles herdaram isso de você — disse Patrick, sentando-se ao lado dela. Lana olhou para o incubadoras ao lado, onde dormiam dois bebês. Um deles com o rostinho virado para cima, a boquinha entreaberta e as mãozinhas fechadas em punho. — São lindos, Brit... Brittany assentiu, com lágrimas nos olhos. — Ainda me assusto um pouco, sabe? Mas eles me dão forças. Patrick olhou para Lana e fez sinal com a cabeça. — Conta pra ela, amor. Lana sorriu e segurou a mão de Brittany. Os olhos de Brittany se arregalaram, e ela riu, mesmo chorando. — Obrigada. Era isso que queríamos te contar — completou Patrick. — Achamos importante que você soubesse em primeira mão. Nice e Lena também sorriram, envolvidas pela atmosfera de alegria e renovação. — E os seus filhos? — perguntou Lana, dirigindo o olhar aos bercinhos ao lado. — Dormem profundamente — respondeu Lena, apontando com delicadeza. — Estão tranquilos, depois do banho e da mamada. Brittany olhou para Lana com serenidade. — Fico feliz que tenha vindo. Sua presença me dá força. Ver você bem... me inspira a seguir. Lana apertou levemente sua mão. — Estamos juntas nessa jornada. E o amor que cresce em nós também fortalece você. Patrick assentiu. — A família só cresce, e com ela, o amor também se multiplica. Brittany sorriu discretamente, enquanto uma lágrima solitária descia por seu rosto. Não era tristeza, era gratidão. E naquele quarto, repleto de novas vidas e recomeços, o silêncio dizia mais que qualquer palavra. Nota da Autora Hoje consegui concluir mais um capítulo. A cada trecho escrito, sinto que me aproximo do encerramento dessa obra tão especial. Quero reforçar aos leitores que a história está em sua reta final, e minha meta é finalizar até o fim desta semana. A cada página, continuo escrevendo com responsabilidade, sensibilidade e muito respeito por cada tema abordado. Obrigada por caminharem comigo nesta jornada de amor, superação e esperança. — Com carinho, Tônia Fernandes
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