####REPOUSO E GRAVIDEZ

1572 Words
Enquanto isso, Lana e Patrick haviam ido juntos ao hospital para uma consulta de rotina. Ela já estava com 30 semanas de gestação, e apesar de se sentir bem, o obstetra decidiu realizar alguns exames mais detalhados. Após a ultrassonografia e a análise clínica, o médico chamou os dois para conversar com mais calma. — Lana, os bebês estão se desenvolvendo de forma muito acelerada — explicou o doutor, com expressão atenta. — O que é ótimo em termos de maturidade pulmonar e ganho de peso. No entanto, o seu organismo está começando a dar sinais de exaustão. Ela franziu a testa, preocupada. — O que isso quer dizer exatamente, doutor? — Significa que precisamos iniciar o repouso absoluto imediatamente. Seu útero já está sob bastante pressão e queremos evitar ao máximo um trabalho de parto prematuro. Nosso objetivo é segurar essa gestação, no mínimo, até 34 semanas, para que possamos realizar a cesariana com mais segurança para você e para os bebês. — Mas... eu sonhava com um parto natural, doutor. Sempre quis — confessou Lana, com os olhos marejados. O médico foi direto, porém gentil: — Eu entendo, Lana. Mas neste caso, um parto natural representa muitos riscos. Você está com a pressão arterial instável, além de um quadro de diabetes gestacional, que embora esteja bem controlado, ainda exige vigilância constante. Se tentássemos um parto normal, poderíamos colocar tanto você quanto os bebês em risco. A cesariana é, sem dúvida, a via mais segura. Patrick apertou de leve a mão dela, sinalizando apoio. — E quanto aos bebês, doutor? Eles estão bem? — Muito bem. Cada um já está com aproximadamente 1,3 kg. Isso é excelente. Nossa meta agora é chegar aos 1,5 kg, idealmente 1,7 kg. A cada dia a mais no útero, aumentamos as chances de nascimento saudável e evitamos internação em UTI neonatal. — E se minha pressão subir durante o parto? — Lana perguntou, visivelmente tensa. — Por isso mesmo a cesariana será agendada e feita em ambiente altamente controlado. Vamos monitorar sua pressão em tempo real durante o procedimento, para evitar qualquer intercorrência grave, como uma eclâmpsia. É uma condição séria, mas evitável com os devidos cuidados. Patrick se adiantou: — Ela vai seguir tudo o que for necessário. Eu vou contratar uma enfermeira particular, tempo integral. Mas Lana se manifestou com firmeza: — Não precisa exagerar, amor. Nós já temos funcionários suficientes em casa. O que eu precisar, eu peço. Eu vou seguir à risca tudo que o doutor está recomendando. Eu quero que nossos filhos nasçam com saúde. E se isso significa repouso total, então que seja. O médico sorriu satisfeito com a postura madura de Lana. — É isso que eu queria ouvir. Vamos manter consultas semanais, exames constantes e, se tudo continuar como está, poderemos agendar a cesariana para daqui a quatro semanas. Patrick beijou a testa da esposa com ternura, como quem prometia cuidar de tudo dali em diante. O médico ajeitou os óculos no rosto enquanto folheava os últimos exames. Seu tom era firme, porém compassivo. — Lana, está tudo correndo bem até aqui. Os bebês estão com um bom peso para a idade gestacional — cerca de 1,3 kg cada um. Mas, considerando que são trigêmeos, e o esforço que seu corpo vem fazendo, vamos precisar programar a cesariana por volta da 34ª semana. Nosso objetivo é garantir que cheguem a, pelo menos, 1,5 ou 1,7 kg. Isso aumentará bastante as chances de uma recuperação tranquila para todos. Ela assentiu, preocupada. — E eles vão precisar ficar na UTI? — Apenas por 24 a 48 horas, no máximo — explicou com cuidado. — A incubadora vai ajudar a finalizar o amadurecimento pulmonar, que é comum em prematuros. Vamos administrar corticoide para acelerar isso nos próximos dias. Mas quero que você comece a se preparar para o pós-parto. Patrick franziu a testa. — Se preparar como? — Contratando ajuda especializada. Duas profissionais — uma para o turno do dia e outra para o turno da noite. Enfermeiras com experiência em neonatologia ou enfermagem pediátrica. Alguém que saiba lidar com recém-nascidos prematuros. Lana não terá condições de cuidar dos três sozinha nos primeiros dias. Ela estará se recuperando de uma cirurgia, e o corpo vai estar exausto de ter carregado três vidas. — É realmente necessário? — Lana perguntou, um pouco insegura. — Sim, absolutamente necessário. Três bebês, todos prematuros, exigem vigilância constante. Amamentação, alimentação suplementar, controle de temperatura, posicionamento correto para evitar apneia... São muitos detalhes técnicos. Mesmo com funcionários em casa, você precisa de pessoas treinadas exclusivamente para isso. Lana respirou fundo e, com os olhos voltados para Patrick, disse com doçura e firmeza: — Amor… você poderia entrar em contato com a Brittany? Agora que ela já está em casa com os gêmeos, talvez a enfermeira que cuida dos bebês dela possa nos indicar duas profissionais competentes. Uma para o dia e outra para a noite. Assim que forem selecionadas, você já pode contratá-las. Eu quero que elas já estejam conosco no dia em que eu receber alta. Patrick apertou a mão dela e assentiu. — Vou resolver isso hoje mesmo. Pode deixar, meu amor. Vamos garantir o melhor para vocês quatro. O médico se levantou da poltrona e caminhou até a maca onde Lana repousava. Seu semblante era calmo, mas sério. — Agora, mais do que nunca, você precisa de repouso absoluto, Lana. Evite levantar sozinha. Fique deitada o máximo possível. Quando precisar ir ao banheiro, peça para alguém acompanhá-la. Evite banheira — nem pensar em escorregar ou sofrer um trauma. Apenas banho de chuveiro, e mesmo assim, com tapete antiderrapante e apoio. Lana apenas assentiu, absorvendo cada palavra com atenção. — E o que mais, doutor? — Patrick perguntou, visivelmente preocupado. O obstetra olhou para ele, direto, como quem sabia que aquela pergunta viria. — Evitem relações sexuais nesse período. Com trigêmeos, a parede do útero já está bastante distendida. A qualquer estímulo, há risco de início de trabalho de parto prematuro. Além disso, a Lana já apresenta sinais de esforço físico excessivo. Nosso objetivo é manter os bebês no útero por mais quatro semanas. Qualquer contração agora pode ser perigosa. É melhor não arriscar. Patrick pigarreou discretamente e sorriu sem jeito. — Tudo bem… estamos totalmente focados na saúde deles. — Fico feliz em ouvir isso — disse o médico. — E mais uma coisa: nada de escadas, nada de esforço, nem mesmo para levantar da cama. Prefira sempre ter alguém para apoiá-la, especialmente ao mudar de posição. O útero está sensível e sua pressão arterial ainda não está estável. Vamos monitorar diariamente. Lana respirou fundo, determinada. — Eu vou seguir tudo à risca. Eu quero ver meus filhos nascerem com saúde, todos os três. — Isso é o mais importante — o médico concordou com um sorriso. — Você já chegou longe, Lana. Essas últimas quatro semanas são cruciais. Se chegarmos até a 34ª semana, teremos uma excelente margem de segurança para uma cesariana tranquila. Confie em você. Confie nos seus bebês. Patrick apertou de leve os dedos da esposa e sussurrou: — Nós vamos conseguir. Eu prometo. — Patrick, Lana... por precaução, além do repouso, eu recomendo que vocês façam a locação de um monitor portátil fetal. É aquele aparelho que usamos aqui para checar os batimentos cardíacos dos bebês e as contrações uterinas. Temos uma versão doméstica, segura e autorizada pela Anvisa. Uma enfermeira pode passar aqui e ensinar vocês a utilizarem. Assim, conseguiremos detectar qualquer alteração em tempo real. Ele ficará monitorando por até 12 horas diárias, principalmente à noite, quando os episódios de pressão ou contração costumam ocorrer com mais frequência. Lana olhou surpresa. — Isso tudo em casa? — Sim — o médico respondeu com firmeza. — Também quero que usem um oxímetro de pulso e aferidor de pressão digital duas vezes ao dia. E continue com os testes de glicemia capilar — ao acordar, antes das refeições e duas horas após. Você mesma pode fazer com um glicosímetro simples. Patrick já pegava o celular para anotar. — Eu vou providenciar tudo. Pode deixar comigo. — E recomendo também que uma das enfermeiras que vierem cuidar dela após o parto já esteja presente agora. Se possível, revezem em turnos de 12 horas. Isso garantirá que ela nunca esteja sozinha. Vocês precisam de segurança total nessa reta final. Lana mordeu os lábios, emocionada. — Obrigada, doutor. Eu estava com medo... mas agora eu sinto que estou cercada por todo esse cuidado. O médico sorriu. — Porque está. E com esse apoio todo, vamos fazer esses trigêmeos chegarem ao mundo com força e saúde. Nota da Autora Queridos leitores, Peço desculpas se este capítulo soou técnico ou muito explicativo para alguns. Sei que nem todos gostam de detalhes médicos, jurídicos ou psicológicos em meio à narrativa, mas sempre que possível, gosto de trazer informações reais, baseadas em pesquisas confiáveis. Faço isso com carinho e responsabilidade, pois acredito que, em algum momento, um leitor pode estar passando por algo semelhante — seja uma gestação de risco, uma dúvida emocional, um conflito familiar ou até mesmo um problema legal. Tento, dentro da ficção, oferecer uma pequena orientação, um parâmetro, uma luz. Mas deixo aqui um lembrete importante: sempre procure um profissional qualificado. O que trago nos meus livros é apenas uma pincelada, um ponto de partida. Nenhuma ficção substitui o acompanhamento médico, jurídico ou psicológico adequado. Com amor e responsabilidade, Tônia Fernandes
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