A Promessa da Vida
Enquanto Henry, Louis e Patrick discutiam no escritório sobre como lidar com seus sentimentos e as decisões que precisavam tomar em relação às mulheres que amavam, Lana, do outro lado da cidade, sentia seu corpo começar a dar sinais claros de que os pequenos estavam prontos para vir ao mundo.
— Enfermeira... — sussurrou, com a respiração um pouco mais ofegante. — Pode ligar para o Patrick? Estou sentindo algo diferente... acho que está começando.
A enfermeira, atenta, se aproximou imediatamente.
— Você está com dor, senhora Lana?
— Sim... não é só dor. É pressão... contrações. Vêm e vão. Eu consegui chegar até as trinta e quatro semanas... foi mais do que o médico esperava, mas...
A profissional não perdeu tempo. Fez um rápido exame, checou os batimentos, os sinais vitais e então confirmou, com um tom de voz firme, mas sereno:
— Você está entrando em trabalho de parto. Precisamos ir imediatamente para o hospital. Já passei o alerta para o obstetra. Será necessário uma cesariana. Seu corpo não está preparado para um parto normal, e não vamos correr riscos.
— Avise o Patrick. Por favor — pediu Lana, com lágrimas nos olhos, segurando a barriga com carinho e medo.
— Vou avisá-lo no caminho. Vamos com calma, vai dar tudo certo.
A enfermeira chamou o motorista, pegou a mala maternidade, os documentos e ajudou Lana a se acomodar no banco de trás com todo o cuidado. Assim que o carro começou a andar, a profissional respirou fundo e pegou o celular.
Na sala de reuniões, Patrick ainda refletia sobre as palavras dos irmãos. Henry falava sobre os conselhos que recebera da irmã mais nova, e Louis brincava que, se não agisse rápido, perderia sua ruiva.
O celular de Patrick vibrou. Ele atendeu de imediato.
— Alô?
— Senhor Patrick, boa tarde. Aqui é a enfermeira Rafaela. Estou com a senhora Lana. Ela entrou em trabalho de parto agora há pouco. Estamos a caminho do hospital. Já avisei o médico, e ela está sendo conduzida com segurança. Peço que venha o mais rápido possível, se quiser assistir ao nascimento dos seus filhos.
O mundo parou por um segundo.
— Meus filhos vão nascer? — perguntou, incrédulo.
— Sim, senhor. Estamos indo para a sala cirúrgica assim que chegarmos.
Patrick levantou-se num pulo.
— Louis, Henry... os bebês estão chegando. Lana está em trabalho de parto!
— O quê?! — exclamaram os dois em uníssono.
— Avisem a Lena e os pais dela, por favor. Eu preciso ir agora!
Sem esperar resposta, Patrick saiu correndo do escritório, com o coração disparado e a alma em oração.
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Quando chegou ao hospital, já trajado com a roupa cirúrgica e devidamente esterilizado, foi guiado até a sala onde Lana já estava sendo preparada. Ela usava uma touca azul, o rosto levemente pálido, mas os olhos brilhavam ao vê-lo entrar.
— Amor... — disse ela, com um suspiro de alívio. — Eu estava morrendo de medo de ter nossos filhos sozinha... achei que você não fosse chegar a tempo.
Ele se aproximou, segurando sua mão com ternura e firmeza.
— Eu estou aqui, meu amor. E não vou sair do seu lado. Nós vamos viver isso juntos.
O anestesista já havia iniciado o bloqueio espinhal. A médica obstetra olhou para o casal e sorriu.
— Tudo pronto? Vamos iniciar. Mas antes, eu sempre peço permissão para fazer algo que acredito muito...
Ela deu um passo atrás e falou com doçura:
— Vamos fazer uma oração.
Silêncio na sala. Os profissionais da saúde fecharam os olhos por respeito.
— Senhor Jesus, Mestre dos Mestres, guia as minhas mãos nesta cirurgia. Proteja esta mãe que carrega três vidas em seu ventre com tanto amor. Abençoe este pai que a acompanha com o coração em festa e em temor. Que tudo ocorra bem. Que a vida seja recebida com paz. Que os anjos estejam conosco. Amém.
Patrick sentiu as lágrimas brotar. Não conseguia conter a emoção. Era real. Estava acontecendo.
— Estou com você — sussurrou ele para Lana. — Tudo vai dar certo.
— Só quero ouvir o chorinho deles — murmurou ela, emocionada.
E então começou.
O Amor Espera na Sala
Harry foi o primeiro a reagir depois que Patrick saiu como um raio do escritório.
— Louis! Não vamos deixar ele sozinho. — disse, já pegando o celular.
— Já estou ligando pra mãe dele! — Louis respondeu, deslizando o dedo com pressa pela tela.
— E eu vou avisar aos pais da Lana. Cadê o número da dona Tereza? — Harry perguntou, abrindo o grupo da família no w******p.
Os pais, a irmã Patrícia, os tios, até o primo que morava em outra cidade estava na lista. Do lado da Lana, a comoção também começou: os pais, a irmã Lena, a prima Nice, a mãe e até a tia que sempre sonhou em ver os bebês nascerem foram informados.
— Eles vão nascer, cara — disse Louis, olhando para Harry com um sorriso emocionado. — Patrick vai ser pai. Que loucura, né?
— Loucura nada. Isso é vida acontecendo. E agora, bora pra maternidade. Ele pode precisar da gente lá.
A movimentação no estacionamento do hospital parecia de novela. Um carro atrás do outro parando em frente à entrada principal. Era gente descendo com sacola, bolsa, presente, flor — e nervos à flor da pele.
Harry e Louis foram os primeiros a chegar.
Ao se aproximarem da recepção, Harry falou com a atendente, já ansioso:
— Boa tarde. Somos da família de Lana Ferreira. Ela foi trazida agora há pouco pela enfermeira, está em trabalho de parto.
A recepcionista conferiu o nome no sistema e assentiu, sorrindo com simpatia.
— Sim, senhor. A senhora Lana já está na sala de parto. Estão se preparando para o nascimento agora mesmo. Em instantes as crianças devem vir ao mundo.
Louis soltou um suspiro nervoso.
— Graças a Deus. E podemos esperar aqui?
— Claro. Podem aguardar na sala de espera à direita. Assim que houver novidades, vamos avisar.
— Obrigado. — respondeu Harry, já conduzindo o primo para os bancos acolchoados.
Minutos depois, começaram a chegar os demais: os pais de Patrick, visivelmente emocionados; os pais de Lana, com os olhos marejados; Lena e Nice chegaram quase juntas, acompanhadas dos pais que seguravam um terço e não parava de repetir:
— Vai dar tudo certo. Vai dar tudo certo. São meus bisnetos que estão vindo aí. A Mãe do Céu vai estar com a Lana.
Patrícia chegou um pouco depois, correndo com um suco na mão.
— Trouxe água de coco para quando ela sair da cirurgia. Ela vai precisar se hidratar!
A sala de espera logo virou um ambiente de emoção e expectativa. A alegria era evidente, mas a tensão também pairava no ar. Ninguém ousava rir alto ou conversar demais. Todos pareciam presos naquela pausa do tempo, esperando o anúncio mais esperado de todos: "Nasceram!"
Lena se aproximou de Louis e Harry, que estavam sentados lado a lado, tentando conter a ansiedade.
— E aí? — perguntou ela, com a voz baixa.
— Já está lá dentro. O médico está com ela, o Patrick também — respondeu Harry.
— Ele conseguiu chegar a tempo?
— Claro! Saiu feito um foguete do escritório. Nunca vi meu irmão correr tanto — disse Louis, tentando descontrair.
A mãe de Lana, Tereza, sentou-se ao lado do marido e segurou firme sua mão. As lágrimas escorriam discretamente pelos olhos enquanto ela murmurava baixinho:
— Que a nossa filha fique bem e que esses anjinhos cheguem com saúde.
Lena ouviu e inclinou a cabeça no ombro da mãe, abraçando-a com ternura.
— Ela vai ficar bem, mãe. A Lana é forte. E os sobrinhos vão ser lindos e gordinhos, você vai ver.
Do outro lado da sala, Dona Tereza continuava com o terço entre os dedos, fechando os olhos de vez em quando para rezar um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.
Na parede, um relógio digital marcava os segundos lentamente. Era como se cada tic-tac ecoasse dentro do peito de todos que aguardavam naquela sala.
— Quando o Patrick sair, vai sair chorando que nem criança — murmurou Louis, balançando a cabeça com um sorriso.
— Ele é mais coração do que demonstra — concordou Harry. — E vai ser um paizão. A Lana é o equilíbrio dele.
Lena olhou para os dois e falou baixinho:
— E vocês, vão ser o quê? Porque está cheio de mulheres incríveis nessa sala e só dois homens disponíveis.
Louis deu uma risada baixa, mas o olhar dele logo buscou Nice, que conversava com Patrícia perto da janela. Harry desviou os olhos, sério, e murmurou:
— Eu ainda estou aprendendo.
Lena percebeu o silêncio repentino e deixou os dois no tempo deles. O momento era delicado. E tudo que importava, naquele instante, era que duas novas vidas estavam prestes a chegar.
E a qualquer momento porta da sala de parto abriria.