O NOIVADO DE BRITTANY

1369 Words
Brittany acariciava a aliança no dedo, com um brilho suave nos olhos, quando Richard, sentado ao seu lado, perguntou com suavidade: — E o quartinho dos bebês? Já pensou em como quer montar? Ela sorriu, com ternura: — Eu mesma decorei o quartinho deles... na casa do meu pai. Está tudo prontinho, com muito amor. Só estou aguardando a alta do hospital. Ainda não saí daqui por causa do estado da minha mãe... você sabe o que aconteceu, né? Richard assentiu, o semblante sério. — Sim. Ela está em recuperação. Soube que foi grave. — Foi, sim. A bala atingiu a coluna lombar. Os médicos disseram que ela vai precisar de fisioterapia intensiva para reaprender a andar. O papai vai levá-la pra casa dele, pra que ela receba os cuidados adequados. Acredito que eu ainda fique mais umas duas semanas por aqui. Já ela... não sei ao certo quanto tempo será. — Sinto muito por tudo isso, Brittany. De verdade. — Ele tocou levemente a mão dela. Ela o observou com calma e perguntou: — E a situação com a empresa do Patrick? Como ficou? Richard respirou fundo, um pouco envergonhado: — Eu devolvi o dinheiro. Fui muito irresponsável por ter me envolvido naquele desvio. A sorte é que eu era apenas um dos diretores e não precisava daquela empresa... tenho os meus próprios negócios. Mas ainda assim, foi imperdoável. Patrick... Patrick foi um homem admirável. Não levou nada à mídia, não me expôs, nem a você. Ele me preservou, e eu sou grato por isso. Agora, quero fazer tudo certo daqui em diante. Ele a olhou com carinho e prometeu: — A partir de hoje, vou vir te ver todos os dias, está bem? Ela assentiu com um sorriso tímido, e naquele instante, a porta do quarto se abriu. Lena entrou com um sorriso leve, segurando uma sacolinha com lanches. Ao ver Richard sentado ao lado da cama de Brittany, ela arqueou as sobrancelhas, surpresa: — Boa tarde... — disse, olhando dos dois para a mão de Brittany. — Espera... a rosa que eu te dei... olha só esse anel! Brittany levantou a mão, exibindo a aliança reluzente. — Mentira... você está noiva?! — Sim — respondeu Brittany, rindo baixinho. — Esse aqui é o pai dos bebês. Lena levou a mão à boca, emocionada. — É ele?! Ele veio te pedir em casamento assim, de surpresa? — É. — Brittany assentiu, os olhos marejados. — Você me dizia que tudo ia se acertar... e acertou. Você tinha razão. Ela se virou para Richard e, com orgulho, o apresentou: — Richard, essa é a Lena. Minha amiga, minha irmã de alma. Ela é irmã da Lana, esposa do Patrick. Richard se levantou com elegância e estendeu a mão para Lena: — Muito prazer, Lena. Eu sou Richard Langford. — O prazer é meu, senhor Langford. — respondeu ela, apertando a mão dele com simpatia. Ele sorriu, então se virou para Brittany, inclinou-se e lhe depositou um beijo afetuoso no rosto. — Eu preciso ir agora. Tenho dois filhos crescidos para acompanhar e muito trabalho a concluir. Mas volto amanhã. — Estarei aqui — respondeu ela, sorrindo. Richard acenou mais uma vez para Lena e saiu, deixando o quarto com uma leveza que não existia dias antes. Lena se sentou ao lado da cama, ainda encantada com o que presenciara. — Eu sabia que ainda ia ver essa cena... — murmurou, emocionada. — Agora você tem tudo pra ser feliz, Brit. Brittany olhou para a porta por onde Richard havia saído e sussurrou: — Agora eu acredito que sim. Enquanto isso, no hospital onde Maris seguia internada, Drew sentou-se à beira do leito, segurando com delicadeza a mão dela. O tom da voz era calmo, esperançoso, quase reconfortante. — Dentro de mais uma semana, você terá alta, Maris. E assim que isso acontecer, você vai para minha casa — disse ele com firmeza, mas cheio de ternura. — Já preparei a suíte do térreo especialmente para você. É ampla, confortável e tem fácil acesso a tudo. Além disso, estou contratando um fisioterapeuta particular para acompanhar seu tratamento. Ele cuidará da sua reabilitação diariamente, com todo o cuidado que você merece. Ela o olhou com os olhos marejados e, com a voz embargada, pediu: — Drew… me perdoa por tudo o que eu fiz. Por todas as escolhas erradas, pelas palavras amargas, pelos julgamentos precipitados… Ele levou a mão dela aos lábios e a beijou com carinho. — O passado já ficou onde deve estar: atrás de nós. O que importa é o que você está fazendo agora… a mulher que está escolhendo ser daqui em diante. Eu vejo mudança nos seus olhos, Maris. E isso é o que importa. Maris respirou fundo, vencida pela emoção, e fez mais um pedido: — Quando eu estiver na sua casa… você pode levar a mãe da Lana para me visitar? Eu queria poder olhar nos olhos dela, agradecer e pedir perdão pelas palavras desagradáveis que disse no passado. Eu não quero carregar esse peso comigo. Eu quero um recomeço… de verdade. Drew assentiu com um sorriso tranquilo. — Claro que sim. Você está tendo uma segunda chance na vida, e eu vejo que está aproveitando cada parte dela da melhor forma. Não há nada mais bonito do que reconhecer os erros e escolher ser melhor. Tenho certeza de que ela vai te ouvir e aceitar esse recomeço com o coração aberto. Ela fechou os olhos por um instante, deixando escorrer uma lágrima silenciosa, mas de paz — como quem, enfim, começa a se libertar dos grilhões do passado. Naquela mesma tarde, Brittany foi levada por Nice até o quarto onde a mãe seguia internada. Ao entrar, a jovem sorriu ao ver a mãe recostada, com a aparência mais serena do que nos últimos dias. — Mamãe… — disse suavemente, aproximando-se — fiquei sabendo que a senhora vai ter alta em uma semana. Que notícia boa! Maris assentiu, tentando conter a emoção que crescia no peito. — Sim, querida. Vou para a casa do seu pai… para a casa do Drew. Ele já está organizando tudo para me receber. Brittany e trocou um olhar cúmplice com Nice e, com um sorrisinho maroto, estendeu a mão esquerda, exibindo discretamente o dedo com um anel. — Pois então... eu também vou para lá. Mas acho que não vou ficar muito tempo, não. O Richard me pediu em casamento. Assim que eu sair do hospital, já quero começar a organizar tudo. Maris arregalou os olhos, visivelmente surpresa e emocionada. — Que notícia maravilhosa, minha filha…! É tão bom saber disso. Saber que você vai ser feliz. E melhor ainda, saber que está se recuperando com amor ao seu redor. Brittany sorriu, e seu olhar se suavizou com ternura. — E é bom saber que a senhora vai se recuperar também. Seus netos vão precisar da senhora forte e saudável para brincar com eles. A senhora viu como eles estão ficando cada dia mais lindos? — Meus netos são lindos demais — respondeu Maris, com os olhos marejados. — E eu prometo a você, minha filha… eu vou ser uma boa avó. Sei que não fui uma boa mãe, mas com eles... com eles eu vou aprender o que é amar de verdade. Brittany e segurou a mão dela com carinho. — Nós duas estamos aprendendo, mamãe. Eu já aprendi. A maternidade me transformou. E eu tenho certeza de que eles também vão transformar a senhora do jeitinho que transformaram a mim. Ela deu um beijo na testa da mãe e se afastou lentamente. — Eu não posso ficar muito tempo. Agora estou amamentando direto no peito. Nada mais de mamadeira. — Que bom, minha filha — disse Maris com um sorriso orgulhoso. — Vai com Deus. Obrigada por vir. — Amanhã eu volto, tá, mamãe? — disse Brittany já se virando para a porta. Ela olhou para Nice e sorriu: — Vamos, Nice? Nisse riu e respondeu com bom humor: — Vamos sim, senhorita noiva. Sua motorista de cadeira de rodas está pronta para a missão. As duas saíram do quarto, deixando para trás uma Marilyn com o coração mais leve do que há muito tempo.
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