####UMA ROSA PARA VOCÊ

1253 Words
Após o casamento civil Após as últimas fotos e abraços no cartório, todos seguiram para suas rotinas. Os pais de Lana e Patrick retornaram para casa emocionados com a união dos filhos. Harry, Louis, Patrícia e Nisse foram para o trabalho, ainda comentando animadamente sobre a cena do buquê repartido. Patrick, por sua vez, levou Lana de volta ao apartamento com todo o cuidado. No carro, ele segurava a mão dela com carinho, ainda com o sorriso de quem m*l acreditava no que acabara de viver. — Assim que eu terminar tudo no escritório, volto cedo para casa. Quero te levar para jantar fora, só nós dois, como marido e mulher — disse ele, fitando-a nos olhos antes de beijar-lhe a mão. — Estarei esperando, amor. — Lana respondeu com um sorriso doce. — E hoje quero usar aquele vestido que você gosta. Patrick sorriu, encantado. — É melhor eu me apressar no trabalho, então. Eles se despediram com um beijo na porta do apartamento. Reforma no apartamento Ainda pela manhã, a arquiteta chegou acompanhada por dois pintores e uma dupla de decoradores. Muito prática e decidida, ela entrou já dando ordens e analisando cada centímetro do espaço. — Quero todas essas paredes aqui do quarto com tom suave de areia, e esta outra parede com papel texturizado em linho bege. Preciso disso pronto até terça, sem atraso — avisou, determinada. — Os móveis chegam quarta de manhã. Ela andou pelo corredor e parou diante do closet imenso, que havia sido pouco utilizado até então. — Esse espaço pode ser muito melhor aproveitado — murmurou, chamando o encarregado da obra. — Vamos transformá-lo no quarto da babá. Quero um painel de correr discreto, que esconda a entrada. Nada chamativo, apenas funcional. O pintor assentiu com a cabeça e já começou a marcar os pontos no gesso. A arquiteta, eficiente como sempre, liberou o restante da equipe para buscar os materiais enquanto continuava supervisionando os detalhes. Lena continuava mostrando as fotos do casamento no celular, descrevendo cada momento com entusiasmo e um sorriso caloroso nos lábios. Brittany, em silêncio, observava cada imagem com os olhos marejados e o coração apertado. Em suas mãos, segurava delicadamente a rosa que Lena havia trazido do buquê de Lana. Depois de um tempo em silêncio, Brittany encarou a flor e murmurou, quase num sussurro: — Será que um dia eu vou encontrar alguém que realmente me respeite... que não me julgue pelos erros que cometi? Lena a olhou com doçura, mas com firmeza na voz e sabedoria nos olhos. — Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra, Brittany. Você errou, sim, mas você se arrependeu. E o mais importante: sua conduta hoje é outra. Isso, por si só, já é um recomeço. Ela se aproximou mais da amiga, sentando ao seu lado na poltrona do hospital, e continuou: — E tem mais… Se não aparecer um homem para você, isso não significa que sua vida está incompleta. Você não precisa de ninguém para validar quem você é. Você tem seus filhos, e isso já é um motivo enorme de orgulho e realização. Você tem uma profissão linda, uma carreira pela frente. Vai se realizar profissionalmente, vai se redescobrir, se reinventar. Fez uma pausa, tocando de leve na mão dela, como quem oferece âncora e força. — O que você precisava de um homem, biologicamente falando, você já teve: o sêmen para fecundar os seus óvulos. E olha só o resultado: dois filhos maravilhosos. Você já é uma mulher completa. E se algum dia aparecer alguém… ele vai ter que amar meus sobrinhos como se fossem dele. Porque se não amar, Brittany, ele não serve pra você. Lena respirou fundo, com convicção: — Então você não precisa se prender à ideia de “ser escolhida”. Você precisa se prender, isso sim, a amar os seus filhos e, acima de tudo, a se amar primeiro. O amor-próprio é a base de tudo. Só depois disso, se vier alguém, será bônus. Mas você já é suficiente. Brittany, emocionada, deixou uma lágrima escorrer, apertando de leve a rosa contra o peito. Brittany permaneceu em silêncio após ouvir os conselhos de Lena. Observava a rosa nas mãos, sentindo o perfume suave misturado à doçura das palavras que ainda ecoavam em sua mente. Refletia. Como uma jovem tão nova, aparentemente sem grandes experiências da vida, podia falar com tanta sabedoria e firmeza? Aquilo a comoveu. Era ali que ela compreendia, com o coração, o que significava ter uma base familiar sólida. Era aquilo que fazia diferença. E era aquilo que ela queria construir para os seus filhos. Com os olhos marejados, ela pensava: "Eu serei o porto seguro dos meus filhos. Serei mãe, pai, proteção e abrigo. Sim, eu errei. Mas agora, eu sou outra mulher. E eles, meus filhos, são minha razão de existir. Eu não vou omitir quem é o pai deles. Não pelo escândalo, não por vingança — mas porque é o justo a se fazer." Ela respirou fundo, decidida. "Ele tem o direito de saber que, daquela loucura que vivemos, nasceram duas vidas inocentes. Eu não vou obrigá-lo a reconhecê-los, não vou exigir pensão nem presença. Mas ele precisa saber. Porque ninguém conhece o amanhã. E se um dia essas crianças precisarem de uma transfusão, de um histórico genético, de socorro... eles vão precisar saber quem é o pai, quem são seus meios-irmãos. Eles não podem ser sombras do passado. Eles são vidas. E merecem ser reconhecidos, mesmo que só no silêncio da verdade." Dias depois, Richard soube do nascimento dos gêmeos. Soube que Brittany havia dado à luz. E, levado por um misto de dever, culpa e sensibilidade que há muito não permitia emergir, ele foi até o hospital. Entrou no quarto discretamente. Brittany estava com os bebês em seus braços. Ao vê-lo, seu coração acelerou, mas ela manteve a calma. Richard, com os olhos fixos nos pequenos, disse com voz contida: — Eu... Eu fui irresponsável. Tanto quanto você. Talvez mais, porque tenho muito mais idade. Eu era casado... e você, noiva. A verdade é que nós dois agimos por impulso, por desejo, sem pensar nas consequências. Mas... agora elas estão aqui. As consequências têm nome, têm rosto... e dormem nos seus braços. Ela olhou para ele, surpresa com a sinceridade. — Eu agradeço por sua coragem em me procurar, em me contar. Que bom que teve maturidade. E sim... — ele se aproximou, com lágrimas contidas — sim, eu vou reconhecer. Vou assumir a paternidade das crianças. Se você fez o exame de DNA e sabe que não são do Patrick, então são meus. E eu não fujo da minha responsabilidade. Fez uma pausa, então continuou com serenidade: — Com tudo que aconteceu, meu casamento já estava falido. Ela pediu o divórcio, eu aceitei. E hoje estamos melhor separados do que quando dividimos o mesmo teto. Meus filhos me perdoaram. Minha ex-esposa também. E eu desejo que ela seja feliz. A gente tentou, mas não deu certo. E tá tudo bem. Ele então olhou firme nos olhos de Brittany. — Eu te peço perdão pelas p************s que te disse naquele dia. Nós dois erramos. Mas agora... temos que ser adultos. Responsáveis. Essas crianças têm uma mãe... e têm um pai. E eu estarei presente. Eles serão reconhecidos como merecem. Brittany, emocionada, apenas assentiu com a cabeça, sem conseguir dizer nada. Uma lágrima escorreu silenciosa. Pela primeira vez em muito tempo, ela se sentiu vista. E, mais ainda... sentiu que os filhos estavam seguros
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