Descoberta

1107 Words
A mãe de Patrick respirou fundo e olhou para o filho com doçura e firmeza: — Meu filho, pense com carinho no que você quer para a sua vida. Casamento é coisa séria. E a Cindy... bem, ela não é mais a mesma desde que ficou noiva. Está cada vez mais soberba, intolerante. E isso me preocupa. Patrick assentiu, cansado. — Eu vou pensar, mãe. De verdade. Foi então que a irmã de Harry, que até ali estava quieta, se inclinou curiosa sobre a mesa, com os olhos brilhando. — E como é o nome dessas moças? Lois foi o primeiro a responder, dando de ombros: — A que trabalha na recepção é a Elana. O nome da irmã dela... não sei, não. Só sei que ela é filha do Francisco. O pai de Patrick, que até então observava tudo em silêncio, ergueu uma sobrancelha. — Francisco? Aquele Francisco? Funcionário antigo nosso? Lois assentiu. — Esse mesmo. O homem sorriu com um ar nostálgico. — Francisco praticamente viu vocês crescerem. Veio do Brasil com um amigo nosso, empresário também. Esse amigo acabou voltando anos depois para o Brasil, pra administrar a empresa de lá. Francisco preferiu ficar e aceitou trabalhar como porteiro. Desde então, está conosco. Sempre foi correto, educado. Sei que tem duas filhas. A esposa dele faz bolos, salgados... Teresa, não é? A mãe de Patrick confirmou com um aceno: — Isso. Teresa. Uma querida. A irmã de Harry inclinou-se ainda mais, animada. — E a Lana? Ela cursa faculdade? — Cursa — respondeu o pai de Patrick. — Ou melhor, já se formou em Administração, está só cumprindo o estágio agora. As duas são estudiosas. A jovem deu uma risadinha de reconhecimento. — A Lana... a irmã da Lena? Lois coçou a cabeça. — Gente, não sei o nome da irmã dela. Só sei que o pai delas é Francisco e a mãe é Teresa. A irmã de Harry abriu um sorriso largo: — Eu conheço! Elas estudam na mesma faculdade que eu. A Lana já se formou em Economia, com ênfase em Logística. Mas a Lena ainda está na minha sala. Estuda Administração comigo. São duas pessoas maravilhosas, educadas, esforçadas, discretas... e lindas, mãe. Lindas. Sabe aquele tipo de beleza brasileira autêntica? Só que nascidas aqui, americanas, mas com sangue brasileiro. Elas têm aquele charme natural, sabe? Harry arregalou os olhos e arqueou as sobrancelhas, interessado. — É mesmo? Que interessante... Patrick revirou os olhos e murmurou, quase sem querer: — Ai, meu Deus... lá vem vocês dois. A mãe dele o olhou com reprovação divertida. — Não reclama, Patrick. Depois da Cindy, qualquer moça que traga paz já é um avanço, viu? Todo mundo riu, menos Patrick, que estava pensativo, com o olhar perdido no fundo da taça de vinho. A imagem do sorriso tímido de Lana insistia em voltar à sua mente, como um sinal suave de que algo começava a mudar Patrícia ajeitou-se na cadeira, visivelmente animada com o rumo da conversa. — Mãe... vocês sabem o Bob, né? Filho do Hendrick. Aquele quarterback bonitão que acha que o mundo gira em torno do tanquinho dele? — Aquele metido? — resmungou Lois. — Acha que é o Brad Pitt da nova geração. — Esse mesmo — confirmou Patrícia, revirando os olhos. — Pois não é que ele tentou dar em cima da Lena? — Da irmã da Elana? — perguntou Harry, inclinando-se curioso. — Sim, a própria. E vocês não imaginam o que ela fez. Ele ficou rodeando, todo cheio de si, achando que ela ia cair nos encantos dele... aí, ela virou pra ele e disse: “Desculpa, querido, não tenho tempo pra essas suas diversões. Vai lá com as meninas que gostam de jogar autoestima fora, porque eu tenho coisa melhor pra fazer: estudar.” A mesa caiu na gargalhada. — Não acredito — murmurou a mãe de Patrick, rindo. — Ela disse isso? — E mais! — continuou Patrícia, cheia de entusiasmo. — Quando ele tentou dar uma humilhada nela, pra não sair por baixo, sabe o que ela fez? Colocou ele no lugar com uma elegância cortante. Disse assim: “Eu não vou perder meu tempo nem minha beleza com alguém insignificante como você. Não é seu carro de luxo nem seu sobrenome que vão me fazer rastejar. Eu sou linda, maravilhosa e gostosa, e sei disso. E o melhor: não preciso provar nada pra ninguém. Agora, sai do meu caminho ou vai conhecer a lei.” — Caramba... — murmurou Henry, visivelmente impressionado. — Essa Lena... — É de tirar o chapéu — completou Patrícia. — E sabe por que o Bob está atrás dela? Não é só pela beleza. É porque na faculdade todo mundo sabe que as duas — a Elana e a Lena — são virgens. Silêncio por alguns segundos. — Virgens? — repetiu Patrick, franzindo o cenho, surpreso. — Sim. Mas não por falta de oportunidade, viu? — disse Patrícia. — É por escolha. Elas dizem que não seguem modinhas, que não se moldam pra agradar ninguém, e que não têm tempo pra essas “sutilezas”. Elas são virgens por opção. Têm personalidade, integridade, e uma confiança que assusta. Eu admiro muito aquelas duas. Patrick ficou em silêncio, os olhos levemente semicerrados, como se estivesse assimilando tudo. A imagem que tinha das meninas ganhava contornos muito mais fortes e envolventes. Havia algo ali que ele não conseguia ignorar. Henry também não disfarçou o interesse. — E como é a Lena? Quer dizer... fisicamente? Patrícia sorriu, como se já estivesse esperando a pergunta. — Tem quase um metro e oitenta. Cabelo castanho claro, liso, enorme, vai até a cintura. Olhos verdes, pele morena clara. Ela deve usar... sei lá, um tamanho 12 ou 14 aqui nos EUA. Corpo escultural, com curvas de dar inveja a qualquer modelo de i********:. Coxas grossas, cintura fina, s***s fartos, bumbum alto... e aquele rosto, gente... parece uma boneca de porcelana. Sabe aquele tipo de mulher que entra num lugar e muda a energia do ambiente? É ela. Lois, que já estava com o queixo apoiado na mão, soltou um suspiro: — Alguém me abana. Harry gargalhou. — Essa garota vai acabar com o sossego de vocês dois. Patrick não disse nada. Apenas pegou o copo, girou o vinho devagar e murmurou: — Pode ser... mas talvez ela seja exatamente o que eu preciso pra encontrar paz. A mãe dele lançou um olhar significativo, mas não disse nada. Pela primeira vez em muito tempo, viu nos olhos do filho algo diferente. Algo que nem a Cindy, com todo seu brilho superficial, jamais conseguiu despertar: respeito.
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